Capítulo 3

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Mesmo com todas as comidas saindo de um pacote pronto, o almoço estava incrivelmente bom. Na verdade, o que deixou tudo mais saboroso foi o momento. Nenhum de nós se importou com lasanha congelada enquanto nos perdíamos em conversas paralelas, todos ao mesmo tempo. Marcus sentou-se bem à minha frente, mas não trocamos muitas palavras durante toda essa onda de falatório.

Lavínia esperneia para descer do carrinho de bebê direto para o colo do pai, que atende seu pedido e a leva de volta à horta.

— O dever nos chama — diz Jonathan, saindo da mesa com Lavi nos braços. A garotinha é uma cópia quase perfeita de Clarice, pelo que me lembro de fotos dela praticamente na mesma idade da filha. Além do gosto pela jardinagem, não há mais nada que traga semelhanças a John.

— Liz, Anays e Alanna mandaram mensagem perguntando de você — anuncia Clara.

— As gêmeas?! — pergunto.

— Elas estão tocando por aqui agora? — Quer saber Mimi.

— Sim — confirma Clara.

— Elas voltaram há uns seis meses. Eu fui semana passada na Babaloo e elas estavam lá... é até legal. Melhor do que na época da escola.

— Elas já eram boas na escola — defendo.

Marcus encolhe os ombros e sai da mesa para se jogar na espreguiçadeira em baixo do pé de carambolas.

Pelo que me lembro, algumas festas do Ensino Médio no Rui Barbosa apresentavam as gêmeas como DJs. Naquela época, ninguém se imagina fazendo nada pelo resto da vida, mas é nesse momento da vida que decidimos, sem querer, o que seremos dali em diante. Clara e Jonathan demostravam que ficariam juntos por muito tempo, e já até falavam de casamento. Mimi levava maquiagem para a escola e sempre estava vestindo peças de roupa mais extravagantes e estilosas – em uma das palavras; e eu, bem... eu e comida. Isso resume o que gosto de fazer na vida desde os dez anos.

— Enfim... — continua Clara — elas nos chamaram para ir na Babaloo sábado.

— Ahhh! Eu tinha falado com Jean para irmos no Bife's no sábado — diz Mimi.

— Dá para fazer os dois... — Marcus opina — Aproveitem que não há mais "toque de recolher" dos pais e vão.

— Eu tenho toque de recolher da minha filha — diz Clara, sem ânimo.

— Sua filha tem pai. — Marcus é direto. — Não é como se ela fosse ficar sozinha em casa, como em Esqueceram de Mim.

Mimi e eu estamos como dois mímicos, olhando de Clara para Marcus; de Marcus para Clara.

— Eu acho que...

— Clara, onde está Lavínia? — pergunto.

Ela não precisa responder. A solução para esse problema está clara.

— Certo... certo. Vamos! — Ela se anima de repente, e, com o burburinho da comemoração junto comigo e Mimi, não ouvimos Jonathan chamando.

Ele, então, vem até o quintal.

— Clara, o que diabos é isso? — questiona, e nós três olhamos em sua direção.

O silêncio se espalha entre nós quando vemos o que ele segura, e, uma a uma, começamos e nos manifestar.

— Ai, meu Deus...

— Isso é...?

— Liz! A caixa!

— As Listas? Não...

— Do que vocês estão falando? — É Marcus confuso.

— Quê?

Liz e a Lista do NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora