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Passaram duas semanas desde o dia em que recebi alta no hospital, não tenho pensado muito na ameaça daquela rapariga. Ela deve-se ter enganado, tenho quase a certeza que não era para outra pessoa. Decidi não contar esse episódio ao John, mas tenho de admitir que foi um pouco bizarro. Para não falar não o devo chatear com coisas assim. 

Por falar no John, ele anda insuportavelmente controlador. Não posso fazer nada que lá está ele a tentar controlar se está tudo bem. Não bastava ele, a minha mãe como ficou bastante preocupada comigo deixou de confiar em mim e decidiu mudar para cá, por alguns tempos, para me poder vigiar diariamente. Acabei por concordar com o John e me mudei para casa dele até eu estar completamente bem. 

– Como te andas a sentir? – Pergunta o Rafa que passou por cá para me ver, como tem vindo a fazer todos os dias. 

– Bem. Tenho andado a alimentar-me bem e a dormir as dez horas recomendadas. – Suspiro frustrada, eles tratam-me como uma criança. – Não esquecendo que o John não me deixa trabalhar por nada. Ele está a exagerar com o seu cuidado excessivo. 

– Dá-lhe um desconto. – Ela encara-me compreensivo. – Ele está muito preocupado. 

– Eu sei, mas é frustrante.

– Como estão as coisas entre vocês?

– Não sei. No dia do casamento da Laura parecia que tínhamos uma relação, mas depois fui parar ao hospital e desde aí apenas mostrou preocupação. 

– Sabes que quem preocupa, gosta. 

– A verdade é que ele nunca disse que gostava de mim. Às vezes acredito que ele apenas nutre um carinho por mim. 

– É. Ele nunca disse, mas mostrou. Se ele não gostasse de ti não estarias aqui na casa dele. 

– Esquece isso. Ele é o meu patrão e não devemos misturar as coisas. Foi bom enquanto durou. 

– Queria nem tu acreditas nisso. 

– Acredito. Pelo menos acho que acredito. 

– Não acreditas gata. Tu já gostas dele e nada irá mudar isso. Não será mentalizares-te que ele não sente nada, que irá mudar o facto do teu coração lhe pertencer.

– Eu sei, mas não me impede de tentar. 

– Não irá adiantar nada.

– Eu sei Rafael. Podes para de bater na mesma tecla. As coisas são complicadas. – Decido que é melhor mudar de assunto. – Como está a correr a vida de casada da Laura? 

A verdade é que desde que fui parar ao hospital que acabei por me desleixar com a minha amiga. 

– Ela está nas suas sete quintas, atrevo-me a dizer que nunca a vi mais feliz. – A expressão dele ilumina-se. – Ela confidenciou-me que está a tentar engravidar. Parece que ambos falaram e estão de acordo em ter um bebé logo. 

– Estou muito feliz por eles, mas não será um pouco cedo? Eles ainda não aproveitaram nada da vida dos dois juntos e um bebé irá abrandar um pouco a vida dos dois. 

– Eu disse-lhe exatamente o mesmo, porém a Laura respondeu-me que era exatamente isso que ela queria e que a vida dela apenas iria começar quando tivesse um bebé. Aquela mulher nasceu para ser mãe. 

– É. Tens razão. – Respondo a sorrir. – A Laura tem um instinto maternal enorme, ela será uma excelente mãe. 

Embora tente me distrair com o Rafa, não consigo parar de pensar na ameaça daquela mulher e isso claramente transpareceu no meu rosto.  

AmaraOnde histórias criam vida. Descubra agora