09.

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Através da janela do seu quarto, Evelyn, observava uma neve prematura a fins da manhã de Domingo. Cobrindo tudo com o seu manto, desde o solo frio até ao cimo das árvores nuas. "A nevar? Já?", Estranhou Evelyn, por ainda o tempo ir a meios de Novembro. Tal cenário só costumava dar-se a inícios de Dezembro. Entre toda a paisagem branca, reparou num ponto negro. "Aquele blusão de cabedal..." sussurrou Evelyn. Pegou de raspão seu casaco e foi entusiasmada até ao exterior.

"Daqui a... Menos de um mês, eu quero estar a namorar com ele". Recordava Evelyn, as palavras torturantes de Ava - Vamos lá - Murmurou chamando Ashton

Este por sua vez foi apanhado de surpresa e caiu bastante torto do Skate, por onde desafiava a gravidade. Evelyn levou as mãos à boca num ato de paralisação, ao ver o Americano de corpo estendido no chão, por sua causa.

- Evelyn - Disse ele, erguendo-se numa posição semi-sentada, usando os cotovelos como apoio

- Ai desculpa! Desculpa Ashton! - Lamentava, enquanto o ajudava a levantar-se

- Não tem problema - Riu sem humor - Querias alguma coisa?

- Ahm - Os joelhos dele contratavam suas calças brancas, com um vermelho vivo a alastrar-se na ganga - Sangue! - Gritou Evelyn

- Está tudo bem, é só um aranhão - Disfarçou Ashton, gemendo para si próprio de dores. Mas o orgulho, não deixava que demonstrasse essa dor. Não a uma rapariga!

Levando a sua teimosia a melhor, Evelyn levou a melhor. Encaixou o braço de Ashton em seus ombros, e levou-o até à casa de banho. Levantou a bainha das calcas dele, ficando de queixo caído com o tamanho da ferida. Retirou rapidamente curativos dos primeiros socorros, passando-lhe com água-oxigenada no joelho para estancar o sangue. Então o menino forte e corajoso mostrou-se um verdadeiro bebé chorão

- Pára lá! Isso está a arder! - Queixava-se ele, enquanto Evelyn mordia os lábios para não rir

- Pára de te mexer assim não consigo! - Disse ela autoritária, tentando fazer com que ele parasse se espernear - Bolas, o sangue não está a parar. Será que temos álcool?

- Não! - Gritou ele já com os tiques nervosos dele - Eu estou ótimo - Procurou um penso e cobriu a ferida - Pronto!

- Mariquinhas - Sussurrou Evelyn, mas para seu azar, ele ouviu

Ashton encostou-a à parede. Entre a parede e o corpo dele, Evelyn não tinha nem como se mover. Ashton fazia questão de a pressionar com o olhar, e ela de o desviar.

- O que é que estás a fazer?

- E se eu agora... - Aproximou-se dos seus lábios, sentindo um enorme frio na barriga juntamente de inúmeros arrepios. Assim que Evelyn se ia deixar levar, ele afastou-se – Eu estava a brincar contigo. - Troçou ele, despertando os braços enquanto chocalhava o cabelo

- Pensava que tu ias... - "O que será quando contar tudo isto ao Noah", lembrava Evelyn, imaginando Ava mesmo ali, a observar os dois

- O quê? - "Beijar-te? Ia sim", pensou ele

- Nada! Idiota - Evelyn deu-lhe uma canelada, saindo do banheiro bastante perturbada

- AI! - Gemeu ele - Mas que raio? Não a percebo! Eu juro que não a percebo - Bufou a seco e deu uma cacetada no lavatório, aleijando-se de seguida

[...]

"Vai, tem de ser agora", decidia-se Evelyn, olhando para Ashton, mais uma vez nos seus exercícios corporais. Dirigiu-se a ele, mas recuou ao ver Kellee aproximar-se. Deixou-se ficar discreta, na esquina encostada à parede, a ouvir a conversa.

- Filho? Chegou! - Disse Kellee, entusiasmada

- Estás a gozar? - Ashton levantou-se do chão, com um intenso brilho no olhar - Meu deus! Já chegou! Já chegou! Já chegou! - Cantarolava ele - Onde está mãe? Onde está?

- O Ethan está lá fora com a caixa, vai lá buscar vá!

Dito. Feito! Ashton correu ao encontro de Ethan, e pegou no que tanto ansiava. Evelyn estranhou vê-lo com uma enorme caixa na mão assim que voltou para o interior. À medida que ele tentava abri-la sem ajuda de objetos cortantes, os músculos dos seus braços faziam-se salientar. "Mas o que é que se anda a passar comigo?", Interrogava-se Evelyn, sentindo calores súbitos. Aproximou-se de Ashton, assim que Kellee e seu pai saíram do caminho.

