CAPÍTULO 18

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Permanecemos no carro durante umas 5 horas. A horda já tinha partido a menos tempo, Beth dormia por isso não viu nada.

O motivo de esperar mais tempo foi por conta de uma decisão a tomar. Ao clarear do dia, a luz fraca do sol iluminou uma placa:

W A L M A T

O tempo destruiu a tudo, e se bem me lembro esta franquia de supermercado tinha farmácias dentro... e, comprimidos abortivos.

O local era grande, mas a esta altura do campeonato, pouco importa um zumbi - ou vários. A camuflagem feita ontem ainda servia... o odor não incomoda como antes.

Tinha tudo ao meu favor; só uma coisa que me impedia, a minha inconveniente consciência. Afinal, Daryl também deveria fazer parte da decisão.

Já pensei inúmeras vezes essa madrugada, Daryl não quer saber de você, tampouco desse feto. Mas uma parte minha acredita no contrário. Ele está por aí. Ele está atrás de nós três.

Não consigo acreditar em mentiras. Mesmo vindas de mim, para meu próprio conforto.

Uma lágrima ameaça cair. Eu não poderia permitir. Uma vez mamãe me disse que, quando se trata da gente Rose, às vezes, temos que tomar decisões egoístas.

A voz doce dela corre pela minha mente... me aquece. Como sinto sua falta... a sua morte, o jeito que ela aconteceu, me fez cair fora do carro e ir em busca da minha maldita libertação.

A passagem dos zumbis parece ter deixado tudo mais calmo por aqui. Não tinha nada na rua, o mercado ficava do outro lado. Não ia longe. A farmácia era bem onde costumava ser a entrada, pelos entulhos ela - o mercado em si - foi limpo há muito tempo. Os medicamentos mais úteis não habitavam mais por ali, fui diretamente a prateleira com remédios restritos e achei o que procurava, o mais eficiente.

Uma onda de alívio corria nas minhas veias. Eu sei, deveria me sentir mau por isso mas não.

Tinha que retornar para o carro, traçar uma rota de fuga junto com Beth - rezava para a mesma estar em sono profundo.

Quando estava saindo acabei pisando em falso, resultando no caimento de uma placa.

- Droga! - resmunguei.

Limpando a barra da calça de tecido usado em hospitais. Fui surpreendida por uma mão em meu ombro. O toque, eu não acredito.

- Rose!? - a voz me decepcionou.

- Oi, Beth... - não conseguia esconder a minha enorme decepção.

Se ela percebeu, não pareceu se importar.

- O que faz aqui? - quando virei para encara-la suas mãos pendiam sobre a fina cintura. - é perigoso, sabia? - continua.

- Não interessa. - fui grossa, mas me arrependi segundos depois - olha, me desculpe. Fora um erro. Vamos voltar para o carro.

Ela me encara dos pés a cabeça e vê uma caixinha na minha mão esquerda. Pelo olhar, parece me reprovar.

- O que é? - estica o pescoço - antidepressivos?

Sinto uma enorme repulsa pela curiosidade de Beth. Só bastou um olhar meu para calar sua matraca e seguir para o carro.

Atravessamos a rua. E já no estacionamento, digo a Beth:

- Já foi para Washington?

- Como? - diz ela, sentando no lugar do carona.

- De acordo com os planos dos nossos amigos, - pego um mapa e caneta vermelha - os planos eram seguir para a terra do nosso amado presidente.

A confusão só aumenta na face pálida dela.

- Mas por quê? E não temos gasolina para isso.

Dou partida no carro que liga sem hesito.

- A resposta para a primeira pergunta é: a história é longa, conto no caminho.

- E para a segunda?

- Se bem me lembro, na fazenda da sua família tinha uma enorme reserva de gasolina. E pelo que está no mapa estamos à uns... - fui interrompida, ela continuou.

- 15 quilômetros? - parecia entusiasmada.

- Isso! - há inúmeros CDs e olha que sorte! Tem um som instalado.

Beth escolhe um disco do The Doors. Infelizmente o volume não pode ser estrondoso.

E lá vamos nós. Rumo a fazenda dos Greene's.

The Walking Dead: Algo para temer [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora