Outro Baile

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Já havia quase duas semanas depois que Joshua terminou comigo. Eu estava me arrumando para o baile quando minha mãe entrou no meu quarto.

- Vai para o baile? – Ela se espantou. Eu me esqueci de falar que iria com Pé.

- Ah, é... Lembra-se do Pé? Ele me chamou para ir com ele.

- Tudo bem, querida... Por que você não coloca um sapato um pouco diferente hoje? – Ela me entregou uma caixa com um par de sapatos novinhos. – Sabe, eu comprei eles para te animar, mas parece que você já está animada, certo?

- Obrigada, mamãe! – Eu a abracei. Os sapatos eram lindos, com salto. Eram vermelhos, de um tom bem escuro, e adorei a maneira como eles combinavam com quase todas as peças do meu guarda-roupa.

*

Pé, como sempre, estava atrasado. Nós tínhamos combinado de nos esperar na porta do ginásio, mas ele não estava lá. Enquanto eu pensava que precisava arrumar alguns amigos mais pontuais, ouvi risos na ponta do corredor e vi Pé e seu namorado, Siron. Quando ele me viu, soltou a mão de Siron e veio me abraçar correndo, o que quase me fez cair dos meus sapatos novos.

- Mary! Garota, quanto tempo! Ai, que saudades! – Ele me abraçou novamente.

*

Quando entramos, logo avistei Sidney conversando com Anna e Bucky. Sidney sabia se vestir muito bem, nunca tinha visto ela desarrumada em um dia em que não houvesse aula. Nós nos divertíamos muito em todos os bailes da escola, e durante as aulas também. Syd, como a apelidei, tinha várias aulas comigo e logo nos tornamos grandes amigas.

O tema do baile de hoje era o fundo do mar, e o Sr. Wilson estava com uma calda de sereia. Era hilário vê-lo dançando entre os alunos. Ele não dançou mais "Wilson Vai" em cima do palco que sempre improvisavam nos bailes, o que me fazia lamentar por Sidney nunca ter visto aquela cena.

*

Em certo momento da noite, vi Jonas se aproximando de mim enquanto eu dançava com meus amigos na pista de dança. Falei para Sidney, Anna, Bucky, Pé e Siron que já voltava, e me afastei um pouco deles.

Joshua Sparkle me olhou durante toda a noite enquanto conversava com seus amigos, e eu me perguntei se ele fazia o mesmo que eu: me lembrava dos bailes em que viemos juntos, dos momentos bons que compartilhamos...

- Mary, eu... – Jonas finalmente havia me alcançado. – Me desculpa, eu não devia ter feito aquilo, eu sou um idiota...

- Tudo bem, Jonny.

- Você me perdoa? – Ele perguntou, sorrindo quando ouviu seu apelido que eu havia dado há mais de dois anos.

- Sim, Jonas. Eu sinto a sua falta, sabia? Eu estava pensando outro dia, eu sempre fui muito dramática. Também sou uma idiota, no fim das contas.

Quando falei isso, eu percebi que era tudo verdade, todo aquele drama, tudo seria tão diferente... Talvez nós nunca tivéssemos nos afastado se eu não fosse tão dramática, quando eu gostava dele, meus dramas aumentaram dez vezes, eu fiquei dez vezes mais babaca, e foi aí que ele me abandonou. Quando ele voltou a falar comigo, ele me beijou e eu fiz o quê? Eu fiz mais drama. Eu era muito dramática, e precisava mudar.

Jonas começou a aproximar seu rosto do meu, e eu deixei. Mas alguém se aproximou de nós, rindo ironicamente. Reconheci Sairu no instante em que a luz do globo refletiu em seu rosto.

- Ora, Mary Ann... Não era você quem namorava meu amigo? Quem diziam chorar pelos cantos da escola? Parece que você se recuperou bem rápido dele, não é mesmo?

- Sairu, saia daqui agora. Pare de encher o saco da Mary. – Jonas se colocou na minha frente, me protegendo com os braços abertos, como se Sairu pudesse me dar um soco a qualquer momento, ou como se eu pudesse me mexer depois do que Sairu disse.

Era verdade. Eu estava agindo de forma errada. Não havia duas semanas que Joshua terminou comigo, e eu já estava quase beijando outro garoto. Eu estava pulando de galho em galho, de um garoto para outro, Sairu estava certo quando, por trás dos meus pensamentos o ouvi me xingando, defendendo o amigo. Sidney havia visto toda a confusão e veio para me levar para longe, me sentou na arquibancada e colocou Anna e Bucky como meus "vigias", uma vez que ainda estava atordoada. Quando voltou, Sidney trazia um copo de ponche para ela e um para mim.

- Cura qualquer coisa – Ela disse.

- Só não cura ressaca. – Brinquei.

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