17

131 16 14
                                    

-Taylor! - Sua voz adorável ecoa pela casa - Cadê você! - Fecho meu livro e corro para debaixo da cama, tentando me esconder - Taylor! - Percebo que ele está em meu quarto, mas eu continuo no meu esconderijo, quieta - É sério Taylor, ela não respira! - Sua voz começa a ficar embargada, mas sei que é drama - Tay, mamãe não me responde.

Saio de meu esconderijo e encaro meu irmão mais novo. Seus olhos estão vermelhos de tanto chorar, mas o que me assusta é o vermelho em sua roupa. Em toda ela. Uma cor tão intensa que me impulsa para fora do quarto em direção à cozinha. Tropeço no tapete e me bato em um dos milhares de vasos de minha mãe, o derrubando, mas não me importo, pois se não fizer o trajeto a tempo nunca receberei seu grito. Nunca mais.

-Mamãe! - Grito ao entrar na cozinha. Seus cabelos loiros e perfeitos estão cobrindo seu rosto, mas que eu sei que não possui mais vida. Seu avental está cheio de sangue e os cookies caídos ao seu lado.

-Foi sem querer - Austin fala ao meu lado - Ela começou a gritar comigo, eu não queria fazer isso! Foi sem querer! - Ele começa a gritar e a chorar. Eu não consigo pensar em nada. Minha cabeça gira e começo a imaginar que tudo aquilo não passa de um sonho.

Sento no chão, sem conseguir pensar. Austin continua chorando e gritando, mas é como se eu estivesse longe. Minha visão está embaçada, mas não pelo choro, que não existe. Mas por que eu choraria? Afinal de contas aquilo não era real. Nada daquilo era real. Era tudo um sonho. Um terrível sonho, mas era somente isso. Se eu não quisesse que fosse real, então não seria.

Do nada o barulho para e sinto uma mão pequena sobre os meus ombros. Olho para meu irmãozinho de sete anos, que tem os olhos parecidos com os meus.

-Taylor, vamos jogar xadrez? - Ele pergunta sorrindo.

-Claro, Austin - Sorrio e levanto do chão. Sinto meu vestido um pouco pesado, então olho para ele, que está molhado de algo vermelho e que não me deixa mexer muito rápido - Primeiro preciso mudar meu vestido, acho que mamãe deixou derramar alguma calda aqui.

-Deve ter sido isso - Austin sorri e nós subimos.

~*~

-Taylor - A voz de Harry me acorda de meu transe - Taylor, você está bem? - Pisco duas vezes e volto a enxergar a sala da casa de Harry. Sua mãe me olha preocupada, assim como a irmã e o noivo.

Tento me lembrar da pergunta que Anne havia feito, enquanto tento esboçar um sorriso em meu rosto. Família. Sim. Ela havia me perguntado sobre a minha família.

-Meu pai mora lá na Califórnia, mas nunca fica em casa - Sorrio.

-E sua mãe? - Gemma pergunta, e sinto meu coração apertar.

-Ela morreu - Falo e sinto os olhos de Harry sobre mim - Faz muito tempo, eu tinha dez anos, nem lembro mais dela.

-Sinto muito, querida - Anne fala, tocando minha mão.

-Não sinta, a culpa não foi sua - Sorrio docemente e sinto o Harry se mexer.

-Foi proposital? - Gemma pergunta.

-Gemma! - A mãe dela a repreende baixo.

-Acho melhor não falarmos sobre isso - Harry fala.

-Foi meu irmão - Falo e o Harry me encara de novo, dessa vez assustado - Ele tinha sete anos, mas a culpa não foi dele, foi tudo um engano - Falo e todos me encaram - Ele não sabia o que estava fazendo.

-Acho melhor irmos dormir - Harry fala quando a irmã abre a boca e logo sinto sua mão sobre a minha - Taylor, você não disse que estava cansada da viagem? - Ele me encara e eu so concordo.

-Eu estou morta - Selena fala se levantando - Se não for falta de educação, eu já vou.

-Harry, meu amor - Anne fala assim que levantamos - Será que você poderia me ajudar com uma coisa, é bem rapido.

