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Caminhamos devagar em direcção às vozes que se faziam ouvir ao longe. Assim que os donos dessas vozes se revelam, a primeira pessoa com quem me deparo é a enfermeira Isabel. Ela encara-me com um largo sorriso. 

Atrás da enfermeira Isabel está o meu irmão, vestido apenas com calções de banho, prestes a atirar-se para a piscina. Avisto a minha mãe ao fundo a colocar uma travessa com alguma comida na mesa. Ela apercebe-se da minha presença e lança-me um sorriso maternal. 

Distingo também entre as pessoas a Sara, a Maria, o Tiago, a Laura, o Luís e o Rafa. Ainda que não me recorde de tudo, já recordei vários momentos relacionados com cada um deles. 

Fito o John e abro-lhe um enorme sorriso, ele abaixa o olhar na minha direcção e corresponde também com um sorriso. 

– Isto tudo é para ti e para saberes o quanto todos te adoramos. 

– Obrigada. – Respondo um pouco insegura com toda a atenção destas pessoas. Nunca antes alguém se preocupou comigo desta forma. 

– Porque não vais colocar um biquíni e voltas para aqui para te divertires um pouco? – Pergunta com um tom de diversão. 

– Sim. – Respondo um pouco reticente. – O problema é que eu não tenho aqui nenhum biquíni. – Digo o óbvio, afinal acabei de chegar do hospital. 

– Não te preocupes com isso. Eu pedi à tua mãe que trouxesse um biquíni teu. – Ele diz satisfeito consigo mesmo por se ter lembrado desse facto. Estende-me um biquíni preto.

– Onde me posso trocar? 

– Anda. Eu mostro-te. 

Ele faz-me um sinal para o seguir e eu assim o faço. Entramos dentro da casa, percorremos vários corredores, até que paramos diante de uma porta. 

Entramos e surpreendo-me ao ver diante de mim um quarto. Volto-me para ele e encaro-o assustada. Como se ouvisse os meus pensamentos ele acena negativamente com a cabeça. 

– Podes trocar de roupa na casa de banho enquanto espero por ti aqui. – Ele indica deixando-me um pouco mais calma. 

A verdade é que não seria capaz de me trocar à sua frente, apesar de me recordar de muitas coisas em relação a nós. Não me  consigo sentir completamente à vontade de me despir diante dele. 

Entro na casa de banho. Sem me olhar ao espelho retiro a roupa e coloco o biquíni. Assim que termino de o vestir, saiu da casa de banho com a minha roupa cuidadosamente dobrada nos braços. 

– Podes deixar as tuas roupas ali. – Aponta para uma cómoda. 

Caminho em direcção à cómoda onde ele me disse para colocar a minha roupa e prendo o meu olhar no meu reflexo. O local onde o tiro me atingiu chama a minha atenção. Ficarei com esta marca horrorosa para sempre. 

Instintivamente levo a mão ao local e tento tapar o melhor que posso com o biquíni. Atrás de mim vejo o John aproximar-se. Assim que me alcança agarra-me os cotovelos e encara o nosso reflexo. 

Com cuidado ele eleva uma das suas mãos até ao local, onde sem sucesso tentei tapar. Volta a colocar o biquíni como estava ficando como antes estava. 

– Tu és linda, mesmo com esta marca. Ela representa a tua força, por tanto não sintas vergonha de a mostrar. – Diz carinhoso. 

Viro-me para ficar de frente para ele. Encaro-o nos olhos e ele devolve-me com um olhar penetrante. Os seus lábios estão tentadores. Por impulso desvio o olhar. Ele eleva uma mão até ao meu queixo e puxa-o suavemente de modo a olhar de novo para ele. 

AmaraOnde histórias criam vida. Descubra agora