Uma excursão... Para um velório

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Todo o dia se seguiu no mesmo ritmo:  todos os professores falando sobre Ícaro e fazendo Anna chorar. No fim das aulas, todos os alunos entraram em um ônibus que seguiu para o cemitério local, onde o que restou do corpo de Ícaro seria velado em caixão lacrado.

E é claro que todos estavam chorando. Durante a cerimônia até eu deixei algumas lágrimas rolarem, mas Anna estava sentada em um canto, ainda chorando.

Eu não aguentava mais aquela choradeira e resolvi que ia para o "Parque", precisava ver gente alegre vivendo suas vidas como se não pudessem morrer a qualquer momento. Prestei minhas últimas condolências à família e à Anna.

*

Eu mal havia posto meus pés no "Parque" quando avistei aqueles cabelos loiros. Demorou alguns segundos para que eu fosse notada por um par de esmeraldas. No mesmo instante, Joshua Sparkle de colocou de pé e caminhou em minha direção. Me deixei ser envolvida por um abraço de seu cheiro amadeirado.

- Josh? - Eu disse depois do demorado abraço.

- Diga, Mary.

- Por que você me segue? - Nós ainda não estávamos completamente "soltos" do abraço.

- Porque tenho mania de seguir meus sonhos. - Ele olhava em meus olhos. Eu fingi não entender.

- E seu sonho é morar no "Parque"? - Ele não riu.

- Talvez seja. - Ele me abraçou e nos finalmente rimos. Ele sabia que eu tinha entendido.

Mas estava muito cedo. Ele era meu amigo, e eu gostava muito dele, mas não era amor. Talvez eu nem soubesse o que era amor, na verdade.

- Mas e Dave? - Dessa vez foi Segunda Voz que apareceu primeiro.

- Ué, inverteram os papéis?

- Grilo Falante está doente. Mas e Dave? - Ela repetiu.

- Não foi amor, Segunda Voz.

Parece que ela não ia insistir hoje. E também não era hora, porque havia me dado conta de que estava encarando Joshua. Quando ele me chamou, tive a impressão de que não foi pela primeira vez.

- Hum...? - Respondi.

- Como vai com a leitura do meu livro? - Parecia que ele mudou de assunto.

- Ah, estou quase acabando. E comi vai com Luas de Prata no Céu?

- Quase acabando o último livro.

- Ei! Vá com calma!

- Desculpe, mas eu leio muito rápido. Na verdade é mais por não ter o que fazer. - Nós dois rimos.

Nesse momento, meu estômago me lembrou da fome que eu estava sentindo.

- Hum... Quer almoçar lá em casa?

- É claro que sim. Sua mãe parece cozinhar tão bem! - Ele sorriu.

- Não há viva alma que reclame. - Eu comentei.

- Ela mata todos os que reclamam? - Ele fingiu espanto, e nos dois rimos.

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