-Certo - Ele sorri e me olha - Pode ir, eu já vou - Ele deposita um beijo na minha testa e sorri, e eu também.

Vou em direção a Selena, que está seria enquanto me encara.

-Por que todos estão assim? - Pergunto sem entender o porque de tanta seriedade de uma hora para a outra.

-A sua cara, Taylor - Selena fala um pouco baixo - Era sua mãe, a morte dela, pelo seu irmão. Por que diabos você estava sorrindo?

-Por que eu não estaria? - Pergunto, sem entender - Não sei porque o espanto, meu irmão estava brincando, somente isso.

-Mesmo assim! Você age como se fosse normal!

-Mas não foi real, Selena - Falo me lembrando da noite, quando meu pai chegou em casa encontrando eu e Austin, que ainda estava com a roupa suja de sangue, jogando xadrez - Nada daquilo foi real - A imagem do meu irmão sendo levado de mim volta. O ultimo olhar dele para mim. A ultima vez que eu o vi. A ultima vez que brincamos juntos - Se eu acreditar que tudo aquilo aconteceu, irá doer muito, e eu não quero sentir essa dor.

-Taylor - Selena olha para mim, me acordando novamente, e segurando em meus ombros - Você já está morta, não tem nada a perder, mas você precisa acreditar, se não você nunca vai se libertar disso aqui - Ela me abraça, e eu retribuo. Mesmo sendo mais alta que ela, seus abraços ainda são os melhores - Eu te amo, Tay, mas não posso ver outra tragédia. E nem você.

-Eu sei.

POV HARRY

-Eu juro que eu não sabia! - Falei olhando para minha mãe e minha irmã, além de seu noivo estava roubando alguma coisa da geladeira - Ela nunca havia me contado!

-Você nunca perguntou dos pais dela? Ou da familia dela? - Minha mãe pergunta.

-Ela sempre escapava - Revelo lembrando que realmente sempre que citava como ela havia herdado a casa sempre recebia ou silencio ou comida.

-Você sabia que ela tinha um irmão pelo menos? - Gemma pergunta ainda chocada com a história.

-Teve uma vez que eu encontrei uma fota de uma garota pequena e um menino - Falo lembrando do dia que resolvi entrar de penetra no sótão dela e comecei a mexer em suas coisas - Perguntei quem era o garoto, já que a garota era obvio de que era ela, mas ela não me respondeu, só gritou comigo e mandou eu não mexer nas suas coisas novamente - Conto tirando a parte da faca sendo arremessada em minha direção - Então resolvi não perguntar.

-O que deve ter acontecido com ele? - Minha irmã fala sentando na cadeira - Coitada dela.

-Ela parece bem traumatizada, o jeito como ela conta sobre isso - Minha suspira - Ela finge que não aconteceu, e isso é horrível, porque no dia que vier a tona, ela pode surtar de vez.

-Transtorno pós-traumático - Thomas, o noivo de irmã, se pronuncia - É isso que ela tem. Isso pode causar alucinações, agressividade, pânico... - Ele para - Ela pode cometer até mesmo atos suicidas.

-E como você sabe? - Pergunto.

-Sou psiquiatra, você não sabia?

Não - Falo - E tem cura? - Pergunto.

-Ela só precisa ser feliz e continuar acreditando que não foi real - Ele engole uma colher de seu sorvete que roubou - Porque no dia que ela perceber o que realmente aconteceu, você não vai querer esta aqui.

Não vou mesmo, penso. Porém algo em minha cabeça diz que eu sempre estarei quando ela precisar.

***
DUAS SEMANAS. EU SEI.
Eu queria continuar com minha sequência de todo sábado/domingo, mas tem vezes q n dá :/
Sábado passado teve um festival de Cultura japonesa e nesse minha amiga veio p cá, então complica (n deu nem para culpar a escola). Eu até que gostei de ter dado esse tempo pq surgiu esse capítulo maravilhoso sobre a vida da Tay e eu gostei muito mais do que q ideia q tinha tido. Mas vou começar a escrever o próximo domingo, então tento postar até segunda ❤
Bejinhos ❤

Fall in deadOnde histórias criam vida. Descubra agora