Tentando lidar com a saudade

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Recordar aquela noite era torturante, como sempre, tinha agido de forma impulsiva e agressiva. Olhava para as próprias mãos analisando que os ferimentos adquiridos a alguns dias atrás já tinham sumido de sua pele "demoníaca", mas a dor que os olhos dela lhe causaram, aquela ainda estava latente em seu íntimo.

Enfio a mão no bolso da calça e tirou de lá a corrente dourada a erguendo até a altura de seus olhos se lembrando que levou horas procurando algo para presenteá-la, que imaginou o quanto ficaria lindo adornando o pescoço delicado dela, mas como sempre, tinha fodido com tudo antes de ter tido a chance de entregar-lhe.

" Continuava com os olhos presos aos dela, esperava ver algo além do medo neles, e poderia jurar que em algum momento viu o reluzir de algo diferente em seu olhar, "impossível", ela devia vê-lo como o monstro que realmente era.

Seu coração parecia pesar toneladas em seu peito, era sufocante, doloroso, quase insuportável ver o brilho de lágrimas crepitar em seus olhos ametistas, ela parecia querer falar alguma coisa e ainda assim, manteve-se calada.

A porta ao lado esquerdo dela se abriu abruptamente e dois pares de olhos analisaram toda aquela cena dramática ao redor antes de recaírem sobre eles. Roland continuou parado na soleira da porta enquanto a jovem que o acompanhava gritou por Lilly correndo para o seu encontro, devia ser a tal Raquel "A colega de quarto", Lilly tinha comentado alguma coisa sobre ela.

-O que ele te fez? – Aquela pergunta o atingiu feito uma flecha certeira em seu peito, no entanto, fincou seu olhar sombrio naquela mulher tentando controlar a respiração.

-Ele não...- Sentia que iria explodir, não queria ser acusado novamente, não por ela. Se ergueu rapidamente interrompendo a frase de Lilly, e seguiu velozmente até junto de Roland murmurando "Cuide dela, por favor", antes de voltar para o interior da boate.

Havia transposto com facilidade aquele mar de pessoas e assim que tinha alcançado a saída, sem se importar em ser visto havia estendido suas asas douradas e ganhou os céus feito um raio.

Logo a cidade a seus pés se reduziu a pequenos pontos de luz. Não devia ter voltado, deveria ter aceito que estava fadado a ficar sozinho.

O que um demônio poderia esperar além disso?

Voou sem rumo por horas, porém aquela pressão incomoda em seu peito aumentava, era como se um fio invisível envolvesse seu coração resistindo a um forte estiramento, não se rompia, mas sim comprimia seu coração.

Seu celular vibrou no bolso de sua calça e ainda plainando o alcançou, o erguendo até a altura de seu rosto "Lilly", leu mentalmente o nome escrito no visor suspirando pesadamente antes de rejeitar a ligação.

(...)

8 dias depois

Estava sentado em um banco no fim do balcão de um bar, segurando seu terceiro copo de uísque ao estilo cowboy de maneira enfadonha. Aquilo estava sendo cansativo, por mais longe que estivesse, era tão difícil mantê-la longe de sua cabeça. Balançou o copo observando o liquido se agitar enquanto sua mente insistia em o transportar para quilômetros dali, não sabia dizer em que momento tinha imaginado que poderiam ter alguma coisa, ela era uma humana enquanto ele, era um demônio. Aquela relação estava fadada ao fracasso, o que estava pensando quando.... Quando o que? O que estava acontecendo com ele?

Libertação (Cameron Briel - Fallen)Onde histórias criam vida. Descubra agora