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Toda aquela chuva perdurou-se até à manhã de Quinta. Abrindo os olhos com esforço, Ashton sentia-se fatigado. A sua cabeça ordenava mas o seu corpo queixava-se entre os cobertores. Tirando a mão do quente, Ashton ergueu-a até à testa. A febre chocou com o frio da sua palma. "Eu não acredito nisto", murmurou, pois o facto de no dia anterior ter chegado a casa encharcado, teria de trazer as suas consequências. Impondo o impossível a si próprio, Ashton levantou-se da cama. Cambaleou uns passos à frente, até que tropeçou nos seus joelhos tremulosos. O que lhe valeu foi o bengaleiro. As suas pálpebras tremiam, e cada expiração deixava sempre escapar gemidos pesados. Sacudiu a cabeça e com as costas da mão direita, limpou um suor repentino pelo lábio superior. Saiu do quarto tentando reter o mau estar... Mas já nem o peso da cabeça conseguia suportar.

- Estás bem? - Perguntou Evelyn, diante dele

- Estou - Respondeu seco, recaindo as mãos até aos joelhos, tendo de ser encostar à parede

- Ashton! - Alarmou ela, tentando endireitá-lo

- Deixa-me, eu estou bem - Disse rude, achando o ar cada vez mais condensado - Isto é sono, ou fome... - Assegurou

Evelyn abanou a cabeça, confusa, enquanto o via deslocar-se até à casa de banho.

[...]

Teimoso, Ashton insistiu em ir para o Colégio, mesmo quando Kellee lhe disse para ficar em casa dada a febre alta com que estava. Atravessou os portões, indo direito para os corredores. Sentia-se cada vez pior. Deixava de ver com nitidez a cada passo. Inclinou a cabeça para cima, ofuscando-se com a luz quente e abafada dos candeeiros corridos. As vozes que ouvia passaram a ecos incómodos a escorrer-lhe pela mente. Voltou-lhe aquele suor repentino, um calor imenso que o possuía. Pestanejou melancolicamente... Entre anónimos distorcidos. O ar entrava-lhe nos pulmões com um ruído ligeiro e ventilante... Ali desmaiou, no centro dos alunos que o rodeavam preocupados com o seu estado... Porém antes de se deixar cair pelo escuro, viu o rosto de Evelyn. Um rosto enigmático entre olhares e sussurros curiosos.

[...]

Ashton recuperou lentamente os sentidos. Uma mãosuave deslizava-lhe sobre o rosto.

- Evelyn? - Murmurou, desencontrando a cara da mãodela

- Desmaiaste de manhã - Informou ela - Mas eu justifiqueias tuas faltas. Disse que estavas aqui, na enformaria... Com febre

- De manhã? Mas que horas são? - Duvidou Ashton dotempo, em que esteve inconsciente

- Bem, acordaste a tempo do almoço pelo menos... -Sorriu-lhe Evelyn

- Boa - Disse ele, em modo de desprezo. Sentou-sena beira da maca, conferindo se estava realmente melhor

- Estúpido, nem agradeces? - Disparou ela,indignada

- Agradecer o quê? Se fiquei doente bem possoagradecer a ti - Reagiu ele, fungando o nariz... Pelos vistos não estava assimtão recuperado

- Estás a culpar-me do quê exatamente? - Inquiriuela, pondo-se na frente dele, para que não lhe virasse costas simplesmente

- A culpar-te de seres uma desmiolada que não sabeo que quer

- Eu é que não sei o que quero? Andas a namorar a Avae não me disseste - Gritou-lhe ela, perdendo o controlo - Mas fico feliz porvocês... Aliás, fizeste mais que bem!

Ashton ficou a olhá-la bastante confuso. Uma curtevá que não vá. Um namoro?

- De que estás a falar miúda? Eu não namoro com a Ava,não namoro com ninguém! Foca-te!- Disse ele, pegando na sua mala para se irembora

- Não? Mas ela... - Raciocinou, apercebendo-se dagrande mentira - Sou tão estúpida - "...telefoneiao Ashton para dar ao meu namorado os bons dias" dizia Ava

- Lamento, mas não tenho como discordar - RespondeuAshton, ironizando a situação... Mesmo que não estivesse a apanhar uma ponta doque Evelyn falava

- Estúpido - Ofendeu-o, atirando-lhe a mala para ochão

- Tu és maluca - Reagiu ele - Tu andas a brincarcom a minha cara Evelyn mas eu digo-te que... - Antes que pudesse prosseguir, Evelynbeijou-o - Pára! - Afastou-a

Ela, por sua vez, riu-se... Voltando a puxá-lo parasi. A resistência de Ashton, não durou até este lhe chegar com as mãos àspernas desnudadas pela minissaia componente do Uniforme. Quanto mais elenegava, mais se envolviam. Não se responsabilizando pelos seus instintos, Ashtonpegou-lhe nas coxas, colocando-as em volto da sua cintura enquanto se dirigia àparede. Evelyn sabia que a única forma de poder estar com ele, seria emmomentos cegos tais como o decorrente. Morta de prazer, Evelyn deixou-oentreter-se até ao seu peito.

