Não se meta

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Caminhar a noite era agradável, mas aquela em especial não seria apreciada devidamente pois tinha outras coisas em mente. Seus passos eram firmes e compassados, tinha pressa de chegar a seu destino, podia não ser nada além do que imaginado, porém, não queria arriscar. Dobrou a esquina avistando-o parado na calçada. Ele mantinha o olhar perdido em algum ponto, talvez estivesse imaginado se seria adequado o que fariam, mas não tinham que se envolver, apenas observar.

-Eles já foram? – Roland não parecia surpreso com sua chegada tanto que nem virou o rosto para fita-la.

-Já sim, então, sugiro que nos apressemos. – Enfiou as mãos no bolso da calça. – A Lilly vai me matar se descobrir.

-Você não imagina o que o Cam faria. – Sorriu de canto virando o rosto para apreciar a beleza negra de cachos dourados a seu lado. – Então vamos. – Raquel sorriu em resposta.

(...)

Raquel gostava de festas assim como Roland gostava de organizá-las, contudo, estavam ali apenas como observadores, era chato não poder aproveitar um bom show como aquele, mas tinha pelo menos o consolo de poder ouvi-los. Ergueu o olhar até alcançar o andar superior onde podia ver sua amiga animada, envolvida pelos braços de Cam e naquele momento teve certeza, Lilly estava apaixonada.

- Já que ficaremos de babás, vamos pelo menos tomar algo. - Roland estava a seu lado bebericando um drink colorido e lhe estendeu um copo com o mesmo conteúdo.

- Eu só queria ver se tudo daria certo. Eu não confio nele. – Sinalizou o casal com o olhar estreito.

- Cam não faria nada para machucá-la. – Finalizou Roland simplesmente.

Não tinha calculado o tempo decorrido desde que virá Lilly se afastando e Cam a seguindo. Roland estava calado mas parecia ter notado o mesmo, pois foi preciso somente que se entreolhassem por poucos segundos para se entenderem.

Raquel constatou que não tinham saído, considerando que ela e Roland estavam próximos a saída e de onde estavam tinham uma boa vista do bar e por eliminação o banheiro seria a última opção, e foi para lá que seguiram. Como esperado não os encontraram nos banheiros, porém ouviram sons de briga vindo detrás da saída de incêndio.

Roland empurrou a porta cautelosamente, com uma Raquel apreensiva ao seu lado para se depararam com o cenário de terror com 2 dois homens inconscientes e ensanguentados no chão, uma Lilly paralisada em um canto e um Cam com as mãos sujas de sangue do lado oposto.

-Lilly. – Raquel gritou quebrando o olhar que o casal sustentava até aquele momento. Sua amiga parecia confusa e assustada, então ela correu para junto dela envolvendo-a carinhosamente em seus braços. – O que ele te fez? – Seu tom saiu mais alto do que gostaria, pois, os olhos de Cam seguiram para si de maneira assustadora, tão perfurante quanto o olhar que sua amiga lhe lançou. O que tinha dito de errado?

-Ele não...- Lilly começou a falar, mas se calou quando percebeu Cam se erguer abruptamente seguindo velozmente até a porta, ele resmungou algo próximo de Roland e irrompeu para o interior da boate sem olhar para trás. Lilly tentou se erguer, mas suas pernas pareciam não obedecer.- Cam - Murmurou antes de começar a chorar copiosamente sob o olhar espantando de Raquel.

Constatou que tinha sido realmente precipitada, mas Cam tinha uma reputação que o precedia e não poderiam culpa-la por isso, no entanto, deveria ter perguntado e não o acusado daquela maneira. Sua amiga soluçando em seus braços reforçava que tinha errado, mas agora não tinha muito o que fazer. Ergueu os olhos suplicantes a Roland ainda parado próximo a porta entre aberta.

-Leve-a para casa, eu cuidarei de tudo isso aqui. – Caminhou até um dos homens tomando sua pulsação e realizou a mesma avaliação no outro. – Eles estão vivos. – Constatou.

(...)

Enfim sua amiga tinha dormido. Segundo os relatos de Lilly, aqueles homens a agarraram a força e Cam tinha chegado a tempo de impedir que fizessem algo pior, e como ela mesma tinha visto, ele acabou espancado os dois sujeitos. Certo, tinha realmente sido uma idiota em acusa-lo e para piorar, ele tinha simplesmente sumido. Sua amiga tinha tentado ligar para ele sem sucesso e Roland afirmou que Cam não tinha voltado.

Abriu a janela e sentiu a brisa fresca acariciar sua pele, a noite outrora linda parecia obscura devido aos acontecidos de mais cedo, estava arrependida por sua atitude equivocada e agora teria que ajudar sua amiga a lidar com as consequências disso.

- Droga! – Resmungou para si com pesar.

Se tivesse imaginado a desordem que causaria teria ficado em seu quarto.

Nos dias que se seguiram viu com o coração amargurado a tristeza mover sua amiga. Lilly parecia um zumbi, realizava seus afazeres de maneira mecânica e nos momentos livres ficava na janela tocando seu violino. Cam, tinha sumido desde o ocorrido daquela noite. Ela tentou encontra-lo, mas como Roland havia dito "Ele não é uma pessoa fácil de se achar", mas a verdade era que parecia impossível encontra-lo.

Raquel estava sentada no jardim e ergueu o rosto até alcançar a janela de seu quarto para ter um vislumbre do rosto abatido da amiga, Lilly estava perdidamente apaixonada e "ela" tinha ferrado com tudo.

Que amiga de merda ela era?

Libertação (Cameron Briel - Fallen)Onde histórias criam vida. Descubra agora