CAPÍTULO 29

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A busca não foi perigosa, mas sim, eficaz, rápida e longe de problemas.

Todos dentro do carro. Voltando para a fazenda Greene, ou, o que costumava ser. Papai a frente do volante, Glenn ao seu lado o guiando com um mapa. Eu e Daryl atrás. Afastados por um arame farpado invisível, como aqueles tidos em cenas de filmes guerrilheiros.

Meus olhos vidrados na janela, a neve já não era tão fina. Engrossou, zumbis congelados para todos os ângulos olhados. Parecia uma obra macabra de Hannibal. Sentia uma enorme fervilha por não olhar para Daryl, mesmo que fosse breve e a visão rápida o borra-se. Como uma tintura a óleo que vi uma vez na igreja de King.

Mamãe amava aquelas pinturas no teto, - uma magnífica obra de arte, dizia ela a umas amigas ricaças amigas da vovó. Tentando fazer amizade com as mesmas.

Fechei meus olhos me permitindo sentir a vida que eu provavelmente não irei ter. Era algo vazio e distante. Tão distante que nem em pensamentos consigo alcançar. Rapidamente os abro. E pego os olhos sonolentos de Daryl sobre mim.

Ele não os tira, os deixa. Digo algo tão baixo que o som não sai. Apenas bailo meus lábios para ele.

Sua expressão é justa. E diz muito a seu respeito. Seu meneio é doloroso, talvez, suas flechas acertadas em meu peito não doesse tanto.

Coloco minha mão sobre sua perna, o aperto. Esperava um pousar pesado da mão calejada dele na minha, mas não. Só um olhar desinteressado. A tiro.

Respiro fundo. Me enrolo no lençol e fecho minhas pálpebras pesadas. Há mais no mundo dos sonhos para mim.

Ela apareceu novamente. Nada me dizia, mas também nada o disse. Parecia praticar yoga.

Tentava ver seu rosto. Não conseguia.

Acordei com o chacoalhar do carro. Tínhamos chegado na fazenda.

_ Como foi lá? _ Carl apareceu me oferecendo um abraço.

_ Ótimo. _ minto.

_ Trouxe alguma coisa para mim?

_ Achei alguns livros. Dê uma olhada. Está dentro de uma mochila com detalhes em azul.

_ Valeu.

Dou um leve acenar com a cabeça. Pego algumas bolsas e entro para dentro. Tyreese me ajuda com as bolsas e diz que vai atrás de mais.

Coloco minha cabeça em uma brecha da janela coberta por tábuas e vejo Daryl e Beth juntos. Abraçados. Ela acariciando o cabelo dele daquela maneira... meu sangue subiu. Esquentou. O frio não me atingia. Sai até a sacada. E ele me viu de longe, a puxou para um abraço, outro, e a beijou.

O pior é que ela não recuou.

The Walking Dead: Algo para temer [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora