Guiado pelo impulso

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Manteve seus olhos ao longe como se ainda pudesse vê-la, pelo visto, havia escondido perfeitamente seu espanto com a revelação feita por Roland. Aquela garota, que tinha lhe causado um emaranhado de sensações, ao ponto de quase ceder ao desejo de beijá-la, de apertá-la mais firme contra si, de deixa-la sentir o quanto estava excitado, era filha "deles".

- Que porra! – Cam se sentia transtornado.

- Você vai ficar? – Roland tinha presenciado o momento entre Cam e Lilly, e havia notado além de tensão sexual alguma coisa além de seus próprios olhos. Cam continuava calado talvez perdido em seus próprios pensamentos, e talvez nem o tivesse escutado. – Vamos conversar mais tarde. – Tocou o ombro do outro afim de chamar-lhe a atenção.

Cam não respondeu, apenas seguiu para dentro, subiu as escadas seguindo para o quarto pelo qual havia entrado na casa, no trajeto se deparou com um casal escorado a parede. A mulher tinha as pernas presas ao quadril do homem, que a mantinha suspensa contra a parede, e pelo barulho de corpos se chocando e sons de gemidos mal contidos, ele sabia exatamente o que aqueles dois faziam sem a menor preocupação de terem espectadores.

Curiosamente analisou a cena e sem surpresa constatou que era a loira de horas atrás, ela tinha o vestido erguido até a cintura facilitando o acesso a sua intimidade, enquanto um dos seus seios eram apertados com firmeza pela mão de sua "presa". Cam imaginou que poderia ser ele ali, fodendo aquela garota se essa tivesse sido sua vontade. Passou por eles entrando no quarto que o levaria de novo a sacada e subiu novamente ao telhado.

O céu estava estrelado e límpido, ele se deitou de costas com as mãos cruzadas atrás da cabeça e fechou os olhos. A cena vivida a garota da piscina se repetia insistente em sua mente, o cheiro inebriante de jasmim estava impregnado em suas roupas tornando mais vivido aquele momento, tudo estava uma bagunça em sua cabeça, ela era filha de Daniel e Lucinda e mesmo assim, não conseguia tirá-la da cabeça. Não sabia se era possível um demônio ficar louco, mas se fosse, talvez ele ficasse.

Se lembrava da sensação agradável de tê-la em seus braços, de como seus lábios entreabertos imploravam para serem provados, e seus olhos ametistas que pareciam arder ao se cruzarem com o dele.

Será que ela tinha sentido o mesmo, ou alguma coisa perto daquilo?

(...)

Já faziam algumas horas desde que Cam, havia sumido e Roland tinha quase certeza que de que ele ainda estava por perto e não precisou de muito esforço para encontra-lo.

Cam mantinha os olhos fechado mas percebeu quando Roland se juntou a ele no telhado, o sol já estava próximo de tomar seu lugar no céu, a festa já estava no fim e os poucos ainda perdidos pelos cômodos se preparavam para ir.

- Você ficou muito tempo sumido. – Comentou Roland se sentando ao lado do amigo.

- Achei melhor me afastar. – Respondeu simplesmente e o silêncio que se seguiu induziu Roland a prosseguir.

- No Prado, o Trono ordenou que não nos intrometêssemos no relacionamento dos dois, mas como você deve imaginar, Ariane, os dois Nephilins e eu, continuamos a observá-los a distância.

- Previsto – Resmungou Cam sem abrir os olhos.

- Como imaginávamos eles se conheceram, se apaixonaram e se casaram.

- Hum. – Cam não conseguia disfarçar a seu desconforto, lembrava nitidamente do ocorrido no Prado, a escolha de Lucinda e Daniel e a dádiva concedida de uma vida mortal e livre da maldição.

- O fato. – Roland ergueu o rosto para vislumbrar os primeiros raios de sol antes de prosseguir. – Quando Lilly nasceu, ficamos curiosos se seria uma simples humana ou não. – Cam não conseguiu se manter indiferente e abriu os olhos. Roland percebendo que tinha chamado a atenção do outro, continuou.- Nos mantivemos distantes mais não alheios aos acontecimentos, ela emana algo diferente e com o passar dos anos isso tem aumentado, é como se ela estivesse se tornando um farol no meio do oceano.- Roland se lembrava do momento em que foram oficialmente apresentados.