- Ashton?

- Diz - Respondeu Ashton, com uma certa indiferença. Estava demasiado concentrado com a enorme caixa

- Bem... É que... - Hesitou Evelyn - Ashton bem tu e a...

- Que saudades! - Tanto suspense para no final ser apenas uma Guitarra! - Estás a ver Evelyn? O grande amor da minha vida

- Uma guitarra?

Ashton pegou-lhe no pulso e sentou-a na ponta do sofá. Pôs a guitarra a seu peito e afinou as cordas... Olhou-a nos olhos e fez suar cada nota, como se vindas do próprio coração. Então para a deixar totalmente caída, cantou ao ritmo So Sick de Ne-yo. Como poderia ela esconder o seu rosto corado? A voz dele puxava-a cada vez mais, parecia uma sirene dos mares. Assobiante, tentadora... O vício. Mas despertou assim que Ashton pousou a guitarra.

- Gostaste? - Perguntou ele, modesto

- Tu tens uma voz linda Ashton! Excecional... Adorei... Já deves ter feito muitas serenatas na vida tu... - Comentou Evelyn

- Por acaso, apenas fiz uma vez. À irmã do meu melhor amigo - Confessou Ashton, baixando a cabeça

- Gostavas dela. Ou gostas - Presumiu Evelyn

- Eu? Nunca gostei de uma miúda, nunca mesmo! Apenas me divirto com elas. Tu sabes, umas curtes aqui, ali! - A vontade de Evelyn era arrancar-lhe os seus lindos cabelos, mas controlou-se - Estou a brincar. Mas provavelmente sim, foi dela quem mais gostei até ao momento. Mas não foi nada assim sério! E foi com ela que apanhei a minha primeira desilusão de amor, por isso é que não gosto de me envolver a sério com ninguém. Foi tão mau, que não me quero voltar a desiludir sabes?

- Então, o que procuras na Ava é diversão?

- Na Ava? Ela é boa rapariga, é gira, é querida... Mas - Foi interrompido

- Devias tentar algo com ela Ashton!

- Hã? Pensava que nem sequer me querias perto dela Evelyn... Mas, eu não penso que ela faça o meu estilo - Disse ele, deixando Evelyn sem saber o que responder. Mas lá prosseguiu

- Qual é o teu tipo? - Encarou-o

- O.. o meu tipo? - Gaguejou - Bem porquê tanta pergunta? Não é justo Evelyn - Resmungou ele

- Então, pergunta-me algo que querias saber!

Ashton olhou entre cantos, e ocorreu-lhe algo. Porém hesitou em perguntar. A curiosidade foi maior que as suas forças, e assim quis tirar as dúvidas.

- Gostas do Noah? Amas o Noah? - Mordeu os lábios, esperando uma resposta da parte dela

Num redopio repentino, Evelyn levantou-se do sofá e foi-se trancar no quarto. Ashton fletiu as mãos em estado de ignorância total. "Só tu me compreendes não é amor?" - Disse à guitarra.

[...]

Evelyn aproximou-se de Ashton, enquanto este punha a loiça sobre a mesa, preparando o Jantar. Olhou para ela, e manteve-se sério.

- Sim, eu amo o Noah. Sempre o amei. Apesar de ser como é, sei que faz o que faz por ciúmes. E porque não me quer com outro rapaz

- A que custo Evelyn? - Pousou brutalmente os pratos na mesa - Ele é um bruto! Amar alguém não é ter essa pessoa como garantida! É abrir mão dela... Amar alguém é deixar ir e esperar que volte caso haja sentimento! Amar alguém é... - Foi interrompido

- É o quê? O que é que sabes de amor? Tal como tu disseste nunca te apaixonas-te a sério. Para ti as raparigas não passam de pequenos brinquedos, és um mulherengo que não sabe o que quer

- Cala-te Evelyn! - Gritou-lhe - Estou farto! Farto. És masoquista está bem, mas não te admito que me fales assim quando sabes que tenho razão. Não me atires à cara que nunca amei ninguém muito menos que brinco com os sentimentos de alguém. Nunca o fiz percebes? - Disse-lhe à medida que lhe apontava o dedo - Talvez quem esteja a brincar aqui... Sejas tu. Tu e o Noah, que se casem! Merecem-se. Nunca mais na tua vida contes comigo. Nunca mais - Repetiu assentando o nunca

- O que se passa aqui? - Veio Kellee, ouvindo gritos da sala

- Nada! - Respondeu Ashton - Não janto, adeus. - Passou por elas de raspão, com o olhar carregado.


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evelyn | irwinOnde histórias criam vida. Descubra agora