- O que estão a fazer? - Ashton afastou-se de Evelyn,aterrando-a instantaneamente no chão

Ela levava o antebraço à boca, Ashton coravaenquanto alisava as calças e camisa. Não aguentando a vergonha, Evelyn foi-se embora...Nem conseguiu olhar Oliver nos olhos. Já Ashton ficou-se a rir.

- Vinha ver... Bem eu vinha ver se estavas bem,assim que soube do que te... - Pausou - Vocês andam metidos um com outro? -Perguntou Oliver, com a máxima frontalidade

- Isso é uma expressão feia - Troçou Ashton - Eu éque a beijei de surpresa - Mentiu

- Mas... - Oliver não sabia de facto o que dizer -Tipo, ela anda com o Noah e tu sabes...

- Oh, estás-me a ver preocupado com isso? -Inquiriu Ashton, encolhendo os ombros

- Estás maluco? - Reagiu Oliver - Ele se descobrefaz-te a folha! E aviso-te de uma coisa, ele já anda de olho em ti.

- Então, diz ao teu amigo que também ando de olhonele - Foi-se embora por fim, deixando Oliver numa situação problemática...

[...]

Achando Evelyn demasiado calada, Lauren achou porbem dar uma palavra à amiga, afastando-se do seu grupo com ela.

- O que se passa? - Perguntou a cheerleader

- Beijei o Ashton, outra vez - Suspirou Evelyn,sentindo a amargura do arrependimento cravada na garganta - E o Oliver viu. Elevai contar ao Noah, Lauren, ele vai-lhe contar eu sei que vai - Agarrou-se àamiga, não conseguindo conter a aflição conjugada em lágrimas

- Tenha calma - Agarrou o queixo de Evelyn - Vocêsó está com o Noah por medo... Deixe-o! Acredite em mim, é o melhor que vocêtem a fazer... Ele não vai mudar

- Não é por medo! É amor

- Medo! - Insistiu Lauren, elevando o tom de voz -Você tem medo dele! - Encarou-a nos olhos - Mas Eve, você tem-me a mim, tem o Ashton!Ele gosta de si eu sei que gosta.

- Não gosta - Afirmou Evelyn - Sou-lhe mais umadiversão! Imagina que deixo o Noah... Ia ficar com o Ashton? Ele iriaabandonar-me ao primeiro rabo de saias

Lauren gostava de não dar razão a Evelyn, mas nofundo encontrava-lhe um fundo de verdade. Ashton era um mulherengo nato.Impossível saber qual a sua próxima vítima a quem dar o golpe de misericórdia.Parecia enfeitiçar o campo feminino apenas com um sorriso, um olhar, um simplestoque. Claro que Evelyn se via encurralada entre a ilusão e a realidade.

- Olhe, por falar no diabo aparece-lhe o rabo -Citou Lauren, ao ver o Americano dirigir-se às duas. Mais uma vez, arrastandoolhares o sexo oposto atrás de si. Se o pudessem comer já ali, fá-lo-iam semsombra de dúvidas.

[...]

Estava a acabar de tirar o seu caderno e os lápisda mochila, quando o professor Martin parou de repente junto da sua carteira.

- Não! Ainda não tenho os trabalhos de casa -Antecipou-se Ashton

- Que apressado você Irwin - Replicou Martin - Sólhe vinha perguntar se está melhor... Sentiu-se mal não foi? - Perguntou, comum sorriso estampado no rosto. Um tanto arrepiante.

- Estou ótimo - Disse Ashton, revirando os olhos...Já não podia com o professor

A verdade é que a sua disposição também nãoajudava. Lauren acabou a não contar a Ashton o que Noah lhe fez em tempos,assim que o Americano voltou a insistir com o assunto antes da aula. Mas tentounão pensar mais no assunto, recusando-se a não perder a paciência... Olhoudiscretamente para trás até que deu com uma cabeça linda de cabelos negroscaídos sobre um esverdeado profundo, conduzido por ondulações perfeitas.Aqueles lábios carnudos e rosados, de fazer Ashton ir aos céus e voltar... "Evelyn" suspirou ele, afundando-se nascostas da cadeira.

