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Passaram-se dois desde o dia em que sai de casa da minha mãe. Estou a viver num micro apartamento constituído apenas por três divisões o quarto, a casa de banho e a sala que também é a cozinha. Sei que é pouco, no entanto como vivo sozinha é o suficiente para viver.

Desde que cá cheguei ainda não consegui arranjar emprego. Atualmente vivo das reservas de dinheiro que ganhei nos verões em que estudava. Fazia umas horas todos os verões numa loja perto da minha casa.

Agora todas as manhãs acordo bem cedo com o intuito de procurar emprego. As minhas expectativas estão a começar a ruir. O meu aspeto tem sido o principal inimigo para arranjar emprego, pois assim que põem os olhos em cima de mim ficam decepcionados e acabam sempre por no final da entrevista dizer o famoso "depois ligamos".

Infelizmente embora me custe admitir, vivemos num mundo onde a aparência é mais importante. Desde que mudei para esta nova cidade cada vez tenho mais certeza disso.

Como todos os dias hoje assim que acordei, tomei um banho, tomei o pequeno almoço e voltei para o quarto para me vestir. Visto uma saia um pouco larga de xadrez pelo joelho, coloco umas botas e uma camisa verde. Ato o cabelo e coloco os meus olhos.

Sim, sei o que estão a pensar, mas eu gosto de me sentir confortável. A quem estou eu a tentar enganar essa é de longe a razão porque me visto assim. O que acontece é que não entendo nada de moda e nunca tive muitas amigas para me servirem de referência, por esse motivo apenas sei me vestir para ficar confortável.

Saiu de casa apressadamente pois já estou atrasada para a entrevista desta manhã. Corro em direção à paragem de autocarro. Com toda a correria acabo por não me aperceber por onde vou o que resulta num forte embate com alguém.

— Desculpe. — Consigo dizer após me recompor. Sacudo um pouco a saia que ficou com alguma sujidade pela queda e ajeito os óculos.

— Não vê por anda criatura? — Grita um homem enfurecido. Encaro-o, ele não parece ser muito mais velho do que eu. Parece um daqueles galãs de cinema. Nunca vi homem mais bonito.

No seu lado direito está uma mulher bastante bela. Ela é bastante alta e magra, mas não demasiado magra. Ela é loira de olhos verdes. Está a usar um vestido beije bastante justo, uns sapatos agulha pretos e uma pequena coque preta que deixa todo o conjunto ainda mais divinal. Esta mulher é a personificação de beleza, no entanto exibe uma feição de superioridade.

Volto a encarar o homem e reparo que ele ainda é mais bonito do que pensava. Tem olhos azuis, cabelo um pouco mais comprido do que o normal, o que é extremamente sexy e rebelde. Ele veste um fato preto o que o deixa bastante elegante e formal. É sem dúvida um sonho de homem.

Estes dois sem dúvida são o casal perfeito. São se longe as pessoas mais bonitas que eu vi até hoje.

— Desculpe. — Repito embaraçada desta vez porque fiquei encarando-os por longos segundos e não pela colisão anterior.

Volto à minha rota anterior agora a caminhar para evitar com que esbarre em mais alguém. Com toda esta confusão acabei por me atrasar mais.

Por minha sorte quando chego à paragem percebo que o autocarro também está atrasado. Sento-me no banco da paragem. Não consigo parar de pensar na beleza daquele homem. Pensar nele deixa o meu corpo quente de uma forma que nunca antes senti.

— Esquece Mara. É muito areia para a tua camioneta. Ele nunca olharia para ti.

— Oi? — Uma voz acorda-me dos meus pensamentos.

— Desculpe estava a falar sozinha. — Respondo envergonhada para um rapaz sentado ao meu lado. Ele fica a encarar-me fixamente até que decide falar.

— Sim, realmente pude constatar isso. — Diz com um tom divertido. — Desculpa nem me apresentei. Eu sou o Rafael, mas podes-me tratar por Rafa.

— Ah, olá eu sou a Amara, mas podes-me tratar por Mara. — Após falar fico surpreendida com o à vontade com que lhe respondi.

— Muito prazer Mara. — Ele observa-me dos pés à cabeça fazendo-me sentir exposta. — Sabes essas roupas ficam-te mesmo mal.

— Desculpa? — Que ousadia da parte dele. Eu sei que me ficam mal, mas é sempre estranho ouvir alguém de fora, ainda mais que eu não conheço, dizer-me isso.

— Desculpa, mas é verdade. Nenhum gato daqueles vai olhar para ti com outros olhos enquanto não mudares o teu estilo. — Aponta em direção ao outro lado da rua onde se encontravam diversos homens. Gato? Espera lá! Ele disse mesmo gato? Mas que raio. — Olha eu sou cabeleireiro, portanto passa no meu salão quando puderes. Eu e as meninas vamos ver o que podemos fazer por ti. — Pisca-me o olho enquanto me entrega o cartão. — Fica aí o meu contacto e a minha morada. Passa por lá e pergunta pelo Rafa.

Detesto criar estereótipos, mas tenho quase a certeza que ele é gay.

— Está bem. — Assinto por fim, após assimilar um pouco de toda aquela informação. — Vou pensar. — Respondo sincera.

— Pensa bem querida. — Ele olha distante em frente. — Tenho que ir. Chegou o meu autocarro. — Diz enquanto me dá dois beijos na cara.

Não vou negar, este encontro foi mesmo muito estranho. Preciso de admitir ele tem razão, se eu quero arranjar um emprego eu preciso mudar o meu aspeto. Estou cansada que a minha imagem seja o motivo para eu ser rejeitada constantemente.

Chega o meu autocarro, entro e sento-me à janela. À medida que andamos observo várias mulheres nas ruas por onde passamos. Cada uma mais bonita que a outra.


Chego a casa após outro dia à procura de trabalho. Voltei a ouvir a famosa frase "depois ligamos". O que me leva a ter que tomar uma decisão. Eu vou procurar o Rafa e vou pedir ajuda. Cansei de ser o patinho feio. Chegou o momento de mudar e candidatar-me à empresa que sempre sonhei exercer relações públicas, eu vou-me candidatar à vaga na Multinacional Hetzel. 


Capítulo com revisão feita ⇠

AmaraOnde histórias criam vida. Descubra agora