Capítulo 4

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Desconfianças

Por horas eu adormeci cansado até que enfim. Sabia ter sido medicado com remédios muito forte. Acordei sentindo-me estranho. Minha cabeça girava em torno do que eu olhasse. Milhares de vozes falando ao mesmo tempo dentro da minha cabeça ecoando em meus ouvidos.

Gargalhadas, choros, lamúrias, declarações de amor, palavras amargas, de conforto, gritos de dor, conselhos, piadas, conversar variadas. Centenas delas numa só vez. Eu estava enlouquecendo com milhares de vozes ecoando na minha cabeça.

Forcei abrindo os meus olhos e sentei rápido. Mesa gelada, aliás, ali era tão chique de luxo e não havia uma cama que pudessem me colocar? Sentei-me zonzo segurando a cabeça, zonzo, muito zonzo e um mal estar terrível. Cabeça doía, uma sensação desagradável como se fosse ressaca mais eu não havia bebido nada de álcool. Saltei da cama com dificuldade e olhei por toda a sala, eu estava sozinho. Nisso as portas deslizaram num som silencioso. Cada parte deslizou para um lado. O médico loiro entrou me olhando assustado com seus olhos azuis semicerrados, resmungou... "Isso é impossível".

Eu tentava caminhar até ele me agarrando pela beira da mesa gelada. Minhas pernas teimavam me derrubar. Eu senti revirar meus olhos e minhas mãos escorregando da mesa gelada ao mesmo tempo. Senti os braços do médico loiro me segurando evitando meu tombo certeiro. Devolveu meu corpo deitado inerte naquela mesa gelada. Longe, muito longe eu ouvia um alarme como de um rádio relógio, insistente som. Tim, Tim, Tim...

Pááááá ─ Ááááái ─ Eu acertei o rosto do médico sem querer.

Eu não queria agredi-lo, só desligar o irritante alarme. Eu delirei achando ser o meu relógio de casa. Anos o mesmo alarme de cada manhã que me acordava para levantar e ir ao colégio.

Senti meus braços presos naquela mesa gelada. Tudo girava e imóvel eu olhei numa parede eu via imagens vindas de outras salas. Prestei atenção. Lembro que falei ao doutor loiro:

─ Me ajuda eu estou ficando maluco doutor.

─ Calma, por que acha isso, Sr. Gregory?

─ Estou vendo pessoas na outra sala, como se a parede fosse transparente e eu as vejo e ouço.

O doutor loiro chamou a equipe dos médicos. Eu ouvia resmungos deles tentando falar baixo que eu não os ouvisse, porém, parecia que eles falavam dentro da minha cabeça, dos meus ouvidos, como não ouvi-los? ─ Falem baixo, minha cabeça dóóói. ─ Gritei ─

Assustados me olharam e um me disse:

─ Estamos cochichando e distantes de você.

Outro parecendo ainda mais admirado:

─ O que eu estou te dizendo agora? ─ Cochichou.

─ Que isso deve ter haver com a parte azulada do meu cérebro. Eu que não sou um médico e eu acho o mesmo, me ajudem, isso está me deixando maluco.

Os cinco doutores me rodearam deitado na mesa e um dos médicos gatos, maduro mais um gatão. Esse não estava junto em nenhuma das outras vezes, o vi só agora ─ Olá Gregory. Eu sou Dr. André e iremos avaliar sua audição e visão. Esse dispositivo transmitirá as respostas, não necessita abrir a boca e responder. Pense dando resposta. ─ Assenti ─

Ele grudou em minha testa no término do nariz com a testa uma película macia de tamanho um centímetro, deu duas tapinhas, largando um sorriso sensual.

Preciso dizer o que eu achei dele?

Saíram da sala e a "parede" a Ciber me pediu:

─ Gregory, na mesma parede que viu as pessoas na outra sala, pense o que o doutor tem nas mãos e está te mostrando nesse exato momento.

Ele'S - Ficção Científica - (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora