Capítulo 42 - Parte 2

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Beto

__ Me solta, Santiago. Me solta que eu vou quebrar a cara desse bos... - vociferei-lhe enquanto lutava para desvencilhar-me dos seus braços.

__ Calma, Beto. O que é isso? Você não é assim. - ele falou com alguma dificuldade, já que não me largava de jeito algum, mesmo que fosse difícil, tamanha a minha fúria.

__ Me solta! - berrei, só que mesmo assim ele não me largou.

Vou lhes explicar o que aconteceu para que esse outro Roberto que vocês estão presenciando viesse à tona. Depois que eu deixei a Nira na casa dela, e só quando "forcei" ela a comer alguma coisa e a fiz dormir, peguei o meu chevettinho e saí atrás do Afrânio, o MARIDO dela. Até aí tudo bem, certo? Sim, porém... Descobrir que ele não teve a capacidade de levar a própria ESPOSA ao médico para ficar aqui na rua bebendo foi demais até para mim. Não me segurei e já desci do carro "no veneno", e querendo ver sangue. Como o Santiago apareceu aqui, eu não sei, mas depois ele vai me dizer, pois só o que quero saber agora é de arrebentar a fuça desse... Desse... Desse "Afrânio".

__ Larga ele. Larga que eu quero me acertar com ele. - ele gritava bêbado enquanto também era segurado, só que por um rapaz franzino, embora tivesse força.

__ Me solta, caramba! - Santiago era bem chato quando queria.

__ Já falei que NÃO. - Que saco!

Finjo que me acalmo e o meu primo afrouxa o aperto, o que foi a minha deixa para poder "voar" no pescoço do Afrânio, o que fez o rapaz franzino soltar-lhe e levantar as mãos em um resto de rendição, afastando-se da gente e resmungando algo que nem dei importância.

__ Que tipo de MARIDO é você, hein? - "cuspi" em seu rosto enquanto lhe agarrava pelo colarinho da camisa.

__ Da minha mulher, cuido eu. - ele rebateu entre os dentes e até que conseguiu me empurrar. Pelo jeito não estava tão bêbado assim.

__ CUIDA? Você CUIDA? - perguntei-lhe indignado e o empurrei de volta, só que com mais força.

__ Sim. - berrou comigo e veio para me bater, porém o Santiago foi mais rápido e ficou entre a gente.

__ Parou! - ele separou o nossos corpos. __ Será que vocês podem agir como adultos? - pelo visto ele era o único adulto aqui.

__ Com esse daí não dá. - respondi-lhe entre dentes, tentando me controlar, enquanto apontava um dedo acusador na direção do Afrânio.

__ Foi você que começou. - berrou na minha direção e tentou vir me bater, só que o Santiago não deixou o empurrando levemente com as duas mãos e trincando a boca.

__ Só porque você mereceu. - lhe retruquei ainda raivoso. __ A sua MULHER no médico e você aqui, BEBENDO. Mas que belo marido você é, não? - fui sarcástico.

__ E daí? A vida é MINHA e faço dela o que EU quiser. - rebateu irado e dessa vez ele conseguiu tirar o meu primo do caminho, ficou cara a cara comigo e me empurrou pelo peito, falando baixo e entre dentes: __ Me deixa em paz.

__ E a MULHER também. - falei do mesmo jeito e devolvi-lhe o empurrão. __ Ou será que você se esqueceu disso? - falei bem rente ao seu rosto pardo.

__ CHEGA! - Santiago gritou, o que nos assustou, e separou a gente novamente com mais força dessa vez, pois já estávamos com nossos punhos cerrados e prontos para brigar como nós fôssemos dois moleques de rua.

__ Foi mal, Santi. É que... - desculpei-me com ele, mais calmo, embora EU ainda quisesse esmurrar o Afrânio. __ É que esse daqui me irrita. - admiti cansado, passando uma de minhas mãos pela cabeça.

__ Não quero saber. Chega, ouviu? Chega. - meu primo trouxe-me de volta a razão.

__ Você tem razão. - Falei com minhas mãos na nuca. __ Foi mal mesmo. - desculpei-me de novo e bufei cansado, começando a me afastar um pouco dali. Porque eu estou assim? Por quê?

__ Me desculpe por ele. É que ele está meio estressado e... - Santiago deu-me as costas e o ouvi se desculpar com o Afrânio por mim.

__ Tudo bem. Só deixa ele longe de mim e da MINHA mulher. - Ah, não!  Agora já chega.

Praticamente voei na direção deles e dei um belo de um murro no nariz do Afrânio. Acho que o quebrei, só que isso pouco me importa agora. O Santiago me segurou e cá estamos nós.

__ Quem... Quem VOCÊ pensa que é pra me bater? - me falou segurando o nariz com uma das suas mãos e escarrando no chão um pouco de sangue.

__ Sou o homem que levou a SUA mulher ao médico. - bradei irritado lhe apontando o dedo indicador enquanto Santiago me segurava com mais força ainda.

__  E pra quê? Só por causa de uma bobagem?  - BASTA! Debati-me irado nos braços do Santiago e acabei o derrubando no chão sem querer.

__ BOBAGEM?- o empurrei e ele cambaleou. __ Sabe o que é essa bobagem? - exaltei-me mais ainda e tornei a empurrá-lo, fazendo-o cambalear outra vez.

__ Não. O que é? - ele desafiou-me e me empurrou com violência.

__ É CÂNCER, seu idiota. CÂNCER. A TUA mulher está com CÂNCER. Você está feliz agora? - soltei essa bomba na minha irritação e senti o Santiago tocar em meu ombro lentamente.

__ Isso não é verdade. - ele negou transtornado e veio para me bater, só que caiu sobre uma mesa quando o Santiago me empurrou.

Só agora percebi o que fiz. Droga! Levantei-me do chão, ajeitei meu terno e minha gravata, e caminhei até ele. Santiago pediu-me com o olhar para que eu não fizesse isso, porém o tranquilizei com um gesto de mão.

__ Desculpa. - falei e o ouvi chorar baixinho e contido. __ Olha, eu... Eu não queria... Eu não devia... Eu não... - O que eu faço? Que droga! Fiquei de cócoras e toquei em seu ombro para que ele virasse para mim. __ Quer saber? - levantei-me novamente. __ Por que você não larga essa PORCARIA de bebida e vai cuidar dela direito, hein? - falei em tom baixo e ele me olhou perdido, mas depois concordou com a cabeça. __ Vem! Eu te ajudo. - lhe estendi a mão e ele a aceitou.

A Djanira não merece o Afrânio como marido e muito menos ele a merece como esposa, porém quem sou eu para falar o que ela deve ou não fazer com a própria vida, não é mesmo? Sabe o que espero de verdade agora? Que ele vire o tipo de homem que ela vai precisar daqui para frente. Não vai ser nada fácil para ela, mas sei que ela vai vencer. Ela tem que vencer!

O Santiago até se ofereceu para levá-lo ao médico, por causa do leve sangramento do nariz, todavia, ele não aceitou, pois preferiu ir direto para casa. Menos mal! Entrei no meu carro e ainda fiquei algum tempo dentro dele, pensando, antes de dar a partida e ir para o meu refúgio: o CABN. Não há nada melhor que um bom ar fresco para acalmar os ânimos, não é verdade? Para mim sim. Vamos lá!

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Ficou curtinho, mas espero de verdade que gostem. Prometo uma super compensação no próximo com um capítulo bem grande, combinado?

Bjos! <3 <3


Te Amo, Tio! - (Em conclusão)Onde histórias criam vida. Descubra agora