08. As coisas que deixamos para trás

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Arqueei uma sobrancelha ao ver Dean abrir a boca e fechar pela terceira vez.

— O que foi? — deslizei o dedo pelo visor do celular novo fazendo uma combinação no jogo. Tinha sido obrigada a comprar um modelo novo visto que as vetalas tinham decidido jogar o meu antigo em alguma lixeira que eu jamais procuraria.

Ele trocou o peso do corpo de um pé para o outro enfiando as mãos dentro dos bolsos da calça.

— Você realmente morava na Austrália? — essa foi sua pergunta.

Dei de ombros decidida a abandonar o jogo em meu celular.

— Sim. — Não por opção. — Por que? — enfiei o celular no bolso traseiro da calça.

Dean me encarou por alguns instantes parecendo debater se valia a pena insistir no assunto. Ele sacudiu a cabeça, olhando para os sapatos.

— Só perguntando.

Assenti lentamente.

— Qual é o lance do Castiel? — perguntei ao cruzar os braços.

Dean arqueou as sobrancelhas deixando transparecer a surpresa devido a minha pergunta.

Ainda estava assimilando o fato de ele ser um anjo e ter fuçado a minha mente.

— O lance dele? — o Winchester repetiu parecendo considerar as palavras. — Não acho que Cas tenha um lance. — disse por fim.

Crispei os olhos, balançando a cabeça.

— Ele vem e vai a todo instante. — apontei. — E ele não estava com vocês quando nos conhecemos. — acrescentei.

Dean riu.

— Você presta bastante atenção nos detalhes óbvios. — comentou com ironia me fazendo revirar os olhos. — Ele possui alguns problemas para resolver no... céu. — Dean disse a última palavra com cautela. — E para a sua informação foi ele quem nos levou até a sua casa em Melbourne.

Balancei a cabeça levemente.

— Por causa de todo o lance de se teletransportar. — constatei.

— Castiel é uma das melhores pessoas que já conheci. — Dean disse com certo pesar no olhar. — Não que você ligue, mas ele já sacrificou um bocado de coisas por mim e pelo meu irmão.

Não que você ligue.

A frase tilintou em minha cabeça e foi como um soco no estômago; fora grosseiro, mas não deixava de ser verdade.

Tornei meu olhar para o rosto de Dean decidindo não insistir no assunto. Ele retirou a mangueira de gasolina do Impala, soltando um suspiro. Estávamos num posto de conveniência reabastecendo enquanto Sam terminava de conferir algumas informações com a polícia local.

Sentia falta de Sioux Falls.

De Bobby também, mas ele riria se eu dissesse isso.

— Quer alguma coisa? — Dean perguntou indicando para a loja comigo negando. — Volto em poucos minutos. — ele seguiu em direção as portas voltando alguns passos. — Ah... não toque na minha baby. — avisou antes de passar pelas portas de vidro sumindo de meu campo de visão.

Contive a vontade de revirar os olhos, pegando meu celular novamente. Um sorriso curvou meus lábios ao ver a tela acender indicando uma nova mensagem.

Dyl B: Como estão as coisas? Anda chutando muitas bundas por mim? Sinto sua falta, A.

Balancei a cabeça digitando uma resposta rápida.

Only Human (Supernatural)Onde histórias criam vida. Descubra agora