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Faço um esforço enorme para abrir os olhos, mas as minhas pálpebras teimam em não abrir. Luto contra a vontade de dormir e abro lentamente os olhos. Percebo que estou sentada no chão com o pulso preso com algemas a uma cama velha de ferro enferrujado. 

Observo à volta e percebo que estou numa espécie de cave. Está escuro, mas não na totalidade. Há uma luz fraca a iluminar um pouco a divisão onde me encontro. Está bastante húmido e um silêncio infernal envolve todo o espaço. O único som que se faz ouvir é o de gotas a cair numa poça de água ao fundo. 

Ouço o ranger da porta e logo de seguida ouço passos. Fecho os olhos e finjo ainda estar a dormir. 

– Será que ele virá atrás dela? – Um homem pergunta. 

– Tenho a certeza! – Uma mulher com uma voz estranhamente conhecida responde. 

– Ela vai ficar tão feliz connosco. – Diz o homem. Quem será "ela"?  – Fizemos tudo como ela nos ordenou. – Completa orgulhoso. 

– Espero bem que sim... estou farta desta mania dela mandar em nós. – Responde a mulher claramente chateada. 

– Não vamos voltar a falar disso Morgana. – O homem repreende-a. Espera lá! É isso mesmo... a voz. É a cabra da Morgana. O ódio consome-me, porém tento controlar-me para não revelar que estou acordada. Eles sempre podem revelar alguma coisa importante. 

– Não tenho culpa nenhuma que sejas perdidamente apaixonado por ela. – Quem será essa mulher de quem eles tanto falam? Será a mulher que me ameaçou no hospital? 

O toque de um telemóvel interrompe a conversa dos dois. 

– É ela. – O homem anuncia antes de atender. 

– Atende seu imbecil. – Rosna a Morgana sem paciência. 

– Sim... Sim... Ok nós vamos já para aí. – Ele diz e desliga. – Chegou a hora. É agora que ele vai abdicar de tudo por esta miúda. Quem diria que tudo o que era preciso, era ele se apaixonar por ela para abdicar de tudo tão facilmente. 

– Realmente. Ela nem tem nada de especial. – Comenta a Morgana com desdém. 

– Não sejas invejosa. Ela que até é bem jeitosa, para não falar que estás apenas com dor de cotovelo porque o John a preferiu invés de ti. – Ele diz a última parte num tom de gozo. 

– Vitor está calado ou eu perco a minha paciência. – Grita. 

– Tu nunca irias fazer mal ao teu irmão. – Ele provoca-a. 

– Não me testes. – Ela ameaça. – Vamos ou ela irá ficar irritada connosco. 

Eles saem por onde entraram. Fecham a porta e ouço logo de seguida o trinco da porta. Abro os olhos na tentativa de procurar uma forma de sair daqui, mas percebo que não há nada que me possa ajudar. Apenas me resta esperar que alguém apareça em meu socorro. 

A mulher que eles tanto falavam parece ser a cabecilha de todo o plano, mas quem será essa mulher? Uma coisa eu tenho a certeza, eles têm medo dela, tal como gato tem medo do banho. 


Passaram algumas horas e começo a ouvir o meu estômago a protestar com fome. Desde que eles saíram desta sala não voltaram nenhuma vez, nem para me trazer comida. Será que eles se esqueceram que embora eu seja prisioneira eu preciso de comer. 

AmaraOnde histórias criam vida. Descubra agora