Hora 1

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Depois que me impediram de entrar na sala com a Lisa, meu mundo parecia desmoronar.
Eu andava de um lado para o outro. Ansioso e nervoso com o que poderia acontecer lá dentro.
Eu não consigo focar em um pensamento só. Vários flashs de lembranças e pensamentos vem em minha mente a 100 Km/h. Não há como escapar da loucura eminente que me espera.
Minhas pernas já doiam de tanto que andava. Mas então ouvi passos, e estava torcendo para que fosse o médico da Lisa, mas era o Ian.
- Como ela está? - Ele veio até mim. E sua expressão era de preocupação. Não tanto quanto a minha, mas ainda assim, preocupação.
- Eles não me deixam vê-la... Não me deixam entrar Ian. - já começava a sentir as lágrimas se acumulando.
Ele percebeu. E me abraçou.
- Ian ela está me deixando. - O apertei deixando as lágrimas caírem. - Eu estou a perdendo Ian!
Ele acariciava minhas costas, na tentativa de me acalmar. Falhou.
- Ela vai ficar bem Barry. Ela é forte.
Ele estava certo. Aguentar tudo que ela aguentou. Ninguém seria capaz.
Tanta coisa que ela passou, e muitas delas por minha causa, e mesmo assim ser capaz de me amar, ninguém faria isso, se não Elisa Gerard.

Flashback on

Elisa estava entrando em meu escritório toda desengonçada. Uma mão estava cheia de pastas, e a outra estava com meu chá gelado.
- Está tudo aqui senhor Báthory. - Ela pôs meu chá no porta copos e os papéis em um lugar separado da mesa. - Dito isso, se virou pra sair.
- Espera. - Ela interrompeu seus passos e se virou pra mim.
- Sim.
- Quero que prove isso. - Fui até ela com meu chá em mãos.
- Por que? - Ela me olhava com um sorriso fraco em seu rosto.
- Se tiver algo de errado eu saberei.
- Mas...
- Apenas obedeça Elisa!
Ela levantou o braço para segurar o copo mas o afastei.
- O que houve? Pediu para que eu provasse certo?
- Sim.
- Então?
- Não é assim que irá provar Elisa.
- Então co... - Antes que ela pudesse terminar de falar, virei o copo de chá gelado em sua cabeça.
Seu corpo estremeceu ao sentir o líquido gelado, e alguns cubos de gelo em contato com sua pele quente. Sua boca se manteve aberta, surpresa pelo meu ato.
Logo, pôs sua mão dentro de seu sutiã e tirou um cubo de gelo que escorregara pra lá.
Seus olhos foram de encontro aos meus e os notei vermelhos, e com bastante lágrimas acumuladas.
Ela atirou o cubo de gelo em mim, e se virou em seguida para sair.
Segurei em seu braço a virando pra mim, e ela me deu um tapa forte no rosto.
- Por que? - Foi tudo que ela conseguiu dizer com sua voz fraca e rouca de choro.
A deixei ir então, e meu rosto começou a arder.
Ela saiu toda molhada do meu escritório e com lágrimas escorrendo.
Meu coração pesou. Ou foi só a consciência mesmo.
Quando sai do escritório para ir ajudá-la, Sebastian já havia chegado em minha frente.
Ele segurava em seus ombros tentando acalmá-la de suas lágrimas e soluços. Ele pegou seu terno e colocou nela para que se esquentasse.
Desde sempre, ele foi melhor pra ela. Ele era o melhor pra ela.

Flahsback off

- No entanto, ela escolheu a mim.. - Eu havia terminado de contar aquela história a Ian. Ele me olhava com certa repreensão ao saber de uma das poucas coisas horríveis que fiz a Lisa. - Ela me escolheu Ian, quando eu não valia de nada.
- Isso é porque ela via o bem... Até mesmo no homem que mais a fazia mal. - Ele me olhou.
E ele estava completamente certo.
Desde o momento no avião, até o dia que ela deixou de ser minha secretária, ela viu o bem em mim. Ela era com certeza a mulher mais incrível que eu já havia conhecido. E não podia deixar isso passar.
Por isso naquele momento, cada pensamento meu, era desejando que ela ficasse bem.
Eu não podia perdê-la. Jamais poderia.

Uma Metade PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora