Capítulo 27

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Marcus e eu voltamos para casa com muito mais coisas do que pensamos inicialmente. O que deveriam ser compras para o almoço e comidas para os próximos dias, se tornou compras de natal, com direito até a presentes para todo mundo.

Bem, não são presentes grandiosos, mas fizemos o melhor que pudemos com o que tínhamos. Quero dizer: se você está no mercadinho de bairro, não pode esperar comprar um aspirador de pó robô (para Clara não precisar perder duas horas aspirando a casa), nem uma câmera fotográfica (para Mimi), ou um capacete personalizado (para Guga). O melhor que fizemos foi comprar uma boneca para Lavínia. Eu adorei, pois ela está vestida de astronauta.

E, claro, compramos os cartões natalinos para todo mundo, também.

E a árvore.

O pinheiro falso, salpicado de neve, está debaixo do braço de Marcus, e é o que chama a atenção de todo mundo quando chegamos em casa. Jonathan, que estava na sala jogando videogame, foi o primeiro a perguntar o que diabos tínhamos feito, chamando atenção de Mimi e todo o resto.

Clara aparece, saindo da cozinha segurando a mão de Laví, e pergunta:

— Onde vocês estavam? Saíram há duas horas!

— Tá todo mundo com fome — Jonathan reforça.

Não respondo nenhuma das perguntas. Meu sorriso está largo no rosto, como o sorriso do gato de Alice. Levando as sacolas plásticas nas mãos e anuncio:

— Trouxemos presentes!

— E enfeites! — Marcus complementa.

— Mas... e a comida? — John vira-se para nós, abandonando o jogo de corrida que estava apostando, todos os outros participantes passando correndo acelerados por seu carro cor-de-rosa.

— Também, claro — tranquilizo-o.

Só então Gustavo aparece e se oferece para levar tudo para a cozinha. Deixo as sacolas com presentes em cima do sofá, e dou um tapa em John quando ele ameaça espiar.

Quando estou passando para a cozinha, noto Caio parado, encostado no arco da porta de nosso quarto, de braços cruzados. Ele me olha e diz apenas um "oi" seco.

— Oi! — digo, ainda empolgada. — Vem, nós compramos presentes.

— Eu vi — sua voz continua monótona, como o "oi". — E uma árvore também.

— Ah — encolho os ombros — sim. Foi ideia de Marcus, ele achou que natal não seria o mesmo sem as decorações.

— É. Podiam enfeitar as árvores na varanda.

— Eu sei! – Bato uma palma. Não tinha pensado nisso. — Compramos pisca-pisca, então ainda podemos.

— Li-iz! — A voz de Marcus ecoa da cozinha, e eu viro a cabeça rapidamente. Ele aparece na porta da cozinha, só a cabeça, e me chama novamente, erguendo as sobrancelhas enquanto fala:

— Preciso de você, chef.

Levo a mão com os dedos, juntinhos à testa, prestando continência, e ele some porta a dentro.

— Nem vi vocês saindo. Se soubesse, teria ido contigo.

— Eu sei, eu sei — toco seu braço, sem perceber que parece um gesto de consolo. — Eu não quis te acordar. Estava tão tranquilo dormindo!

— Eu não me importaria.

— Foi só uma ida ao mercado, nada demais. Hoje à noite vamos montar as coisas para os enfeites, você me ajuda com as árvores lá fora.

Liz e a Lista do NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora