Paixão, incubência e morte

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A luz estava acesa o que o fazia imaginar que ela devia estar acordada. Será que estava pensando nele? Claro que não, os pensamentos dela seriam sempre endereçados a outro, o General.

Não entendia o porquê daquelas constatações sempre o ferirem. Era uma dor quase física, tão dolorosa como ter uma estaca fincada em seu peito, que podia sentir as farpas se alojando em seu coração, sempre que sua mente evidenciava o quanto era desprezado. Ainda assim, continuava ali, a observando.

O perfume inebriante de jasmim parecia ter impregnado em sua pele, e seus dedos ainda se lembravam do toque aveludado e suave da pele dela, era como se o simples fato de respirar o remetesse a ela.

Seu desejo era de atê-la em seus braços e pedir para que explicasse se aquela dor que sentia em seu peito iria passar, ou o porquê de ainda se sentir sufocado mesmo após tê-la sentido, úmida e apertada em torno dele, e o mais importante, o que era aquela sensação acolhedora que sentia sempre que a via.

Será que ela poderia explicar que inferno estava acontecendo a ele?

Será que ela poderia explicar o porquê de suas asas enegrecidas sempre o levarem para junto dela?

Que porra estava acontecendo com ele afinal?

Será que...?

Adam fechou os olhos com força controlando um palavrão que quase proferiu, sua intenção não era se mostrar surpreso mesmo que só tenha sentido a presença daquela víbora, então, engoliu o espanto e vestiu sua melhor máscara de indiferença antes de se virar para a pessoa que furtivamente parou a suas costas.

-Você tem ideia do quanto isso é patético, Adam? – Alexia estalou a língua contra o céu da boca. – Adam, Adam. – Ela estreitou a distância que os separava em passos elegantes deixando seu quadril se mover de um lado ao outro sensualmente, enquanto ampliava seu sorriso de escárnio. – Me pergunto o que todos acham nessa garota mortal. – Ela parou ao lado dele sem o olhar.

-Não sei do que você está falando.- Ele manteve o olhar desinteressado na construção a sua frente.

-Não me subestimei Adam. – Alexia agitou a mão atraindo um Anunciador de sua própria sombra formada pela luz do luar. – Você está apaixonado pela garota do Cameron. – Ela gargalhou sonoramente antes de sumir dentro da escuridão desforme do Anunciador invocado.

-Apaixonado? – Adam repetiu incrédulo.

(...)

Permaneceu olhando para suas mãos cruzadas sobre a mesa enquanto sua mente vagava livremente, sentia nitidamente o olhar questionador de Alexia sobre si, mas precisava analisar aquela situação.

Lúcifer abriu a gaveta inferior do lado direito em sua mesa de escritório. A gaveta correu livremente até que fosse possível avistar ao fundo um estojo aveludado preto, que foi retirado cuidadosamente antes de ser disposto sobre o tampo da mesa.

Ele abriu o estojo lentamente revelando um punhal dourado que parecia reluzir ao toque suave dos seus dedos longos. Se lembrava do quão difícil tinha sido adquirir aquele objeto. Seu intuito inicial era utilizá-lo contra Lucinda em uma de suas reencarnações, mas por alguma razão não o fez, no entanto, aquele parecia um ótimo momento para isso.

-Alexia. – Ele ergueu o os olhos gélidos o suficiente para cruzar com o olhar estreito dela.

-Sim, meu senhor. – Ela estava pronta para receber suas novas ordens.

-Você vai usar isto. – Foi a vez dele estreitar o olhar, e deixar sua voz se tornar mais grave e ameaçadora. - Para destruir a alma da Lilly.

Um sorriso perverso curvou os lábios de ambos.

Libertação (Cameron Briel - Fallen)Onde histórias criam vida. Descubra agora