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Passaram algumas semanas desde o dia em que acordei do coma. O médico achou melhor eu permanecer todo este tempo no hospital para ficar em observação.

Durante estas semanas o John visitou-me todos os dias. Não posso negar que me sinto bem na sua presença. Para além das visitas regulares do John, recebi também visitas da minha mãe e do meu irmão. 

Para além deles os três recebi também várias visitas do Rafael. Ele costuma visitar-me sozinho, mas tem dias que chega acompanhado da Laura e do Luís. Também conheci o Tiago, a Maria e a Sara que são meus colegas de trabalho. 

Sinto-me frustrada por ver a cara de decepção com que o John sai daqui todos os dias. Todos os dias ele visita-me com esperança de que eu me recorde dele. Ele parecer ser uma excelente pessoa, mas para além daquela dança juntos, não me consigo recordar de mais nada relacionado com ele. 

Às vezes penso o quanto é estranho ter tantos amigos, visto que sempre fui uma pessoa bastante tímida. Tenho a constante ideia de que a Amara que todos eles conhecem é uma pessoa completamente diferente daquela que me lembro. 

– Olá Amara. Vejo que já estás acordada. – Observa a enfermeira que todos os dias está encarregue de me trazer o pequeno almoço. É uma senhora bastante simpática, deve ter cerca de 60 anos, pois os cabelos brancos já se fazem notar. 

– Olá. Sim, já acordei faz um bocado. – Dou-lhe um sorriso um pouco frustrada.

– Que carinha é essa menina?

– O mesmo de sempre. O facto de todos os dias o John sair daqui desiludido por eu não me recordar dele. 

– É verdade o menino sai daqui sempre muito desolado, mas não se culpe. Tudo chegará a seu tempo. 

 – Espero que sim. Sabe eu sinto-me muito bem quando estou com ele. Sinto-me realizada. Não sei ao certo explicar. 

– Eu entendo menina. – Ela sorri. 

– Porquê esse sorriso? – Fico indignada com o sorriso suspeito dela. 

– Menina embora não se recorde a verdade é que o ama. O seu amor por ele é maior do que qualquer amnésia. 

– Eu não sei. Eu queria tanto me recordar de mais alguma coisa. 

– Tudo vem a seu tempo. Vou buscar o café da manhã. 

– Obrigada dona Filipa. 

– Nada de dona, apenas Filipa. 

– Nesse caso trate-me apenas por Mara. – Devolvo com um sorriso.

– Está bem Mara. 

– Vês não foi difícil. – Pisco o olho. 

– Eu volto já. – Vejo-a sair a sorrir. 

Nestes últimos dias acabei apegando-me bastante a esta enfermeira. É como uma segunda mãe para mim. Pensar nisso deixa-me feliz. 

– Mara aqui está o teu pequeno almoço. – Ela estende-me a bandeja. – Tens uma visita lá fora. 

– Quem? – Agora fiquei curiosa. Quem iria me visitar a esta hora? 

– O John. – O meu olhar ilumina assim que ela diz o nome dele. – Parece que ele passou por cá antes de ir para o trabalho. – Posso mandá-lo entrar?

AmaraOnde histórias criam vida. Descubra agora