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Chegados de lodos opostos, Ashton e Evelyn fundiram vistas ao chegar a casa. Ele sorriu. Ela sorriu. Ele chutou o chão, ela encarou o céu. Ele e ela. Os dois ali frente a frente...como se fosse a primeira vez que os seus caminhos se cruzavam. Ela tímida. Ele perdido em seus pensamentos... Matutando no porquê do que sentia. No porquê de ela, logo ela, a fazer-lhe o coração palpitar boca fora como se o músculo tivesse vontade própria. Vontade essa de a querer fazer sentir-se importante. Valorizada. Respeitada. De quere-la fazer sentir-se no auge da felicidade, e impedir tudo e todos de lhe roubar essa sensação. A Evelyn era a sua menina, a sua preocupação... Não uma rapariga mas sim A rapariga que lhe entrou na vida, para o fazer rezar que jamais saia dela. Pois bem, o que mais havia para esconder? Havia sentimento, e ambos pretendiam vive-lo.

- Vais ficar aí a olhar para mim? Ou entrar? - Perguntou Ashton, com um ar de gozo a perpassar-lhe o rosto

- E se não me apetecer entrar? - Retorquiu Evelyn, entrelaçando as mãos atrás das costas enquanto traçava a seco um risco no chão

- Então pronto, até amanhã - Despediu-se Ashton indo a correr para o interior

Fechou a porta na cara de Evelyn. A expressão indignada da rapariga foi substituída por um riso incontrolável.

- Olá! - Saudou Ashton, ironicamente enquanto se debruçava no parapeito da Janela do quarto de Evelyn - Não está frio aí fora?

- És tão parvalhão! Eu tenho chaves - Procurou-as entre os bolsos do casaco até que viu algo cintilante na posse dele - Como é que tu fazes isso?

- Sou Americano e isso basta - Riu-se voltando para dentro

- Ashton! - Gritou Evelyn - Ashton por amor de deus estou cheia de frio

- Qual é a senha? - Suou a voz dele do outro lado da porta, fechada a sete chaves

Evelyn voltou a rir-se, como se estivesse a ter um ataque de cócegas. Mas sem os dedos irritantes a calcarem-lhe o corpo.

- A senha? Mas eu não sei qual é a senha - Lamentou Evelyn, com pena de si mesma -... Sei que gosto de ti, muito mesmo. Isso chega-te?

- Hm - Ashton abriu a porta lentamente, com um delinear envergonhado entre os lábios - A senha era "Ashton tu és o rapaz mais lindo e sexy que eu alguma vez conheci" mas está bom, também aceito!

- Não será demasiado grande para uma senha? - Ripostou Evelyn - Mas tudo bem, aqui o génio és tu

- Bem! Só te deixo entrar se... - Inspirou as palavras - Me deres assim o teu melhor beijo - Saiu para o exterior, fechando a porta à medida que se encostava na mesma

No seu mais profundo ser, Evelyn sentia-se a levitar. Sim porque tudo lhe parecia surreal, estar ali com ele, sem dramas nem pressões. Sobre o manto negro que já cobria o céu... Evelyn pegou a mão do rapaz e levou-a até ao seu rosto. Fechou os olhos e deixou-se deliciar pelo toque áspero de Ashton. Ele por sua vez aproximou-se, esperando-a para dar o próximo passo. Claro que ela não resistiu em fazê-lo.

- Ashton? - Quebrou a meio beijo - Tu fechas-te a porta. E agora estamos cá fora... Viste se o meu pai ou a Kellee estavam em casa? - Inquiriu Evelyn

- Não! Não estavam... Mas calma, eu trouxe as chaves comigo espertinha... - Procurou e derrotado sentiu-se no dever de lhe dizer: Evelyn, afinal não passo de burro

- Boa! Agora ficamos cá fora... - Desesperou Evelyn, como se fosse algo do outro mundo

- Agora vamos almoçar fora - Debruçou-se para alcançar o dinheiro que mantinha guardado no interior das suas meias - Há aí um sítio fixe de se comer, vi-o quando voltei da casa do Oliver

- Tu tinhas dinheiro mas... Bem, é como tu dizes. És Americano e basta - Riu-se tímida - Mas eu não vou assim - Protestou Evelyn, que olhava para os seus trajes do Colégio

- Porque não? - Inquiriu Ashton

- Porque estou horrível e não aguento o frio com esta saia de vómitos...

- Mas eu também estou de Uniforme! O meu calor aquece-te... E baby, tu ficas perfeita de qualquer das formas - Elogiou ele, em tons de a convencer - Não me apaixonei por ti à toa...

- Estás apaixonado!? - Reagiu Evelyn, radiante, deixando-o um pouco assustado - Tu gostas de mim, mesmo gostar gostar?

- Bem, eu acho que sim... Quer dizer, já chorei baba e ranho à tua frente! Se isto não é paixão então foda-se ao amor! - Ironizou Ashton - Mas Evelyn! Posso-te perguntar algo bastante serio? - Encarou-a olhos nos olhos

- Pergunta! - Gaguejou, como se nunca tivesse olhado aqueles olhos profundos

- Quando é que me deixas ir jantar? Estou com fome! - Resmungou ele, arruinando o momento

[...]