[...]

Evelyn chegou a casa estafada. Atirou a malaalgures pela sala, enterrando-se no tecido cor de cereja do sofá.

- Pai? - Gritou - Kellee? - Nenhum dos dois veio-oao seu encontro - Oh, ainda não devem ter chegado do trabalho. E que será que oAshton ficou a fazer no Colégio? O estúpido nem me quis dizer... Melhor!Ignorou-me... Aquela Ava também não saiu de cima dele, nem por um segundo. Enfim,que sejam felizes. Os dois. Juntos. Para sempre - Desabafou às paredes - Mascalma, isso quer dizer que tenho a casa por minha conta - Divagou ela emsegundas ideias.
Vendo a porta do quarto de Ashton semiaberta, nãoresistiu em dar uma espreitadela. Ainda receosa, certificou-se que estavarealmente sozinha. Visto que sim, saltitou de entusiasmo. A luz que escova dajanela incidia diretamente na guitarra de Ashton, cuidadosamente encostada aocanto da parede.

- Como é que ele faz isto mesmo? - Interrogou-se,enquanto pousava o instrumento ao colo - Dó, ré, mi? - Dedilhou na ignorância -Porra que difícil - Suspirou, até que sentiu algo duro debaixo da cama, ondeestava sentada - Mas que...

Colocou a mão por debaixo dos lençóis feitos,tocando em algo duro. A princípio assustou-se, mas foi lá uma segunda vez,agarrando o objeto com firmeza. "O que éisto?", Murmurou tendo em mãos um bloco preto. À medida que o desfolhava,apenas encontrava letras de canções compostas por ele. Até que chegou a umapágina, que lhe despertou interesse.

- One LessLonely Girl? - "O Ashton? De umamiúda só?", Riu-se "Isso é de fazermorrer um morto"

Leu a letra até ao mais ínfimo pormenor. Pormomentos, Evelyn fechou os olhos, deixando-se levar pela imaginação. Começou aouvir no silencio, a voz doce de Ashton a dar vida a cada letra.Interiorizou-se com tal intensidade, que nem se apercebeu do abrir e fechar daporta principal. Apenas se apercebeu da presença de alguém, assim que ouviupassos. Sem tempo para pensar, Evelyn deixou o livro cair desamparado no chãoescondendo-se dentro do guarda-roupa.

Ao entrar no quarto, Ashton calcou algo. O seubloco! Franziu a sobrancelha, gritando logo por Evelyn. Mas nada. Presumiu queestava sozinho, e que possivelmente tinha sido sua mãe a deixar-lhe cair ocaderno enquanto lhe fazia a cama.

- Porra - Exclamou ele, saltando para cima da cama- Estou morto morto morto morto! E um banho vinha a calhar... - Disse,cheirando-se a si próprio. "Primeirotreino, e já estou assim... Se calhar fiz mal em ter aceitado ter entrado paraa equipa", pensou

Assim que Evelyn o viu abrir a braguilha dascalças, começou a desfalecer. "E agora?",Perguntou-se aflita, tentando ignorar o facto de ele se estar a despir mesmodebaixo do seu nariz. Começou a sentir tonta só de pensar no que estava prestesa ver. Livrou-se dessa sensação o melhor que pôde, e sim aproveitar o que sóestava habituada a presenciar em fantasias. Assim que as calças dele caíram nochão, Evelyn conteve um breve guincho. Ashton levantou uma perna de cada vez,para se livrar daquelas calças justas e vermelhas agarradas ao seu suor,revelando os seus boxers nadadiscretos de tons acinzentados. Para cúmulo de Evelyn ele não de deixou ficarpor ali... Aproximou-se da porta do guarda-roupa, coberta por um longo espelho.Evelyn suspendeu a respiração ofegante, para que ele não desse sinal da suapresença. Porém ouviu algo. Ashton olhou em redor desconfiado... Sorriu ao deleve, e continuou a desapertar a gravata do maldito uniforme. Ao ver taisdimensões, Evelyn fervilhou. Assim que Ashton pegou a toalha de banho e seguiupara a casa de banho, esta aproveitou para ir embora num par de segundos.


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evelyn | irwinOnde histórias criam vida. Descubra agora