- Entendo. – A verdade era que estava intrigado, Lilly poderia ser diferente isso talvez explicasse a forte atração que sentia, teria de pensar calmamente sobre isso e aquele não era o momento. Se levantou liberando suas asas.

- Precisando sabe onde me encontrar, Cam. – Roland continuou sentado o encarando. – Caso te interesse, ela está a cerca de dois quarteirões daqui, na Faculdade Crimson Roses. – Cam não conseguiu esconder o sorriso que se formou em seus lábios, assim que levantou voo sem olhar para trás.

Era bem cedo e as poucas pessoas pelo caminho não se preocupavam em olhar para o céu, havia atravessado o oceano em pouco tempo na noite passada, que aquelas duas quadras tinham passando em um piscar de olhos. Ele plainou sobre o campus imaginou como poderia encontrá-la, mas pelo visto a sorte estava a seu favor finalmente, ela estava em uma janela usando um pijama florido. Cam foi rápido o suficiente para que não fosse visto.

Ele ficou esperando tranquilamente oculto no cume de uma árvore até vê-la cruzando o jardim e seguindo para um prédio ao centro do complexo, e como anteriormente, continuou esperando. Ficou duas ou talvez três horas ali até a ver novamente. Lilly parecia distraída olhando para o jardim e suspirando pesadamente antes de seguir de volta ao dormitório, ele tinha decidido que ficaria somente a observando, mas motivado pelo seu lado impulsivo pousou rapidamente na esquina que ela dobraria para voltar ao quarto recolhendo suas asas a tempo de fazê-la trombar com ele.

Pensou o quanto a cena poderia parecer clichê, mas sem dúvidas seria uma maneira de se aproximar, como planejado a segurou para que não caísse. O aroma inebriante de jasmim que exalava dela o atingiu, a pele macia e nua de seus braços, o rosto levemente corado e a voz suave enquanto se desculpava o encantaram.

- Me desculpe, eu estava distraída e ...- Cam sorriu de canto ao notar a voz dela morrer ao cravar seus olhos no dele, e novamente viu seus lábios se entreabrirem suplicante, imaginou até quando resistira a tentação de colá-los aos seus.

Como na noite anterior, a manteve entre seus braços mais tempo do que julgaria necessário, mas não conseguia simplesmente quebrar aquele contato sem ter aquela sensação irritante de perda.

- Parece que você tem tendência em cair em meus braços – Ele ampliou o sorriso que ainda tomava seus lábios notando que a garota corou ainda mais. Sua mente o traiu fazendo-o imaginar como seria a expressão dela sob a motivação certa.

-Me desculpe novamente por ontem e por hoje também. – Ela falou quase em um único folego demonstrando nervosismo, que não passou despercebido por ele, assim como um pequeno suspiro que escapou dos lábios dela. Seria ele o motivo? Ela parecia admirada. Pelo visto, tinha alcançado seu intento quanto a surpreendê-la.

- Sem problemas. – Ele afastou as mãos mesmo relutante. – Precisando. – Teve certeza que outro suspiro escapou dos lábios dela. – A propósito sou Cameron Briel, mas pode me chamar de Cam. – Estendeu a mão e Lilly a segurou com firmeza.

- Prazer Cam, eu sou Lilly Grigori. – Agora foi a vez dele perder o fôlego por alguns segundos quando um sorriso sincero curvou os lábios bem delineados da garota. – Pode me chamar de Lilly, como meus amigos.

- Lilly. – Ela molhou os lábios inconsciente ao ouvir seu nome sendo pronunciado de maneira tão, sedutora.

- Bem Cam, estava indo guardar minhas coisas e depois pensei em comer alguma coisa, você me acompanha? – Cam percebeu que a voz dela estava cheia de expectativa.- Seria uma ótima maneira de me desculpar. O que me diz? – Completou ela esperançosa.

Libertação (Cameron Briel - Fallen)Onde histórias criam vida. Descubra agora