Ashton olhou-lhe a face pálida, envolvida na sombra da noite. Que bela. Que serena. Os seus cabelos movidos por uma leve brisa de Inverno. Ashton observava Evelyn abstraída no seu eu, enquanto caminhavam de mãos dada pós Jantar. Apertava-lhas com bastante firmeza misturada de um medo irracional. Medo que de um momento para o outro se virasse e ela já não ali estivesse. Medo de abrir os olhos a uma realidade crua e muda. Evelyn sentiu seus dedos quase serem esmagados, enquanto ouvia aquela rouquidão segredar-lhe "Não te vás, nunca mais vás". Ela percorreu mentalmente a coisa certa a dizer... Mas e se meras palavras não chegassem? E se... E se nada fosse suficiente para mostrar a Ashton o quão bem ele lhe fazia? Pensamentos estes que a afligiam-na, pois tudo o que ela queria é que Ashton percebesse o quão significativo estava a ser o encontro. Se é que se podia chamar de encontro, o primeiro de muitos se deus assim o quisesse. Mais uma saída improvisada do que um encontro, mas que interessava mesmo? Era um momento a dois, embora muitos mais corações circulassem às luzes daquela noite. Mas a seus olhos, só havia eles dois. "Talvez não sejam precisas palavras", murmurou Evelyn, captando a atenção de Ashton.

- Disseste alguma coisa? - Perguntou ele na dúvida

Nada obteve senão um beijo. Um beijo inesperado. Diferente! Ashton sobressaltou-se não estando à espera de tal, o que agradou Evelyn. Fê-la pensar, ser a eletricidade do momento. Pela rua empedrada e paralela ao rio, balançavam os dois num silêncio sincronizado. Cada vez que as pernas se encostavam, cotovelos ou qualquer outra parte do corpo, cruzavam olhares tímidos quase telepáticos. Olhares capazes de exprimir o mais complexo sentimento... Mas como se poderia mesmo exprimir um sentimento? Dar-lhe definição? Como seria isso capaz? É algo tão livre, tão disperso... Tão bonito. Algo tão único não tem maneira de se ser explicado. Apenas se vive.

As correntes corriam serenas... Promessas foram feitas às águas, que as guardaram para nunca serem quebradas. Assim Ashton e Evelyn anunciaram aos peixes e rochedos, através de frases surdas, que estavam juntos e seria para continuar. O Americano dobrou-se e estendeu a mão até ao chão. Pescou uma pedra, e atirou-a ao rio... Fazendo-a chapinhar na superfície três vezes consecutivas.

- Foda-se - Evelyn deixou que o palavrão se soltasse assim como o seu mau jeito para atirar pedras

- O truque está no pulso amor - "Tratou-me por amor", divagou Evelyn, enquanto ele se colocava atrás dela

Pousou-lhe o braço em volto do pescoço enquanto balançava a mão dela com uma outra pedra. Quatro salpicos se sucederam. Evelyn guinchou de felicidade, como se tivesse ultrapassado o desafio da sua vida. Ele apenas se riu à medida que lhe chegava as mãos ao seu ventre liso. Evelyn inclinou a cara até à dele, mais um beijo entre os muitos dados.

- Diz-me, quantas namoradas é que já tiveste? - Perguntou ela de repente. Talvez o quisesse testar?

- Ui - Exclamou ele como se fosse uma lista delas interminável - Eu já te disse que namoradas não as tive, mas... Tu sabes, aventuras! Lembro-me muito de umas quantas, tal como a Rosie... Tão querida ela - Foi a resposta dele

- A Rosie? - Inquiriu ela, já a bufar entre dentes

- Sim! E as gémeas - Exclamou ele, entusiasmado por se ter lembrado delas - Bem, não eram gémeas mas tinham o mesmo nome! As Caroline's - Riu-se - Eu e o Chris divertimo-nos bastante com essas duas! Também me lembro da Diana, tão gira - Gargalhou sem dar conta do amuo de Evelyn - A Maisie... - Suspirou - A Bethany, Isla, Margaret! Tenho tantas saudades delas - Ouviu os dedos de Evelyn estalarem. Olhou para ela, apercebendo-se da zanga - São minhas amigas! São súper extrovertidas, um dia espero levar-te ao Denver... Para elas verem com os próprios olhos a miúda de quem lhes falo todos os dias! - Referia-se a Evelyn, claro.

- Esqueceste-te foi de referir a Ava nessa tua lista interminável - Exclamou Evelyn, sorrindo sarcástica

- Se me esqueci é porque não me marcou assim tanto, tal como tu pensas - Calou-a por completo - Mete nessa tua cabeça que estou a gostar mesmo de ti - Respingou Ashton

- Tu não me levantes a voz menino - Evelyn puxou-lhe os cabelos, como um bebé quando agarra o que lhe é desconhecido - Agora vamos para casa, está a ficar demasiado tarde... E escuro - Arrepiou-se

- Tens medo é? - Troçou Ashton - Enquanto estiveres do meu lado, não precisas de temer seja pelo que for

- Olha tu a armares-te em herói outra vez!

- Herói é quem muito bem faz, sem nada querer! E eu quero algo em demasia... - Exclamou ele - Quero-te a ti... E só a ti para mim - Beijou-a com vontade

[...]

Ashton e Evelyn, pela sombra dos balneários... Entregues à mais feroz das paixões, como dois fugitivos destinados a uma separação e a quererem aproveitar cada segundo e minuto. Os dois enfrentavam assim, mais um dia de semana sobre as barbas de Noah.

- Ashton? - Separaram lábios - A sério, eu queria mesmo ir já falar com o Noah

- O que é que combinámos ontem à noite? - Asseverou Ashton - Vamos fazer isto com calma! Eu não te quero ver mais com aquele brutamontes, mas também não te vou pôr em risco!

- Mas Ashton...

- Vá, não fiques assim! Sabes que é o melhor... Até lá tenho de pensar como é que também vou falar com a Ava - Disse Ashton, encolhendo os ombros de insatisfação

- Hm - Murmurou Evelyn - Deixa ela comigo!

- O quê?

- Sim, confias ou não em mim? Então deixa-me falar com ela! - Insistiu Evelyn

- Está... Bem então - Respondeu Ashton à quem da situação


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evelyn | irwinOnde histórias criam vida. Descubra agora