Alone Together

22

O dia amanheceu chuvoso, depois da escola eu voltei para casa pensando em um jeito de visitar meu pai. Não vejo meus tios faz alguns dias e Arlin ainda não está falando comigo. Não entendo porque todos resolveram me abandonar, eu estava lá os ajudando em todos os momentos difíceis, porque não podem estar comigo agora?

Tem vezes que eu me sinto estranha por estar me comunicando mais com a família Payne, porém se parar para pensar é minha única opção, eu estou praticamente vivendo sozinha!

Eu penso no meu pai, de como ele está vivendo, se está olhando a chuva como eu, se já chorou sentindo saudades de mim... Saudades de simples gestos como um "cresceu, virou gótica, não quer me dar um beijo de boa noite" ou um preparo de café da manhã.

Eu sei que estamos debaixo do mesmo céu, porém estamos distantes demais para contarmos as mesmas estrelas.

Sinto como se aos poucos eu estivesse perdendo partes de mim.

O celular que estava ao meu lado no chão tocou me dispersando dos pensamentos tristes que a chuva trazia. Limpei meu rosto molhado pelas lágrimas com a mão.

- Alô? -Coloquei o aparelho no ouvido depois de atender e apertei mais o casaco azul escuro em torno de mim. Eu deveria voltar para meu quarto e me aconchegar na minha caminha, mas sou viciada em ver chuva e a varanda é o melhor lugar porque eu gosto de ficar na companhia das minhas plantas.

- Você pode falar agora? -Olhei para a tela vendo um "Niall" aceso e coloquei de volta do ouvido. Essa é a primeira vez que falamos por chamada.

- Posso claro.

- Fiquei com medo de ligar, você poderia estar trabalhando e brigarem por causa disso. Você está em casa?

- To sim. Minha família é dona da loja eles não brigariam comigo.

- Que chique. -Ele fez uma voz afeminada e eu dei um sorrisinho. -Então é por isso que pode ter folga sempre que quiser?!

- Não é exatamente assim, mas... É.

- Folgada. -Dei de ombros mesmo sabendo que ele não poderia ver. -Queria ir aí te encontrar, mas tenho que ficar com minha avó.

- Ela está bem?

- Sim. Outra pessoa que não parece estar bem. Porque você está com voz de choro folgada?

- É como fica minha voz no celular. A sua fica de prostituta.

- Não julgue meu emprego! É o meu jeito de ganhar pão. -Ri me levantando do chão da varanda para ir em direção ao meu quarto, mas resolvi ir para o quarto do meu pai. Faz tempo que não entro lá. -Vai me falar o verdadeiro motivo agora?

- A mudança de tempo me deixou espirrando um pouco, nada demais.

- Espero que melhore antes do nosso encontro no sábado; não quero que espirre na minha cara quando eu for te beijar.

- Eu tenho senso, não vou espirrar em você!

- Ah então os beijos você aceita?!

- Depende da parte do filme. Se for desinteressante...

- Interessante...

- Posso fazer uma pergunta? Você mora com sua avó? -Vi uma moldura com fotos e fui vê-la de perto.

- Sim. E você?

- Não moro com sua avó não. -Ri.

- Nossa como você é engraçada.