21. Luar negro

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— Desculpe, mas eu te conheço de algum lugar? — não pude evitar perguntar quando a sensação de familiaridade tomou conta de cada célula do meu corpo.

A garota pareceu só então ter notado a minha presença. Ela ergueu as sobrancelhas e balançou a cabeça em negação.

— Levando em conta que vocês vieram de longe, eu tenho minhas dúvidas. — disse ainda me encarando. Seus olhos eram cor de ônix, tão intensos que pareciam absorver toda a luz ao redor. — Então, em que posso ser útil? — repetiu a pergunta.

Vi de soslaio Sam negar com um meneio quando Dean fez menção de falar alguma coisa.

— Feitiços de localização. — disse a primeira coisa que surgiu em minha mente.

Ela nem ao menos piscou. Sua postura estava ereta enquanto ela indicava uma mesa com chá e biscoitos de cor esquisita que eu podia jurar que não estavam ali antes.

— Está à procura de alguém? — perguntou. — Ou algo? — virou-se e começou a caminhar entre as prateleiras do recinto.

Dean e Sam me encaravam ambos confusos, murmurei um "tenho tudo sob controle" enquanto seguia a garota. Vi de esguelha Dean correr em direção a mesa com os biscoitos.

Ela parou a alguns metros de distância parecendo empenhada em encontrar algo em meio a algumas velharias.

— Ambos. — respondi enquanto encarava uma variedade de exemplares sobre energia e suas classificações. Franzi o cenho. — Perdoe minha memória, mas qual o seu nome?

Ela se virou com um caderno surrado em mãos.

— Aqui está o seu feitiço. — ela esticou a mão para me entregar a caderneta ignorando minha pergunta. — Todas as instruções de que precisa estão aí, mas recomendo esperar até a lua cheia para realiza-lo.

Um calafrio percorreu meu corpo quando nossos dedos se tocaram, mesmo que brevemente, e algo me dizia que ela também tinha sentido a mesma coisa.

Seu olhar recaiu sobre o meu rosto. Ela parecia extremamente confusa.

— Quem é você? — seu olhar emanava desconfiança e eu sabia que se mentisse, ela saberia.

Engoli em seco, segurando a caderneta com força.

— Allison Chermont. — respondi. — E você é?

— Beatrice Roux. — sua voz saiu baixa e receio que se não estivéssemos tão próximas, não teria escutado. — Seu sobrenome é francês, no entanto, você não parece ser francesa. — pontuou.

Nem você, quis replicar. Porém seria mentira, Beatrice parecia ter saído de alguma pintura da renascença francesa pois era estupidamente bela.

— Meu pai é americano. — olhei ao redor procurando por Sam e Dean. Onde eles estavam? — Não saberia te dizer se temos parentes na França, talvez algum tataravô.

Seus olhos cor de ônix me analisavam com cautela.

— Ele me disse que você era esperta. — comentou. — Pelo visto Will não estava exagerando.

Parei atônita encarando a ruiva em minha frente. Algo como compreensão brilhava em seus olhos.

Engoli em seco tentando alcançar as palavras que fugiam de minha boca.

Nós estávamos no lugar certo. A frase ecoava em minha mente.

— C-como você conhece o meu pai? — minha voz saiu num fio.

Beatrice abriu um sorriso pequeno quase melancólico.

— Acredito que você saiba visto que conseguiu me encontrar.

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