Flecha

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Deixou a água cair por seu corpo que ainda parecia letárgico e sensível, suas pernas ainda estavam tremulas e havia decidido por um banho para tentar se reestabelecer. Tinha breves arrepios devido a água fria, mas talvez ajudasse a afastar as sensações que seu corpo tivera a alguns minutos atrás.

" Levou um tempo até perceber o que estava sentindo, o toque suave e rítmico da língua dele fazia seu corpo se aquecer, era uma sensação gostosa e crescente e seu corpo se arqueava em resposta as caricias mesmo que sua mente quisesse que parasse. Tentou pará-lo, mas a sua voz parecia ter sumido e conseguia somente ouvir os gemidos mal contidos que fugiam de seus próprios lábios, contudo, alcançou os cabelos dele tentando afastá-lo, mas seu corpo parecia entorpecido pela onda de prazer que a tomava.

-Hoje você vai ser minha, Lilly. – A voz rouca dele atingiu seus ouvidos. Ele ignorou seu olhar de súplica. – Você não tem idéia das coisas que gostaria de fazer com você agora. – Sussurrou junto ao ouvido dela. – Mas agora, eu vou te foder bem gostoso, como prometi. – Ele deslizava para dentro dela lentamente.

-Por favor. – Sua suplica foi interrompida pela onda de prazer que a tomava fazendo-a arfar sem querer.

Sentia-se traída por seu próprio corpo, gemia enquanto o sentia escorregando lentamente para dentro de si e se reprovava por isso, mas seu corpo estava em chamas. Ele a prendia firme com as mãos e Lilly sentia seu corpo responder a todas as sensações que Adam lhe proporcionava, e mesmo assim, seu coração suplicava inquieto. Seu desejo era acordar, mas sua vontade não era obedecida, então, se esforço para se calar, lutou para não expor sons que revelassem o prazer que sentia.

-Implora por mim. – A voz dele saiu baixa e rouca, não como uma ordem, aquilo soou mais como um pedido.

Lilly virou o rosto tentando controlar as sensações, mas não conseguiu. Seu corpo tremeu, e sentiu seu núcleo apertar e se derreter em torno dele que continuou estocando profundo e ritmicamente, enquanto o coração dela parecia se apertar em seu peito e seus olhos marejaram, tinha sido subjugada.

Ele continuou se movendo, mas logo pareceu se satisfazer pois se deixou cair sobre ela se acomodando sobre seus seios.

Lilly ainda tentava controlar sua respiração ofegante, quando sentiu a barba cerrada roçar levemente em sua pele com o movimento dele erguendo o rosto para fita-la. Os olhos deles eram tão azuis e estavam inundados de tristeza".

Deixou que a água fria caísse por seu corpo, esperava que sua carne ainda trêmula o fizesse pelo frio e não pela sensação que tivera, tudo tinha sido intenso, no entanto não tinha resquícios do que tornava aqueles momentos íntimos com o seu namorado tão especial. Aquele ato tinha sido movido pelo prazer e não pelo amor.

(...)

Observou distraidamente as duas mulheres nuas em sua cama. As mortais eram de certa maneira tediosas, não possuíam a metade do animo sexual dos demônios e sucumbiam a poucas horas de sexo, mas mesmo assim, as apreciava, talvez o fato de que aquelas carnes tenras em algum momento se dobrariam as vontades do tempo e não levariam mais do que alguns anos para deixarem de existir. Não precisava se preocupar, o tempo se incumbia de livrá-lo delas.

Imaginava isso enquanto prendia as abotoadoras nos punhos de sua camisa, elas eram de ouro com o seu selo de sol negro talhado nelas.

Olhou uma última vez as duas beldades adormecidas pela exaustão em sua ampla cama, e sorriu ajeitando a gravata.

Deixou o closet pela porta oposta ao quarto, seguindo para um corredor adjacente que o levaria ao seu escritório e não se espantou com a figura parada de pé próxima a janela, admirando a paisagem.

Muitas vezes se pegou admirando uma simples paisagem, talvez considerando que em seus domínios não havia sol ou lua como na Terra. O equivalente ao céu durante o dia era sempre encoberto por uma densa névoa que fazia o lugar parecer sempre nublado, já as noites, essas eram perturbadoras, sempre tingidas pelo breu mesmo com a claridade avermelhada que sempre parecia preencher o lugar. Os milênios o tinham feito se acostumar com tudo em seu mundo, pelo simples fato de o pertencer.

Caminhou sem pressa até a mesa na qual se acomodou no mesmo silêncio em que a figura se voltou para ele seguindo lentamente para mais perto, fazendo o som de seu salto ecoar pelo ambiente antes silencioso.

Ela tinha os cabelos loiros e curtos o suficiente para que uma franja falsa lhe cobrisse um pouco do rosto, as sobrancelhas de desenho arqueado lhe davam um tom intimidador assim como os seus olhos âmbar sempre estreitos que revelavam sua personalidade desconfiada. Os lábios bem delineados trincados em uma linha séria. Era alta e esguia. Vestia uma calça preta de couro justa, uma blusa escura e uma jaqueta também preta puxada até a altura dos cotovelos, revelando braceletes de couro com fivelas prateadas. O salto alto reforçava a sexualidade madura que toda a sua figura exalava.

-Novidades, Alexia? - Ele sabia que a presença dela era estritamente "profissional".

-Não constatei nenhum resquício de lembranças durante o tempo que os observei. – Ela apoiou a mão direita sobre a mesa em um gesto delicado e lento, acariciando a madeira escura e envernizada da mesa com a ponta dos dedos. – Ou eles são muito bons em fingir por tanto tempo, ou realmente não se lembram de nada do passado. – Alexia mantinha o olhar no movimento de seus dedos deslizando sobre a mesa.- Seria fácil tirá-la de seus pais, um acidente qualquer resolveria isso, ou se preferir, eu mesma cuido disso de uma maneira bem dolorosa. – Constatou sem ânimo apesar do tom sádico.

-Seria apenas um desconforto, que levariam com eles até o fim de suas vidas mortais. Eu sei que posso tirar um pouco mais disso tudo. – Ele analisou seu próprio comentário, Lúcifer queria vê-los sofrer a dor da perda de algo que amam assim como ele, Daniel e a traidora da Lucinda mereciam essa dor, porém sabia que podia estender essa dor a mais alguém.- E o Cameron? – Havia um certo desinteresse no tom de voz que ele usou, mas ela sabia bem como lê-lo nas entrelinhas, ele estava realmente curioso.

-Nada além do previsto, ele voltou ao passado e deixou a Srta. Sem sal ou açúcar sozinha. – Concluiu com desdém. – Se Adam se empenhar, logo o senhor terá as confirmações.

Lúcifer deixou seus olhos gélidos caírem sobre a demônio a sua frente, apesar de sua mente retroceder muitos anos atrás, seguindo para o exato momento em que conseguiu que Cameron fizesse sua escolha.

"Ele irá encontra-la", constatou mentalmente.

-Isso pode sair melhor do que o planejado. – Falou mais para si do que para Alexia, que parecia desinteressada.

Ele sorriu sem mostrar os dentes absolto em seus novos pensamentos, pelo visto, Lilly seria a flecha que ele usaria para atingir aqueles três corações.

Libertação (Cameron Briel - Fallen)Onde histórias criam vida. Descubra agora