Capítulo 14

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Eu ainda não sei absolutamente nada sobre a doença da Lisa.
Ela insiste em manter esse assunto longe de mim. Talvez por saber que eu faria um escândalo caso não a estivesse tratando da forma adequada.
Ela passou o dia no hospital hoje, e aqui estou eu. Em casa assistindo Harry Potter. Queria ter a capa da invisibilidade nessas horas para descobrir o que ela tem, e COMO eu posso ajudar
Não é justo que até meu pai saiba a gravidade da doença dela e eu não.
Aliás, eu não faço a menor ideia de onde meu pai está. Ou de como a empresa está.
Desde que comecei meu relacionamento com a Lisa eu não o vejo, ou ao menos vou trabalhar. Ele me manda emails e mensagens tentando me convencer a voltar a trabalhar, mas a felicidade que eu sinto com ela, não virá de trabalho nenhum.

Já são 23:45 e eu ainda estou jogado no sofá imaginando mil coisas sobre a Lisa no hospital.
"Ela pode ter morrido" meu subconsciente sugere.
"Ela não vai sair de lá" ele tenta mais um vez.
CALE A BOCA! Eu respondia a cada frase péssima que vinha em minha mente.
Eu sinceramente não sei o que faria sem a Lisa, se ela morresse, acho que entraria no caixão junto.
Meus pensamentos são interrompidos pelo sono, que insiste em me nocautear.

Acordei as 11h com minha campainha tocando freneticamente.
Levantei do sofá tomando toda a coragem possível pra abrir a porta. Quando a abri, era a única pessoa que eu queria ver. E só de a ver, parece que tudo ficou melhor.
- Oi. - Ela sorriu, e eu rapidamente a puxei pela cintura e a beijei.
- Eu estava preocupado... - A abracei mantendo-a em meus braços, onde eu sabia que iria poder a proteger.
- Eu estou bem... Prometo... - Ela não estava bem, e doía saber isso. Mas ela precisava do meu apoio, e precisava que estivesse ali por ela, então a manti em meus braços.
- Você vai em um jantar comigo hoje. - Sorri sem partir o abraço.
- De quem Barry? - Ela me olhou desconfiado. Não me ofendi a essa altura me surpreenderia se ela confiasse em mim com ambos os olhos abertos.
- Um jantar na casa de um amigo. Não é nada demais, ele só quer conversar, e eu quero apresentar minha super incrível e linda namorada. - Ela sorriu boba.
Ainda acho incrível que depois de tudo isso ainda consiga arrancar esses sorrisos dela.
Na verdade, acho incrível que eu ainda esteja com ela, já que meus históricos de relacionamento... Bem, eles não existem, eu nunca me relacionei desse jeito com alguém antes, e nunca fiz questão disso também, mas ela mudou tudo.
- Ta bom. - Ela disse derrotada. - A que horas Báthory?
- 19h não se paparique igual aquelas mulheres doidas por atenção.
- Ta bom... Estou indo então... - Ela me deu as costas para ir embora.
- Não disse pra ir embora. - A segurei pelo braço e a puxei para mim.
Nossos labios foram de encontro um com o outro, como se já soubessem que um pertencia ao outro.
Ficamos em uma sincronia, e pouco ligavamos para o fôlego, tudo que importava era: ela, eu e o agora.
Suas maos seguravam firme em meus cabelos da nuca, e eu decidi a pegar no colo, empurrando a porta com o pé.
O sofá era a coisa mais próxima que tinhamos, então a deitei no mesmo e desci os beijos pelo seu pescoço, enquanto minha mão explorava cada parte de seu corpo.
O modo como seu corpo respondia com arrepios ao meu toque, ou como seus labios ficavam entreabertos soltando o ar que estava preso em seus pulmões, cada parte dela, mesmo que sem percebesse, ajudava a cada vez mais eu cair de amores por ela.
Suas mãos percorriam minhas costas mantendo sempre meu corto colado ao seu, e eu amava isso.
Era como se tivéssemos a necessidade de saber que o outro estava ali, que aquilo era real. Que tudo que passamos até agora, era real.

A diferença de todas as milhares de vezes que já me relacionei com outras mulheres, a essas poucas vezes que me relacionei com a Lisa, é que um é sexo, e o outro amor.
Piegas talvez falar que fiz "amor" com ela, mas essa é a verdade. Era mais do que prazer, era mais do que pele a pele, era mais do que qualquer outra transa que eu já tive. Era especial. Era sincero. Era verdadeiro.
Então me chame de piegas por falar que eu fiz amor com ela, mas é a coisa mais sincera que eu já falarei.
Eu fiz amor com ela.

A pessoa que eu mais amo, e talvez a que eu mais vá amar nessa vida está deitada em cima de mim.
Seu corpo nu em cima do meu, me mantinha em paz, pois sabia que ela ainda estava ali.
- Eu não quero levantar. - Ela disse baixo, e pelo jeito que falava sabia que estava sorrindo.
Seus seios estavam colados a meu peito e meus dedos brincavam na reta de suas costas acariciando.
- Nem eu. - Beijei sua testa.
- Que horas são? - Ela levantou seu rosto pra me olhar, e eu pude encarar seus belos olhos verdes.
- Temos tempo... Não se preocupe. - Sorri pra ela, que voltou a deitar a cabeça em meu peito.
- Ta bom...
- Está com fome? Precisa dos remédios? Ou de alguma coisa?
Todas as minhas perguntas tiveram a mesma resposta: "NÃO".
Mesmo que eu não quisesse fazer o papel de namorado preocupado, eu precisava droga.
- Eu tenho todo o final de semana pra você.
- Ótimo. - Segurei seu rosto e a beijei, mas ela parou.
- Seu pai falou comigo... - Seu olhar se tornou preocupado e eu suspirei. - Por que não tem ido trabalhar?
- Sério?
- Barry, não pode faltar a empresa desse jeito.
- Por que? Meu pai não vai ficar mais pobre se seu filhinho não for a empresa.
- Mas não é bom que fique em casa sozinho.
- Quer dizer que não posso ter meu momento depressivo por minha namorada estar doente e eu não saber absolutamente nada? - Infelizmente, acabei sendo mais grosso e rude do que desejava.
- Ouch. - Ela se levantou um pouco me encarando.
- Desculpa... Eu não quis dizer assim.
- Tudo bem...
- Eu só... Lisa todo mundo naquela maldita empresa sabe sobre sua doença e eu não. Todos comentam, todos me olham com dó. Eu não quero isso, e sei que você também não. - Me sentei a segurando em meu colo.
- Tudo bem Barry... Entendi...
Eu não sabia o que ela sentia.
Não sabia se ela estava magoada, irritada, triste, ou só cansada mesmo.
Tirei seu cabelo delicadamente de seu pescoço o jogando pro outro lado e beijei todo seu pescoço devagar.
- Me desculpa... Agora vamos deitar de novo e dormir até a hora daquele jantar bobo...
Seu corpo se arrepiava. E ela sorriu.
- Tudo bem...
Eu me deitei a puxando pra mim, e voltamos a posição normal, até que caímos ao sono.

Uma Metade PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora