Capítulo 09

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Ela

Estava observando o cenário, quando ouvi alguém me chamar, me virei e quem era ? O Emmet ! É... Quem diria, ele me encontrou até no meu sonho.

Ele parece bem e estava com uma arma na cintura, esse é o meu garoto.

Foi como aos nossos nove anos de idade em que programamos o verão inteiro juntos, mas ele teve de ir para um acampamento militar que o tio Felins (Pai dele) o obrigou a se inscrever, foi um longo verão sem nos ver, mas quando ele voltou, nossos semblantes brilharam, corremos para um abraço bem apertado.

E foi exatamente o que aconteceu, ele correu e me abraçou, mas dessa vez eu senti algo diferente, um sentimento que não pude explicar. E estava tudo correndo bem, digo.. Eu ali curtindo meu abraço, até ouvir uma voz nojentinha.

- Emmetzinho.. Meu amor ? Está vivo ? - Espera eu conheço essa voz.. Nath !

- Nada de Emmetzinho, que horror. - Emmet diz meio envergonhado, mas sem se desfazer do abraço.

- Ah desculpa é que.. - Ela percebe a minha presença - Uouu.. Marcy... É... Você está bem e está aqui.. - Diz forçando um sorriso.

- Pois é ! - Digo animada e ignorando o fato de ela não ter gostado de me ver. - Emmet, se isso não é um sonho, você tem muito o que me contar.. - Volto o olhar para ele, me desfazendo do abraço.

- Infelizmente está mais para um pesadelo bem real.

- Eu também estou viva graças ao meu Emmet. - Ocorre Nath sendo totalmente incoveniente.

Como assim "Meu Emmet" olha aqui sua.. Sua.. Piriguete, ninguém chama o Emmet de "Meu" a não ser eu, porque eu posso, ok ? Ok !

Mas é claro que eu não vou dizer isso, eu não sou uma garota obsecada e super ciumenta, afinal somos só amigos.

- Sim.. O Emmet tem esse poder de salvar vidas, lembra daquele formigueiro ? Tínhamos 12 anos.

- Claro !! O Jake iria colocar uma mangueira..

- Mas você não deixou e então começaram uma super briga por causa disso. - Digo rindo e fazendo ele rir também.. Já a Nath.. Bufou e saiu.

(...)

Fui até a recepção do hospital e me sentei em uma das cadeiras, peguei meu celular.

- Droga, descarregado ! - Digo a mim mesma.

- Você fica tão linda brava com o celular. - Emmet aparece do além falando. - Além do mais, os sinais dos celulares estão malucos. Tentei muito já.

- Me diz.. Você não vai mais me deixar sozinha né ? - Pergunto irônica.

- Não !! Nunca mais !!! - Ele exclama e me abraça de lado.

Ficamos um tempo ali sem dizer nada, apenas abraçados e encarando a recepcionista morta.

- Quanto tempo eu estive apagada ? - Quebro o silêncio.

- É.. Então o que importa é que você está aqui comigo e acordada..

- Responda..

- Não é importante.

- Responda. A Pergunta. Agora - Digo dando pausas.

- Por que. Está. Falando. Assim ?

- Emmet !

- Marcy !

- Me responda !

- Eu ganho o que ?

- An.. Deixa eu pensar... Nada..

- Você sabe como dar presentes ! Seus "Nada" são os melhores.

- Então conte.

- Três meses.

- Droga ! Perdi o começo de um apocalipse zumbi.

- Na verdade.. Você pegou o comecinho.

- Quase nada..

- Você se lembra de que ?

- De estar no estacionamento da escola, lembro de ter te dito que convidei a Nath para o festival de motos, você não gostou nadinha e disse "Chamavam ela de garota problema e blá lá blá.."

- Eu disse blá blá blá ? - Ele me interrompe e dá uma risadinha.

- Disse ! Mentira.. Eu não lembro. Mas enfim, depois teve um trânsito e algo atingiu a gente na moto e só.

- Tadinha.. - Ele diz irônico acariciando meu cabelo me fazendo rir.

- E então "Emmetzinho" rolou algo entre você e a Nath durante esses meses ? - Pergunto enquanto desvio meu olhar para nossas mãos que estavam entrelaçadas.

- Como ? Lógico que não !

- Humm.. Não precisa esconder que seu coração pertence a ela. - Digo rindo e voltando o olhar para seus grandes olhos verdes.

- Mas Marcy deixa de ser boba.. Meu coração só pertence a você..

(...)

Ele

Bom, já era tarde quando eu me dei conta do que tinha dito, tentei disfarçar com uma risadinha, talvez assim ela pensasse que foi só uma brincadeira.

Droga ! Droga ! Agora está um silêncio constrangedor. Nunca passamos por isso, a gente vive tagarelando, mas ela ainda está segurando a minha mão, isso é um bom sinal.

- É... Vou ir tomar um pouco de água, vo- você vai querer algo ? - Pergunto, tentando disfarçar o nervosismo.

- Não.. Quero dizer si- sim ! Água também, sim, quero, claro.

- Tudo bem, já volto. - Lhe dou um sorriso antes de sair da recepção rumo ao refeitório.

(...)

O que não me sai da mente é a expressão que ela teve ao ouvir aquelas palavras, primeiro me olhou meio assustada, mas depois sorriu de um jeito sincero.

Mas será que eu ignoro esse fato ? Ou chamo ela para conversarmos e dizer realmente tudo o que eu sinto desde pequeno.

Será que é cedo ? Ou tarde demais ?

Eu vou acabar surtando.

Talvez na infância, eu não tivesse tanta certeza do que era o amor, mas sempre quando eu via a Marcy correndo em minha direção para pegarmos o ônibus da escola juntos - ou irmos aprontar alguma com a tia dela - meu coração batia mais rápido e eu abria aquele sorriso bobo e posso afirmar que tive a mesma sensação quando a vi depois de três meses, em pé naquele terraço. Entre muitas outras situações que penso hoje em dia e imagino que sim, talvez eu a ame desde muito cedo.

Antes que eu pudesse continuar meus pensamentos melosos, ouço alguém recarregar a arma atrás de mim, me viro rapidamente já apontando a pistola.

- Calma ! - Um rapaz diz enquanto se afasta da escuridão e caminha lentamente para a luz com as mãos para cima em sinal de rendição. - Eu não vou atirar em você !

A Cura é o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora