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Abro os olhos e estremeço graças a ventania que cerca meu quarto. Levanto, ainda com muito sono, e sigo em direção a janela e a fecho, a mesma faz barulho e faço uma nota mental para chamar alguém para vê-la.
Decido tomar logo banho e sair, quero conhecer essa linda cidade, além de saber onde fica meu futuro local de trabalho.
Termino o banho e começo a me vestir, e logo ouço um barulho de vidro se quebrando no andar de baixo.
-Quem está ai!? - Grito saindo do quarto e descendo as escadas - Quem está... - Paro quando vejo uma garota loira limpando os cacos de vidro com a vassoura- Quem é você?
Ela me encara sorrindo, seus olhos são azuis, e se destacam na pele branca.
-Taylor, a funcionária que você contratou - Ela responde estendendo a mão, que aperto gentilmente.
-Como você entrou? - Passo por ela indo em direção a geladeira, para tomar meu suco matinal.
-O porteiro possuiu uma chave de todas as casas do condômino, e como esperava a duas horas, ele deixou eu entrar - Ela sorriu tímida pela confissão.
-Duas horas? E você tocou? - Perguntei e ela afirmou, claro que ela tocou seu idiota - Sinto muito, na verdade não sei nem que horas são.
-Duas horas, e eu lhe preparei um almoço, se me permitir, irei coloca-lo na mesa de imediato - Ela andou até o forno.
-Claro - Ri da forma correta que ela falava, como se fosse de trinta anos atrás - Só vou ligar para a sua agência, e informar que você veio e agradecer.
-Não é necessário, já os contatei da minha chegada, antes mesmo de entrar na casa. O senhor só precisava pagar como foi combinado - Ela falou, ainda com um sorriso, enquanto tirava uma vasilha do forno - Se me permite servi-lo agora.
-Somente se a senhorita me permitir a honra da vossa companhia - A imitei e percebi seu olhar se iluminar, como se tivesse gostado que eu tentei falar como ela.
-Claro - Ela coloca dois pratos na mesa da cozinha e nos sentamos.
-Taylor, me diga porque fala de forma tão, casual - Perguntei depois de um tempo em silêncio.
-Fui criada dessa forma, minha mãe e todos de minha casa falavam como se vivessem na década de trinta - Ela riu - Ou até menos. Acabei me acostumando, e quando estou nervosa, só consigo falar daquela forma, mas também costumo falar como uma pessoa normal.
-E por que vossa senhoria estaria nervosa? - Perguntei, fazendo a rir novamente.
-Novo emprego sempre nos deixa nervosos, nunca sentiu isso senhor Styles?
-Primeiro, não me chame de senhor, nem de Styles, somente de Harry - Falei e ela sorriu - E segundo, sim, todos nos sentimos nervosos. Eu, por exemplo, mudei de cidade e amanhã começo um novo emprego, totalmente diferente do que estava acostumado. Acredite sou um poço de nervos.
-O senh... Você trabalha aonde? - Ela perguntou e eu sorri.
-Estou começando em uma gravadora, vou trabalhar na parte do estúdio, ajudando na gravação de CDs, clipes. Mas meu sonho é ser cantor, então quando consegui esse emprego me mudei logo. Mesmo não começando com um contrato, eu infiltrado no ramo da música é mais fácil, entende?
-Claro - Ela sorriu - Eu tinha o sonho de ser escritora, cheguei a escrever um conto, sobre um casal amaldiçoado, mas eu... - Seu sorriso desapareceu, e por um pequeno momento pudi ver raiva em seus olhos, mas logo o olhar doce voltou - Eu não consegui pública-lo e desisti.
-Você não pode desistir assim, do nada - Falei e ela me encarou - Eu também fui várias vezes rejeitado, mas aqui estou eu, pronto para seguir em frente.
-Eu sei, acho que vou tentar novamente - Ela levantou recolhendo os pratos - O senhor canta? E compõe também?
-Sim, já cômpus algumas músicas. Gostaria de ouvir uma? - Perguntei levantando.
-Gostaria, mas possuo muito trabalho a frente, e preciso terminar - Eu ri.
-Quem sabe podemos falar com seu chefe? - Peguei meu celular e fingi estar escrevendo uma mensagem - Olha, ele disse que tudo bem você parar por cinco minutos - Ela sorriu e concordou com a cabeça.

POV Taylor
O Harry senta no sofá, com seu violão no colo, e aponta para o lugar a sua frente, que eu logo ocupo.
Ele começa a cantar a música que sei que ele acabou de terminar. A música fala sobre sua vida, ao te essa fase em que ele esta vivendo, de incertezas e inseguranças. Mas o final fala sobre um amor, um amor que ele senti está próximo mas que ainda desconhece, e eu sinto que sou eu esse amor.
-É linda - Sorrio depois que ele termina, quase cantei junto com ele, mas sei que pareceria duvidoso e estranho.
-Obrigado - Ele retribui o sorriso com as lindas covinhas em seu rosto.
Um barulho no segundo andar é ouvido e sinto um arrepio. Agora não.
-Você ouviu isso? - Ele perguntou levantando, mas eu segurei seu braço.
-Deve ser algum pássaro, deixei a janela do segundo quarto aberta, devem ter entrado - Ele concorda e volta a se sentar, mas seu olhar angustiado não sai de seu rosto.
-Promete que não vai dizer que sou louco - Ele me encarou e eu afirmei - Acho que tem alguma coisa nessa casa. Não sei, simplesmente sinto isso, uma presença ou algo do tipo. Para começar ela foi muito barata, e ouvi alguns vizinhos comentarem sobre alguém finalmente ter coragem de comprar essa casa. Você sabe de algo? - Ele falou muito rapidamente e por um momento não pude pensar em que responder, então falei a coisa mais óbvia.
-Não - Ele balançou a cabeça.
-Eu achei isso aqui ontem - Ele tirou um pedaço de papel e me entregou - Foi em algum tipo de compartimento do meu armário. Mas o estranho era que estava fechando antes de eu ter entrado no banho e quando voltei estava aberto - Abri o pequeno pedaço de papel e encontrei o que já suspeitava.
-"Eu disse para você não se apaixonar, mas também para nunca me rejeitar. Querido, você merece o que está por vim" - Li as palavras em voz alta, tentando controlar minhas emoções.
-Eu sei que isso é antigo, mas o que aconteceu nessa casa? - Harry tomou o pedaço de papel de minhas mãos - E se ela estiver amaldiçoada? - Ele perguntou como um sussurro, e podia sentir que não iria aguentar.
-Harry, eu... - O barulho foi novamente ouvido, e eu sabia que estava na hora de subir, antes que ela decesse - Eu não acredito nessas coisas e acho que a ansiedade de estar em um novo lugar esta transformando isso em algo extraordinário, mas nossa cabeça ela gosta de nos pegar peças e devemos ter cuidado para não entrar em seus jogos. Uma vez neles, é difícil sair, você me entende? - Tentei soar mais confiante e doce possível, e pelo seu olhar, eu sabia que havido conseguido.
-Eu sei - Ele deu um suspiro - Eu não sei o que fazer.
-Que tal você da um passeio? Conhecer essa linda cidade? Eu tenho muito o que limpar e pelo menos não te incomodo- Falei e ele concordou sorrindo.
-Ótima ideia - Ele pegou as chaves do carro e começou a andar em direção à porta - Não espere por mim, quando der seu horário pode ir - Ele sorriu e saiu.
Olhei para as grandes escadas, e pudia sentir minha raiva crescendo. Amiga ou não, ela iria aprender a parar de se meter em meus assuntos.

Fall in deadOnde histórias criam vida. Descubra agora