O Namorado Da Minha Irmã | Completo

Capítulo 14

#KATHARINE

-Por favor Kate, fala alguma coisa! -Disse Sophie depois do meu silêncio

-O que quer que eu diga? Eu...você podia ter me contado, você preferiu passar por isso sozinha...preferiu contar para um estranho do que para a sua própria irmã! -Eu disse me levantando.

-Kate, olha... -Disse Nathan tentando intervir.

-Olha, eu não quero falar com você agora! Como pode aceitar essa ideia de casamento, como pode não me contar nada?

-A culpa não é dele! Foi ideia minha, quando eu descobri que podia morrer, eu pensei em tudo que eu queria fazer e não ia poder, eu queria ir para a faculdade, casar com um homem legal, talvez dois filhos, viajar para a Europa, sabe a sensação de não ter tempo para nada disso...mas pelo menos para uma coisa eu tenho, que é me casar. -Ela disse segurando a mão de Nathan. -Por favor, Kate. Me apoie nesse último desejo. -Eu dei um abraço nela, nós duas choramos, eu só queria aproveitar o tempo que minha irmã ainda tinha.

-E você já tem uma madrinha? -Sophie riu e limpou as lágrimas.

-Eu não sei não, minha irmã odeia usar vestidos.

-É uma ocasião especial.

-Eu vou tomar um banho, eu estou com cheiro de hospital. -Disse Sophie indo para o andar de cima, Nathan ameaçou falar algo mas logo desistiu.

-Você é realmente bom em guardar segredos... -Ele riu e se sentou no sofá suspirando.

-Eu só queria fazer a coisa certa...eu gosto muito da sua irmã, de verdade.

-Você a ama? -Nathan demorou responder, e no final não disse nada. -Eu espero que o vestido não seja rosa. -Eu disse me levantando e indo para o quarto.

Sophie tentou fazer o tratamento no dia seguinte, ela sentiu muitos enjoos e febre, eu e Nathan estávamos sempre ao lado dela, ela não gostava que a gente entrasse com ela, então nós dois ficávamos no corredor, a cada tratamento ela se sentia pior, a própria médica disse que ela tinha que piorar para melhorar, mas ver sua irmã naquele estado era horrível, uma semana antes do casamento ela parou com o tratamento, ela se sentiu ainda pior, sempre dormia chorando por conta das dores, mas Nathan sempre passava as mãos pelos cabelos dela e dizia que estava tudo bem, tudo aquilo nos aproximou muito, nós seguramos um no outro para não cair.

O vestido que Sophie comprou para o casamento estava muito largo, ela havia perdido muito peso, seu cabelo ainda caia mesmo depois de ter parado a quimioterapia, ela não convidou muitas pessoas, apenas amigos próximos, a família de Nathan e nossa avó, a única família que tínhamos, mais na véspera do casamento ela teve um surto, nós corremos com ela para o hospital, levou horas para alguém vir falar conosco.

-Vocês estão aqui...pela Sophie? -Disse o médico olhando para nós dois.

-Sim, sim. Como ela está?

-Ela não está nada bem, ela parou o tratamento, mas o corpo dela não consegue mais prosseguir.

-Então ela deveria voltar a fazer o tratamento? -Perguntou Nathan.

-Não creio que ela tenha tempo para isso, o jeito é a cirurgia, o mais rápido possível, ela já acordou, eu expliquei a situação para ela...mas ela não quer fazer a cirurgia, talvez vocês possam convencê-la.

-Podemos vê-la? -Eu perguntei olhando para o quarto onde ela estava.

-Claro, só entrem um de cada vez. -Disse o médico.

-Você...pode ir na frente.

-Tem certeza? -Perguntou Nathan, eu assenti e ele entrou, seria impossível convencer Sophie a fazer a cirurgia, ela já está decidida sobre o que quer. Nathan parecia ter ficado lá horas, mas na verdade só foram dez minutos, ele saiu com uma expressão bem pior do que entrou. -Ela quer ver você.

Eu entrei no quarto, aquilo acabou comigo, Sophie estava péssima, ela tinha um brilho natural, era uma pessoa tão viva, animada, descontraída e agora ela estava...quase morta.

-Oi...como você está? -Eu perguntei se sentando ao seu lado, eu peguei sua mão, estava gelada e tão magra.

-Estou bem, estou pensando...você acha que foi um erro?

-O que? Não fazer a cirurgia? Ou se casar?

-Os dois? É injusto e egoísta fazer isso com Nathan, a lua de mel dele vai ser em uma funerária.

-Não diga isso Sophie...

-Kate olha para mim?! Eu não consigo fazer mais nada sem ficar ofegante ou cansada, eu nem sei se vou conseguir caminhar até o altar. Eu não amo Nathan, ele foi meu primeiro namorado, eu odiava a ideia de morrer sozinha, e ele cuida tão bem de mim, e engraçado, divertido e me faz eu mim sentir...amada. Eu também não acho que ele me ame...

-Se ele aceitou...e se ele está aqui o tempo todo...então ele sente algo por você, ninguém faria isso por qualquer pessoa. -Sophie sorriu e me olhou.

-Promete uma coisa para mim! Se eu morrer...quando eu morrer, eu quero que vocês continuem sendo amigos.

-Sophie nós nunca fomos amigos...

-Eu sei que você gosta dele, ele é um bom amigo e um bom ouvinte, você ri quando está com ele, e ele parece se preocupar com você, por favor Kate, meu casamento é amanhã.

-Você vai mesmo...se casar?

-Eu espero durar até lá, o médico disse que eu vou ter que passar a noite aqui, eu quero que vocês vão para a casa, amanhã é meu casamento, não quero ninguém pior do que eu.

-Sophie, eu não vou embora eu...

-Vá para a casa! Se eu ver vocês dois no corredor eu vou falar com o guarda que não conheço vocês. Por favor, descanse.

-A gente mora muito longe, se acontecer alguma coisa...

-Kate, eu estou em um hospital, eu vou ficar bem.

-Ta bem, mas amanhã cedo eu venho de buscar.

-Eu te espero. Eii Kate... -Ela me chamou antes de eu sair. -Eu te amo.

-Eu também te amo. 

Quando eu sai do quarto dela eu encontrei Nathan girando um chave no próprio dedo.

-O que é isso?

-A chave de um hotel aqui perto, sua irmã me OBRIGOU a ter uma despedida de solteiro, foi uma ordem.

-Desculpa, eu não estou no clima.

-Vamos lá, amanhã eu irei me casar, é motivo de comemoração.

-Você só esta se casando com ela porque Sophie está doente, pode parar de ser condescendente.

-Você nem sabe o que essa palavra significa! Kate, eu estou fazendo isso porque eu gosto de Sophie e porque me importo com ela, você está agindo como se ela já estivesse morta, sua irmã está viva e bem naquela sala, então em vez de começar a preparar o enterro, porque a gente não comemora mais um dia de vida dela? -Ele disse e andou na frente, eu suspirei, aquilo não era mentira, eu devia ter grata por minha irmã ainda estar viva. Eu fui ate Nathan e parei na frente dele.

-Eu pago as bebidas!

-Agora estamos falando a mesma língua.

Continua