12. Dias dourados

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A areia aquecia meus pés enquanto observava as ondas quebrando a menos de 10 metros de distância. Inclinei minha cabeça para trás observando o céu enquanto diversas estrelas brilhavam pela extensão azulada.

Fechei os olhos, respirando fundo enquanto deixava o cheiro da maresia abraçar o meu corpo num aperto reconfortante. Casa. Ou pelo menos, onde costumava ser.

— Estou feliz que você esteja aqui. — a voz de Dylan soou baixa. — Sei que... sei que voltar para cá está no final da sua lista de prioridades no momento.

Abri os olhos, voltando meu olhar para a água.

— Não é como se eu tivesse tido alguma escolha. — murmurei. — Will sempre deixou claro o quanto os riscos eram altos caso eu decidisse ser imprudente. — neguei com um meneio. — Veja onde isso o levou.

Por mais que eu tivesse implorado, chorado e me debatido não fora o bastante para que não deixássemos a Califórnia para trás. Era muito nova para morar sozinha e meu pai jamais permitiria que eu morasse com Dylan por causa de Justin.

Afastei o aperto em meu peito quando memórias antigas ameaçaram invadir minha mente.

— Anos. — Dylan suspirou. — Anos e nunca encontramos uma solução.

Dei de ombros.

— É difícil encontrar a solução de algo que não existe. — minha voz soou abafada pelo canto das gaivotas. — Mas... eu sinto falta daqui, da vida que tínhamos. — desviei o olhar para o rosto de Dylan. — De você.

Abri um sorriso fraco, segurando seu rosto com uma de minhas mãos.

— É tão injusto que você tenha que pagar pelos erros de seu pai.

Assenti lentamente, trancafiando a sensação de que meu peito parecia estar sendo esmagado.

— Tal pai, tal filha. — acariciei sua bochecha. — Não se martirize por isso. Não há nada que você possa fazer.

Dylan curvou os ombros para frente, soltando um suspiro.

— Obrigado por vir.

Dylan Blake era a única família que havia me restado e o único e mais antigo amigo que eu possuía. Por mais que as vezes cruzássemos certos limites... ele ainda era a única família que eu tinha. E que eu sabia que podia contar para absolutamente tudo, tinha sido assim desde que éramos pirralhos correndo pela vizinhança.

Ele encarou o horizonte, ainda com a mão sobre a minha.

— Alguns corpos foram encontrados completamente desfigurados. — ele disse, apertando minha mão. — Marcas de mordidas e arranhões.

Franzi o cenho.

— Lobisomens?

Dylan negou com um meneio.

— No começo, achei que fossem os licantropes buscando irritar o clã de Justin. — ele suspirou. — As marcas e mordidas não são de lobisomens, Ally. — senti o aperto em minha mão aumentar. — Depois do que você me disse, sobre as vítimas terem vendido suas almas anos atrás...

Fechei os olhos momentaneamente ao perceber do que se tratava. A bile subiu em minha garganta e o esforço para mantê-la afastada fez meus olhos encherem de água.

Cães do inferno. — minha voz não passava de um sussurro rouco.

Dylan concordou lentamente.

— No total foram 6 pessoas. — ele disse. — Você sabe quantas pessoas...

Engoli em seco.

— 6 pessoas desaparecidas em Illinois.

Only Human (Supernatural)Onde histórias criam vida. Descubra agora