Capítulo 25

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Chega uma hora que frutas e água não enchem mais a barriga de marmanjos como Guga, Caio, Marcus e Jonathan. Tenho que confessar que, mesmo comendo quase um abacaxi inteiro sozinha, a fome me atacou com tudo. Então, voltamos para a casa alguns minutos antes do meio-dia. Não nos perdemos, afinal. A trilha não é complicada, há apenas alguns caminhos alternativos não muito difíceis de desviar.

— Gente, eu acho que os sanduiches acabaram — diz Clara, fechando a geladeira. Ela apoia as mãos nos quadris, derrotada.

— Aleluia — comemora Jonathan — desculpa, baby, mas eu não aguentava mais comer sanduíche de frango.

— Tinha de sardinha também.

Ele faz uma cara não muito contente.

Levanto as mãos para cima e intervenho com uma solução:

— Tudo bem. Eu vou cozinhar!

Há comemorações de todas as partes. Caio está cochilando no quarto, mas tenho certeza que ele comemoraria se estivesse aqui. O último sanduíche que ele comeu, foi embebido em cerveja, para descer sem ser percebido. Uma mordida, três goles.

— Não tem muita coisa para fazer almoço, Liz — Marcus está abrindo os armários e fechando-os logo em seguida, depois de não encontrar muita coisa com o que trabalhar.

— Eu vou comprar, ué — dou de ombros. — Deve ter um mercadinho por aqui perto, uma venda, não sei. Quando a gente chegou, vimos umas casas, uma rua...

Jonathan concorda comigo, e começo a rabiscar uma lista do que precisaremos para o almoço, para hoje e mais alguns dias. Não demora muito até ter algo montado.

— Vamos, — Marcus chama — eu vou contigo.

— Não precisa.

— É melhor ir mais de uma pessoa, mesmo, já que ninguém conhece o lugar. — Jonathan apoia.

— E eu, hum, preciso comprar umas coisas também.

— Ah, é? — Clara cruza os braços, fitando o irmão.

— É. — Marcus coça o nariz e me chama novamente. — Vamos, Liz?

— Hum, vamos... — respondo, saindo já atrás dele, que atravessa a sala. Olho para a porta do quarto, entreaberta, e brechó pela fresta. Caio está num sono pesado, aparentando mais profundo que um cochilo. Fecho a porta completamente e saio atrás de Marc.

§§§

— Fiquei feliz que você falou em cozinhar. — Ele diz, logo assim que saímos.

A praia está ao nosso lado e o barulho do mar abafa um pouco sua fala, por isso ele aumentou um tom.

— Porque você não vai mais precisar comer sanduíche o dia todo, né? — brinco.

Ele assente.

— Isso também — aponta e ri. — Mas não exatamente.

— Por que, então?

— Eu gosto de ver você cozinhando.

— Ah, para — encolho os ombros, de alguma forma envergonhada. Pode vir de quem for, receber elogios e comentários desse tipo sempre me deixa tímida. — Você só gosta porque sabe que vai comer quando terminar.

— Não é isso — ele joga a cabeça para trás, suspirando. — Eu gosto de ver as pessoas fazendo o que elas gostam. Você ama cozinhar, e dá pra ver no jeito que você faz as coisas.

Escondo as mãos para trás do corpo e entrelaço uma na outra enquanto caminhamos andando. Minha linguagem corporal demostra como estou me retraindo, mas meu sorrisinho diz que ainda assim estou gostando.

Liz e a Lista do NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora