Amor Escolar

Reencontrando Joshua Sparkle

Depois do almoço, fui para o meu quarto. Queria ficar dentro dos padrões mínimos de beleza. Rímel, batom e delineador. Uma blusinha bonitinha e um short jeans. Coloquei a minha sandália preta, que combinava bem com os detalhes pretos da blusinha azul. Pensei sobre prender o cabelo, e no fim, fiz um rabo de cavalo. Mesmo preso, meu cabelo escuro ia até a metade das costas. Depois disso tudo, coloquei o mesmo colar de sempre, um dourado com uma florzinha.

- Mãe, estou indo!

- Pegou o celular?

- Sim!

- Então vá.

"Tome cuidado", foi a sua recomendação quando fechei a porta atrás de mim.

"Estou saindo. Se você demorar eu vou embora do parque." - Mensagem para Joshua.

"Estou te esperando desde a hora que nos falamos e ainda não fui embora. Seus argumentos são inválidos."

Eu ri. Era normal estar com saudade de Joshua, mesmo tendo visto ele ontem?

Quando cheguei ao parque, vi logo um emaranhado de cabelos quase loiros. Quis correr até ele, mas sabia que não podia. Deus, isso não é normal...

- Josh! - Eu disse, talvez um tom mais alto do que eu planejava.

- Mary! - Ele correu até mim, deixando seu livro no banco, acabando com o espaço de poucos passos que faltavam entre nós, e me abraçou. Ele usava um perfume forte, mas era bom. Tinha um cheiro amadeirado. Ficamos abraçados por um tempo, e aquele perfume me envolveu, eu pedia em silêncio que aquele perfume ficasse em mim também.

É, não era normal.

Enquanto eu conversava com Joshua, vi cabelos negros caindo no rosto de um adolescente moreno, vestido de bermuda jeans escura, camiseta preta e o mesmo All Star preto que ele sempre usava. Dave.

Tentei não ligar para Dave quando ele se sentou em um banco perto do nosso e começou a mexer no celular, mas ele me incomodava quando lançava olhares frios para mim. Joshua, vendo que eu não parava de olhar para o outro banco, disse:

- O que foi, Mary?

- Ah, não é nada... É só meu ex namorado sentado ali...

- Ele tá te incomodando?

- Não... Sei lá... Sim... Quer dizer.... Não sei.

- Quer mudar de lugar?

- Não por isso...

- Então a gente podia fazer ciúmes pra ele, né? - Joshua disse, em tom brincalhão.

- Ah, fique quieto, assassino da machadinha! - Eu ri. - Ei, isso aqui é um resquício do meu autógrafo na sua testa?

- Ah, sim... Não é muito fácil tirar tinta de caneta da testa sem esfolar muito...

- Ou então, alguém aqui não tomou banho! - Eu provoquei.

- Nossa, você não tomou banho? - Ele fez uma careta. Nos dois rimos.

Quando olhei para o banco onde Dave estava há alguns minutos, não havia ninguém. Olhei para o céu. Estava coberto por nuvens escuras, que fizeram o dia parecer noite. As luzes da praça se acenderam, e pessoas corriam para lá e para cá.

- Nossa, minha mãe devia virar moça do tempo... Parece que vai chover.

- Parece mesmo...

- Quer ir lá em casa, Josh? Minha mãe disse que você podia, quando começasse a chuva...

- Mas a chuva ainda não começou... Eu devo esperar começar? - Ele perguntou, rindo.

Eu mostrei a língua e o puxei, levantando-o. Ele pegou seu livro e nós seguimos o caminho para a minha casa.