Mergulho

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Espero que apreciem a leitura. _______________________________________________________________________

Tinha tentando de todas as formas possíveis e impossíveis convencer Raquel de que não estava mais afim de ir a tal festa, mas como previsto, não tinha conseguido fugir do poder de persuasão da amiga. Tentou rastejar para o banho já calculando que iria enrolar ao máximo para decidir uma roupa, tudo tinha sido em vão, pois assim que saiu do banho se deparou com algumas roupas pré-selecionadas sobre sua cama.

- Vamos gata! Se apresse. – Lilly admirava a beleza da amiga, Raquel era aquele tipo de pessoa que ficava deslumbrante mesmo vestida com um saco de batata. – Você está pensando em me enrolar, mas sem chances garota.

- Certo Srta. Mandona. – Revirou os olhos sorrindo em seguida. – Queria dormir. – Resmungou.

- Foi o Ô para te acordar. E agora prefere dormir a ir a uma festa? O sonho deve ter sido bom mesmo – Arqueou a sobrancelha divertida. Raquel tinha uma sensação de que a amiga estava sempre a espera de alguma coisa ou talvez alguém, era comum encontrá-la próxima a janela tocado seu violino ou apenas apreciando o jardim. – Amanhã você vai com a gente para a praia?

- Óbvio que não, a Sra. Megera Carter já providenciou uma aula extra para variar. Sabe como ela é. – terminou de calçar sua sandália preta.

- Ela é praticamente uma carrasca, desde que as aulas tiveram início, ela deu o que? Meia dúzia de sábados livres? – Fingiu contar nos dedos.



(...)

A República do grupo de teatro ficava a dois quarteirões do Campus, e não tinha como negar que as festas organizadas por eles eram as melhores.

Haviam carros por toda extensão da rua, um gramado aparado cobria toda a frente da casa até alcançar a varanda que estava abarrotada de pessoas, Lilly duvidava que metade deles fosse do Campus.

Lilly acompanhava sua amiga que a guiou pela mão até o interior, a música alta preenchia o ambienta. Alguns jovens dançavam desajeitados, outros mantinham-se próximos as paredes com copos nas mãos conversando animadamente. As duas contornaram um pequeno corredor até alcançarem uma porta escancarada que antecedia a cozinha e levava ao porão.

Havia sido montado no porão um bar para as bebidas, mais ao fundo tinha um tapete grande e escuro com um sofá, alguns puffs grandes e cadeiras, todos devidamente ocupados. Ela pegou um copo de refrigerante que a outra lhe estendeu e voltaram pelas escadas movimentadas, retornaram à sala agora tomando o caminho oposto, saindo por uma porta dupla até a piscina, que assim como todos os cômodos daquela casa, estava cheia.

- Olha ele ali. – Raquel apontou para um rapaz que em sincronia com o movimento dela se virou revelando quase de imediato um amplo sorriso, e seguindo até elas.

- Pensei que não viriam. – Lilly não escutou, contundo conseguiu ler em seus lábios, enquanto o observava passar com uma facilidade incrível por entre as pessoas e logo parando junto delas.

- Lilly este é Roland Sparks – Raquel o apresentou colocando a mão sobre o ombro largo dele. – Ele é o cara responsável por tudo isso – Sinalizou com a mão livre.

- Prazer Roland. – Lilly estendeu a mão educadamente. Era curioso o quanto a mão da amiga parecia minúscula repousando sobre o ombro dele.

Roland possuía olhos escuros e pele negra. Os músculos de seus braços eram contornados pela camiseta levemente justa, seus dreds parcialmente presos caindo pelo ombro, tudo acompanhado de um sorriso encantador. Era realmente um homem atraente e parecia ser muito simpático. Lilly percebeu sem jeito, que ainda segurava a mão dele em um aperto firme, e sem graça liberou a mão do rapaz.

- Esse cara aqui, é um expert em festas. – Continuou Raquel parecendo não notar que a amiga havia ficado sem graça por alguns instantes.

- Não precisa exagerar. – Resmungou ele ainda sorrindo, parecendo impressionado com Lilly ou talvez com outra coisa, ela não conseguia saber realmente o motivo. – Espero que curtam a festa e precisando de alguma coisa, é só me avisarem, ok? Ambas sinalizaram positivamente com a cabeça enquanto ele seguia em direção a sala.

- Eu estou afim de dançar, você vem?

- Talvez mais tarde, mas não precisa se preocupar comigo. Vai se divertir.

- Beleza, daqui a pouco eu volto. – Raquel que já estava seguindo para a sala meio saltitando, se voltou para a outra e gritou – Se arrumar um gato, me avisa.

Lilly sentiu-se corar de imediato, alguns que estavam mais próximo delas riram enquanto ela revirou os olhos contrariada. Odiava essa mania doida que a outra tinha de gritar coisas desconcertantes e sair como se nada tivesse acontecido, era praticamente um hábito, um péssimo por sinal.

Fazia algum tempo que Raquel tinha se afastado, mas era possível ver sua cabeleira cacheada se movimentando na multidão.

O copo que Lilly mantinha nas mãos já estava além da metade e a bebida já estava quente, e a beira da piscina estava começando a ficar cheia, a fazendo constatar que seria o momento oportuno para pegar outro refrigerante e quem sabe se juntar a sua amiga.

Assim que ameaçou dar o primeiro passo ouviu uma algazarra se formando atrás de si, percebendo que se tratava de um grupo de garotos que carregavam outro sobre as cabeças de maneira desajeitada, enquanto gritavam qualquer coisa que não importava, o fato, era que estavam muito próximos dela.

"Era o que faltava", resmungou mentalmente tentando se afastar e acabou tropeçando em algo ou alguém, no entanto, sentiu-se caindo em direção a piscina, e fechou os olhos com força se preparando para o mergulho forçado.


Libertação (Cameron Briel - Fallen)Onde histórias criam vida. Descubra agora