Hora 3

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A médica havia nos dado mais notícias sobre a Lisa.
Ela estava perdendo muito sangue com a hemorragia. E as transfusões de sangue estavam ocorrendo não muito bem por seu sangue ser -O.
Meus fios de esperança começavam a se estourar.
Ian tinha ido pegar a Ingrid pra ficar com ele, mas na verdade, ele não queria me deixar sozinho. Tinha medo do que eu poderia fazer.
Na verdade, até o entendo. Eu realmente faria uma loucura.
- Barry... Eu vou comprar café... Quer também?
- Não Ingrid... Obrigado. - Sorri pra ela, e ela saiu indo até a cantina.
Ian ficava me encarando.
Com certeza eu estava com cara de acabado. Eu não dormi nem um pouco. E nem ao menos troquei de roupa. Ainda estou com o terno do casamento.
Ingrid e ele foram em casa trocar de roupa.
- Ian... Você sabe que se quiser ir...
- Não Barry... Eu quero ficar aqui... Ela é minha melhor amiga... E você também... Não vou fazer isso, e sei que a Ingrid concorda.
Eu sorri fraco.
- Obrigado...
Eu sabia que ele não iria. Ele não me deixaria sozinho. E nem a Lisa.
- Barry... A família dela sabe?
Meu coração pesou. A família dela estava na Inglaterra. E sua avó na França.
- Não... Eu não tenho coragem de falar com eles. - Abaixei a cabeça. Parecia que todos os meus pensamentos pesavam tanto que minha cabeça não conseguia se erguer.
- Quando o caso melhorar... É melhor ligar pra eles... Você sabe o quanto ela os ama.
Ian estava certo. Mesmo eu sendo um covarde, sabia o quanto a família dela importava pra ela. E mesmo que isso doa em mim, precisava falar com eles.

Flashback on

- Lisa... - Assim que a chamei ela me olhou.
Estávamos deitados no sofá enrolados pelo frio "assistindo" a F.R.I.E.N.D.S.
- Fala. - Sua cabeça estava deitada em meu peito, e eu acariciava constantemente suas costas.
- Como você veio parar aqui? Você sabe... Nos EUA. Voce sabe minha história, mas eu não sei muito bem a sua. - Ela riu.
- Eu vim trabalhar pra você... Você sabe disso.
- Não Lisa! Eu quero toda a história. - Ela sorriu e se deu por vencida.
Ela me contou que sua família é francesa, mas que morava na Inglaterra desde seus 10 anos, e por isso adquiriu o sotaque britânico, mas que ainda consegue falar Francês fluentemente, contou também que veio para os Estados Unidos com 19 anos.
Fez sua faculdade de administração, e então lutou para conseguir aquele cargo de secretária, que de acordo com ela "foi um inferno". Não tenho ideia do porque ela pensa assim. Enfim, quando ela conseguiu o emprego, voltou a Europa para contar a seus pais que moravam na Inglaterra, e aproveitou para ir a França visitar sua avó, que se orgulhou muito da "Pequena Nina".
Ta. Essa parte do apelido eu também não entendi. Mas ela falava tão sorridente que eu sempre me perdia em seu sorriso.
Foi nessa volta aos EUA que ela me conheceu no avião. Sobre isso ela não quis falar muito. Quem sabe arranco isso dela outra hora.
Ela continuou me falando sobre sua família.
E então chegou a um péssimo ponto. O casamento de seus pais.
De acordo com ela, seu pai estava passando noites fora de casa, com a desculpa de que estava resolvendo "negócios", mas que sempre chegava fedendo a bebida misturado com perfume de mulher.
Sua mãe já havia se conformado com essas sumidas repentinas. Mas quando começou a ficar frequente resolveu pedir o divórcio.
Ela falou também como seu irmão veio parar aqui.
Ela disse que depois que descobriu de sua doença, meu pai a contratou como Administradora, e seu irmão a pediu para que trabalhasse como seu secretário, e assim poderia a ajudar em sua recuperação. Mas assim que sua mãe assinou o divórcio, ele voltou para Inglaterra, mas prometeu voltar caso sua doença se agravasse.
- Essa é a história de como eu vim parar aqui... - Sorriu.
- E gostou?
- Sim. Principalmente esse ano. - Ela tinha o sorriso mais lindo estampado em seu rosto, e eu amava ficar o admirando, mesmo que as vezes eu me perdesse no que ela estava falando. - Mesmo com todas as implicâncias no escritório, ou com as lágrimas que eu derfamava em casa sozinha, valeu a pena cada momento aqui esse ano. - Ela colocou sua mão em meu rosto e eu sorri sentindo seu toque. - Eu pude conhecer você, e assim você se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida, e uma das que mais amo. Você me completou quando eu parecia uma peça perdida de um quebra cabeça de cinco mil peças.
- Se está tentando me fazer chorar... Está quase lá... - Eu disse e então ela riu.
- Não, estou só dizendo como você é importante pra mim, o quando eu te amo e como você é minha única família aqui agora...
Eu a beijei. Um beijo calmo e puro. Um beijo de amor que ela jamais poderia compartilhar com outra pessoa. Seus labios e seu coração pertenciam a mim.

Flashback off

Ingrid voltou com três cafés em mão. Ela foi teimosa como a Lisa e me trouxe um, mas eu sabia que precisava dele. Eu precisava me manter acordado por ela. Pra ela.

Uma Metade PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora