Capítulo 28

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Na manhã seguinte eu acordei mais cedo que o normal. As 5:36h já estava acordado e fiquei deitado até as 6h
As palavras do meu pai rodeavam minha mente. Eu iria voltar a empresa.
Levantei da cama e fui direto pro banho pra acordar e me distrair um pouco.
Sai do banho e vesti meu terno. Eu me sentia estranho naquela roupa. Talvez por saber que não haveria ninguém lá me esperando, ou alguém pra almoçar comigo. Seria só eu.
Entrei em meu carro e parti pra empresa.
Assim que cheguei, fui andando reto pro elevador, e quando a porta se fechou, me arrependi amargamente de ter vindo.
Os 35 andares que eu tanto ansiava para subir logo, eu mal queria apertar o botão, mas pra minha desgraça, o elevador parecia ser rápido.
Quando as portas se abriram, encontrei Sebastian a conversar com meu pai. Ambos olharam pra mim surpresos com minha chegada.
Sai do elevador e caminhei até eles.
- Bom dia pai, Sebastian.
Sebastian sorriu pra mim fraco.
- Sentimos sua falta aqui Barry. Que bom que voltou. - Ele me deu um tapinha nas costas e saiu me deixando a sós com meu pai.
- Que bom que decidiu voltar filho. - Meu pai dizia orgulhoso, como se eu tivesse acabado de ganhar um prêmio quando na verdade, apenas esqueci do luto por um minuto, ou um dia melhor dizendo.
- Eu não quero secretárias, tudo bem pai? - Sorri pra ele sincero e fui andando pro meu escritório.
Ele permanecia da mesma forma que eu o deixara.
Peguei os papéis que haviam sido deixados ali nessa manhã e comecei a lê-los e assinando os necessários.
Meus olhos porém pararam em um porta-retrato que tinha uma foto dela com o Jett. E memórias daquele dia invadiram minha mente.
Ela estava dando banho no Jett, coisa que ele geralmente se recusava a fazer. Ele sacudiu seu pelo a molhando por inteiro, e começou uma guerra dela com ele. Mas ambos cansaram. Ele acabou cedendo o banho e ela parou de tentar acertá-lo com a mangueira, e quando ela foi o abraçar, eu tirei a foto.
Um sorriso bobo tomou conta do meu rosto, e quando me dei conta, estava girando a aliança em meu dedo, como se fosse um pequeno amuleto que me trazia ela de volta que pelo menos um segundo.
Eu não conseguia tirá-la. Não me sentia pronto.

Quando deu a hora do almoço, estava me preparando para sair, mas a porta se abriu, e a figura de gel em pessoa que eu estranhamente estava começando a vê-lo amigável surgiu.
- É... Barry... Hm... Queria saber se gostaria de ir almoçar comigo? É em um novo restaurante que abriu aqui perto.
- Não obrigado, - eu sorri educadamente. - tenho planos pro almoço.
E de fato, eu tinha planos.
Quando Sebastian se foi, eu peguei minha bolsa e chaves do carro e sai daquele prédio exagerado, partindo pro último lugar que eu pensei que desejaria estar.
Quando cheguei ao cemitério, fui caminhando por entre todas aquelas lápides, cheias de frases que queriam mostrar seu amor a aqueles que já se foram, e eu me perguntei por um momento se eu havia mostrado meu amor o suficiente enquanto ela estava aqui.
Quando cheguei em sua lápide, pude ver no chão algumas flores. Estavam vivas e cheia de cor. Alguém as colocou recentemente. Mas eu não havia trago flor alguma. Eu não pensei nisso.
- Oi... É... Eu sei que disse que iria superar mas... Eu não consigo. - Fiquei Olhando atentamente para sua lápide que estava escrita "Elisa Gerard, amada filha, irmã e amiga." - Não tem como eu superar alguém que eu tanto amei e amo. - Minhas lágrimas desciam pelo rosto. Eu já perdi as contas de quantas vezes chorei pensando nela. Sempre que acontecia, eu entrava em lágrimas, e nada me impedia. - Eu sinto sua falta Lisa, sinto tanto sua falta. Sabe, eu estou começando a me dar bem com o Sebastian, ele é muito mais do que gel no cabelo. E voltei pra empresa, eu fiz o que você queria, espero que esteja orgulhoso de mim. Acho que estou esquecendo alguma coisa... Hm... Ah! Ian e Ingrid estão esperando um bebê, ela está grávida, você iria gostar da criança, mas da Ingrid, ela não para de falar sobre seus planos e blá blá blá, ainda nao sei como Ian não pediu divórcio. - Eu rir pela primeira vez em três meses. Ela tinha esse poder, mesmo que não fizesse nada. - Eu não bebi... Na verdade não fiz nada nesses três meses, me desculpa... Ah, e o Jett arrumou uma namorada, uma linda poodle preta. - Rir fraco novamente. - Eu volto outro dia, e trago suas flores favoritas, é uma promessa.
Levantei colocando as mãos no bolso da frente da calça, sem olhar pra trás novamente.
Eu sempre fazia isso. Sempre tive o pensamento de que se eu olhasse pra trás, estaria voltando atrás, e esquecendo do que estava bem na minha frente.
Ironia eu não conseguir superar alguem que me deixou pra sempre a três meses atrás? Talvez.
Mas em toda história sempre tem aquela pessoa que mesmo ficando em seu passado, pertencerá ao seu futuro. Lisa era uma dessas pessoas pra mim.
Me deixando pra sempre ou não, meu coração pertence a ela, e o dela a mim. Batendo, ou não.

Uma Metade PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora