O Baile

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O diretor Wilson, em plena segunda-feira decidiu que faria um baile. Não demorou muito para que os alto-falantes começassem a funcionar em cada sala durante o aviso.

Nós podíamos levar um acompanhante de outra escola, e eu não podia pensar em ninguém melhor que Joshua Sparkle, o garoto com quem eu estava... Namorando? Não, nada tão sério... Ficando? Talvez um pouco mais. Já sei: Joshua Sparkle, o garoto por quem eu estava apaixonada.

*

Eu estava me arrumando quando ouvi a campainha tocar. Olhei no relógio, ainda era cedo.

- Josh, querido! Ela ainda está se arrumando... Sente-se aqui para esperá-la. – Minha mãe falou na sala ao atender a porta. Parei de ouvir a conversa depois de um "você está lindo", que me fez perceber que eu estava parada de calcinha e sutiã no meu quarto pensando em como Joshua estaria vestido.

Optei por colocar meu vestido azul escuro. Ele era um pouco bufante, mas afinal era um baile, certo? Coloquei minhas sandálias de salto prateadas, combinando com as poucas pedrinhas brilhantes do vestido que combinavam com o colar e minha pulseira. Minha mãe havia insistido para que eu colocasse alguns pontos de luz no meu cabelo depois que o prendeu em um rabo-de-cavalo e eu deixei, eles combinavam com os brincos.

Depois da maquiagem, que carreguei um pouco nos olhos, eu dei uma última olhada no espelho do corredor antes de descer as escadas e me deparar com um Joshua de boca aberta na sala.

- Mary... – Ele tentou falar antes de ser calado por um beijo meu.

- Obrigada. – Sussurrei ainda com meu rosto colado ao dele. Ele estava lindo, de terno e gravata pretos por cima da camisa social branca e seus óculos que o deixavam tão... Ele ficava lindo de óculos, simplesmente. Seu cabelo estava naquela típica bagunça que eu amava. Não pude evitar um beijo na sua testa.

- E divirtam-se! – Gritou minha mãe quando saímos pela porta da sala.

*

Nós fomos andando para a Escola Pública da Pequena Cidade de Little Hope, e quando chegamos lá, a festa já estava a toda velocidade.

Em um baile com o tema de "Volta ao Mundo", não podiam faltar as pessoas do comitê de organização usando suas fantasias estranhas, e o diretor não estaria diferente: com a sua boina e bigode postiço, o Sr. Wilson estava hilário.

Logo que entramos no ginásio, vimos balões por toda parte espalhados no chão, fotógrafos, pessoas da organização, uma enorme mesa de comes e bebes entre cenários feitos de papelão e entre eles, uma iluminada e bonita Torre Eiffel.

Uma fotógrafa pediu para que ficássemos na frente da Torre e fizéssemos uma pose para a fotografia. Joshua me puxou pela cintura e me beijou na bochecha enquanto eu sorria para a câmera.

Depois de pegarmos um copo de ponche de frutas e provarmos um sushi feito com arroz frio e peixe congelado e uma pizza com catupiry ruim, fomos para a pista de dança, que estava diante de um palco onde uma banda local bem conhecida botava pra quebrar.

O ponto alto da noite foi quando o diretor Wilson subiu no palco e começou a dançar ao som de "Wilson Vai", com todos nós cantando. Ele aparentava estar um pouco bêbado. Lamentei pela garota que entrou no ginásio enfeitado depois da dança, mas nunca havia visto aquela garota na escola.

Quando me sentei ao lado de Anna, que estava com um garoto que eu já havia visto conversando com ela algumas vezes, mas não conseguia me lembrar do nome, a adorável menina veio dançando em nossa direção e se sentou ao nosso lado na arquibancada, ainda dançando com seu copo de ponche na mão.

- Oi, Meu nome é Sydney! – Se apresentou, quase gritando, a garota que ainda dançava. Ela era bonita, com seus cabelos loiros e seu vestido de rendas que combinava com sua leve maquiagem. Percebi que aquela garota não gostava de ficar sob os holofotes, diferente da maioria das garotas de Little Hope. Nós nos daríamos super bem se ela ainda se lembrasse de mim depois de toda essa bebedeira.

- Olá, Sydney! Você é nova na escola? – Continuamos conversando com Sydney durante uma boa parte da noite, até que Joshua me puxou para a pista de dança novamente, e fez um sinal para que a banda tocasse uma música lenta. Percebi que o sinal era para o meu amigo que fazia parte da banda e perguntei:

- De onde você conhece ele? – A música ainda não tinha começado

- Ele é meu primo. – Ele me respondeu enquanto a banda anunciava a música lenta e todos procuravam por um par. Anna e Bucky (depois que ele se apresentou para Sydney, "lembrei" seu nome) desciam as arquibancadas rumo à pista de dança.

- Eu não sei dançar. – Falei no ouvido de Joshua. Ele apenas sorriu.

E quando a música começou, olhei para Sydney, ainda sentada na arquibancada, dançando no mesmo ritmo de antes, mesmo que agora a música fosse lenta, e pensei que ela poderia convidar seu copo de ponche para uma dança.

Quando a dança acabou, Joshua me beijou. Um beijo apaixonado, necessitado, um beijo doce... Eu não queria parar com aquele beijo, que havia sido o melhor até aquele momento. Pensei se Joshua sentia por mim o mesmo tipo de atração que eu sentia por ele desde o primeiro momento em que o vi. Desde o começo eu o achei bonito, e pensei muito nele. Ele logo se tornou meu melhor amigo, e fazia uma semana que éramos mais que isso.

No fim da noite, nós nos sentamos com Anna, Bucky e Sydney de novo nas arquibancadas para conversar. Havíamos tirado tantas fotos durante a noite que eu sabia que meu orçamento ficaria esgotado se fosse comprar todas. O salto estava acabando com meu pé, mas Joshua me abraçava e tudo ia embora, eu só pensava nele e em seu perfume amadeirado, no seu abraço confortável e em sua voz doce naquele momento. Aquele lugar nos favorecia a vista para alguns alunos do 9º ano que dançavam em frente ao palco como galinhas bêbadas, o que era hilário. Nós passamos o resto da noite rindo e conversando.

Quando quase todos já tinham ido embora, exceto aqueles que estavam bêbados demais para andar até em casa e alguns alunos do 2º e 3º ano, fomos todos embora, inclusive Sydney. Todos nos despedimos com beijinhos amigáveis, e provavelmente por causa do abuso de ponche, Sydney me abraçou um pouco forte demais.

Joshua me levaria para casa, e eu estava com meus saltos na mão quando ele me beijou e enlaçou sua mão na minha, pegando meu salto e me dando vários beijos na testa. Ele adorava tirar essa vantagem sobre mim, já que eu era bem mais baixa que ele.

No portão de casa, ele me beijou intensamente e me abraçou tão forte... Como se aquele fosse o último abraço que me daria.

- Até amanhã. – Ele disse.

- Mas amanhã eu não vou te ver, vou? – Mais uma vez, sem resposta, ele sorriu e foi embora.

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