Sentindo a falta dele

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O céu já tomava o tom alaranjado dos fins de tarde, Lilly estava novamente sentada no parapeito interno da janela de seu quarto com seu violino repousando em seu colo, como vinha fazendo durante vários dias. Tinha deixado de contar por quantos vinha repetindo aquele ato.

Observar o céu enquanto tocava lhe trazia um pouco de conforto, às vezes, conseguia esquecer a dor dilacerante que sentia e que muitas vezes a fazia chorar.

" Não conseguia partir o olhar, Cam a olhava fixamente, mas diferente de tantos olhares que já tinham trocado, nesse existia tanta dor, ele parecia partido. Estaria ferido? Sua maior vontade era se levantar e abraça-lo, ver se estava bem, mas suas pernas lhe traiam assim como sua voz que parecia presa em um nó na garganta. Quanto tempo tinha se passado? Ele continuava calado e sustentando aquele olhar e ela sentia seus olhos arderem, sabia que estava prestes a chorar pois de alguma forma a dor dele a afetava de uma maneira que não compreendia.

-Lilly! – O olhar que ambos mantinham foi partido com o grito alto de sua amiga, que estava de pé na porta acompanhada de Roland. Raquel correu até ela e a envolveu em um abraço confortante, mas tanto naquele momento quanto agora, era difícil digerir o que aconteceu a seguir. – O que ele te fez? – Raquel havia dito aquilo em voz alta chamando a atenção de Cam, que automaticamente deixou seus olhos caírem sobre ela. Lilly também odiou a amiga naquele momento e não se preocupou em esconder aquele fato em seu olhar. Cam não tinha feito nada além de protegê-la.

-Ele não...- sua voz morreu em sua garganta quando foi interrompida por Cam que ainda calado, se levantou rapidamente de onde estava e seguiu pela porta com a mesma velocidade que o tinha visto precipitar-se sobre seus agressores. Ele cochichou alguma coisa para Roland e sumiu pela porta.

-Cam – Tentou se erguer novamente, mas seu corpo parecia entorpecido, seus olhos arderam ainda mais e as lágrimas caíram furiosas por seu rosto e então, chorou copiosamente nos braços de sua amiga. "

Tinha tentado ligar para ele naquela mesma noite sem sucesso, assim como tem repetido todos os dias, Cam parecia ter sumido. Alguns dias ela caminhava a esmo pelas ruas e em quase todas se via parada a frente da fraternidade de Roland, seu coração tinha a tola esperança de encontra-lo ali.

Agora, sentada novamente em sua janela, imaginava se esse vazio que sentia em seu peito, essa dor cortante que por muitas vezes a despertava no meio da noite ou se essa ávida vontade que tinha de somente ouvi-lo ou talvez o ver nem que por um segundo, seriam indícios de que estava apaixonada. A paixão era um sentimento que sempre desejou conhecer, mas agora, estava com medo. Medo do aperto esmagador que sentia em seu peito sempre que pensava nele ou se lembrava de sua voz sedutora, da sua mão quente presa a sua, da maneira que seus lábios se curvavam quando dava aquele sorriso de canto que lhe fazia perder o fôlego, e seus lindos olhos verdes esmeraldas. Estava com medo de não voltar a vê-lo.

Ela alisou seu violino carinhosamente, não iria tocá-lo essa noite. Essa noite iria somente, sentir saudades dele.

Raquel não tinha chegado. Lilly a evitou nos primeiros dias, mesmo vendo o arrependimento nos olhos da outra não conseguia evitar de pensar que tudo poderia ter sido diferente, atualmente conversavam, mas o ressentimento ainda era latente.

A tarde já tinha sido superada pela noite que avançava rapidamente, ela estava há algum tempo deitada mirando para o teto, o sono sempre vinha, e hoje para sua sorte, veio depressa.

Libertação (Cameron Briel - Fallen)Onde histórias criam vida. Descubra agora