Meu último fio de esperança estava se rompendo. Todas as minhas forças estavam indo junto com ele. Eu não aguentava mais.
Tudo ao meu redor parecia estar se desmoronando sem ela. E eu já não aguentava mais essa sensação. Eu precisava dela, assim como ela precisava de mim.
Ingrid e Ian se abraçavam, como se estivessem mantendo um ao outro seguro em seus braços. Querendo garantir que estavam ali. Eu os entendo, queria poder fazer o mesmo.
Meus pensamentos dessa vez não estavam na Lisa. Estavam nas pessoas ao redor dela.
Seu irmão, que tanto cuidou dela aqui nos EUA. Agora na Inglaterra, como estaria se sentindo? Ele estaria sofrendo como nós? E sua avó? Ela me disse que era apegada a sua avó. Como ela ficaria sabendo que perdeu sua neta?
De fato eu não tinha mais nenhuma esperança. Eu havia a perdido. E isso dói.
Se fosse ao contrário, saberia que ela se manteria firme em sua fé de que eu melhoraria. Mas ela sempre foi mais forte mesmo.
Ela sempre soube o que dizer para as pessoas tristes. E o que eu vou dizer? O que eu vou fazer sem ela? Provavelmente nada. Já que prometi que não iria me afundar no buraco escuro novamente. Mesmo eu sabendo que lá seria o único lugar que eu encontraria um pouco de paz.
Paz.
Parecia impossível até pensar em uma palavra como essa numa situação como essa. Estava tão longe de ter paz sem ela.
Ela ativava todos os meus botões. Menos os que traziam o pior de mim. Ela me fazia ter alegria, paixão, amor, e a bendita paz que eu tão precisava.
- Senhor Báthory. - O doutor Fitz finalmente apareceu.
Seus olhos estavam cansados. Eu entenderia se estivesse à cinco horas tentando salvar a vida de alguém.
- Eu mesmo. - Levantei rapidamente quando ouvi meu nome. Uma pequena luz de esperança se acendeu ao vê-lo. E tudo que eu mais queria, era que essa esperança permanecesse.
- Me acompanhe por favor...- Ele disse com desânimo.
Entramos em uma sala onde Lisa descansava com a máscara de oxigênio. A máquina que media a sua frequência cardíaca estava normalizada.
- Vou deixar vocês a sós. - o Doutor disse e por fim saiu.
Ela estava tão pálida. Tão longe de sua verdadeira pessoa.
Seu cabelo já não brilhava como antes, seus labios pareciam que estavam rachados e secos, seus olhos tinha círculos negros em volta. Não era minha Lisa.
Puxei uma cadeira que havia lá para perto de sua cama e fiquei a Olhando com os olhos cheios de lágrimas. Segurei sua mão e pude sentir o quão gélida ela estava.
- Oi amor, - disse já me derramando em lágrimas. - eu sei que você vai sair dessa. Eu sei que vai, você é forte, muito forte.
Não havia nenhum sinal de vida ali. Seu corpo estava ali, mas nada. Não a sentia ali.
- Eu te amo. - Disse limpando as lágrimas.
Eu precisava falar isso. Precisava que ela soubesse. De alguma forma eu sabia que ela era capaz de ouvir.
Me levantei e selei nossos lábios mais uma vez. E junto, deixei minha lágrima em seu rosto.
Voltei a me sentar, e o barulho dos bipes se diminuíram cada vez mais.
Apertei sua mão em desespero e abri a porta correndo.
- UM MÉDICO! POR FAVOR ME AJUDEM! - Gritei pela porta na esperança de que alguém viesse me socorrer.
Voltei a Lisa segurando sua mão já com meus olhos inundados quando Doutor Fitz entrou, e junto com ele, aquele bipé se tornou um bipé único e longo.
Eu não aguentei. A abracei chorando em desespero.
Doutor Fitz tentava me colocar pra fora mas eu me negava a deixá-la sozinha.
Mas então foram chamados os seguranças, e eu já não tinha mais opção. Eles me seguraram me colocando pra fora.
Ian me viu em desespero e levantou com seus olhos brilhando.
Apenas balancei a cabeça em negação. Ele entendeu então veio em minja direção me abraçando apertado, e mais uma vez, eu desmanchei em lágrimas.
Já não sabia como era possível eu chorar tanto em uma noite apenas.
Todas as cabeças estavam curvadas, a de Ingrid estava entre suas maos desabando em choro, a de Sebastian estava com uma mão cobrindo seu rosto, e ele deixava suas lágrimas escorrendo e atingindo ao chão.
Minha cabeça estava apoiada no ombro do Ian. Eu o apertava tanto que mal sabia como ele estava aguentando. Sua camisa estava completamente encharcada pelas minhas lagrimas e imaginava que a minha estivesse do mesmo modo.
Naquele momento eu pude ver meu fio de esperança completamente desfeito. E meus fios de dor e sofrimento unidos e bem fortes.
Essa única mulher me trouxe alegria com sua chegada, mas me deixou somente com a dor com sua partida.
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Uma Metade Perdida
RandomBarry Báthory é um homem de 25 anos com o mundo aos seus pés. Quando viaja para os EUA, para trabalhar na empresa de seu pai, como um castigo por um acidente que havia provocado, ele encontra a única coisa que ele poderia querer na sua vida.