22. Desde quando ficamos tão sentimentais?

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— Uma hora ou outra eles vão cair em si. — Bobby disse, afagando meu ombro. — Só estão magoados.

Soltei um longo suspiro cobrindo a mão de Bobby com a minha.

— E você não? — perguntei com certa cautela.

Ele exalou, relaxando os ombros.

— Demorou dias até que eu conseguisse estabelecer uma conversa com você, criança. — seus lábios se curvaram num sorriso de lado como se ele fosse inundado pelas lembranças dos últimos meses. — E até você decidir confiar em mim para me contar suas suspeitas acerca do que havia acontecido... foram mais longas semanas. — ele olhou para o horizonte. — Todos tem os seus motivos para se comportarem da forma que se comportam. — o céu adquiria tonalidades mais claras a medida que o Sol ameaçava surgir no horizonte. — Sam e Dean já fizeram esse tipo de coisa um com o outro mais vezes do que eu possa me lembrar.

Um sorriso triste brincou em meus lábios.

— Obrigada por isso.

Bobby afagou meu ombro novamente.

— Já está passando da hora desse velho ir pra cama. — brincou. — Precisa de mais alguma coisa? — os olhos azuis varreram meu rosto em busca de algum pedido silencioso.

Neguei com um meneio.

— Não fique acordada até tarde. — advertiu.

Soltei uma risada curta e abafada. Sabia que não conseguiria dormir mesmo que cada parte de meu corpo desejasse estar em meu quarto no conforto de minha cama ao invés de estar amontoada em cima do sofá com estofado desgastado.

— Boa noite, Bobby.

Ele acenou antes de se afastar e logo sua silhueta se misturou as sombras sumindo do meu campo de visão. Puxei minhas pernas trazendo-as até o meu peito antes de apoiar o queixo nos joelhos, abraçando-os enquanto tornava a observar o nascer do Sol.

O céu era uma mistura de tons alaranjados e avermelhados com azul e dourado.

Fechei os olhos tentando afastar os pensamentos que insistiam em rondar a minha mente. E se os Winchester decidissem me odiar para sempre?

A ideia de que isso poderia acontecer deixava um buraco em meu peito levando em conta tudo o que tínhamos vivenciado juntos, mas se fosse necessário, eu enfrentaria a rejeição de ambos por mais difícil e doloroso.

Sei que Bobby tinha dito que eles só estavam chateados, mas eu sentia que era mais do que isso. E pela primeira vez em muito, muito tempo torci para que estivesse errada.

O clique de uma porta próxima a mim indicou que alguém a tinha aberto e desejei que não fosse Bobby e todo o seu discurso para que eu subisse e fosse dormir pois algumas horas de sono fariam total diferença se eu estivesse em apuros.

No instante seguinte, senti o sofá afundar ao meu lado o que fez com que eu quase caísse de cara no chão. Sabia que não era Bobby pelo cheiro suave de cerveja e fruta cítrica que emanava do corpo próximo ao meu. De repente era como se o aquele lugar tivesse diminuído drasticamente de tamanho e o oxigênio restante fosse pouco para duas pessoas compartilharem aquele espaço por muito tempo.

— Não consegue dormir? — a voz de Dean invadiu meus ouvidos.

Comprimi os lábios para dentro da boca. Era agora ou nunca.

— Escuta Dean — engoli em seco. Sem enrolação ou provocações dessa vez. — Não era a minha intenção magoar vocês e eu reconheço o quanto errei. Sei o que mentiras podem destruir e mesmo que eu tivesse os meus motivos não foi certo. — o Sol já estava alto no céu e raios dourados eram lançados por toda a parte. — Eu entendo se vocês decidirem me odiar pelo resto de suas vidas. — murmurei.

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⏰ Última atualização: Mar 30, 2021 ⏰

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