--------------------- ♥︎ ---------------------
Não digo nada, apenas aproximo-me cautelosamente do John. Decido abraçá-lo e não dizer nada. Apenas dar o calor do meu corpo. Ficamos assim abraçados durante minutos ou talvez durante várias horas.
– E agora o que pensas fazer?
– Vou falar com o meu pai... com o Marco. – Encara o chão com pesar.
– Estarei ao teu lado quando fores falar com ele. Prometo. – Agarro-lhe as mãos e aperto-as com força numa tentativa em vão de lhe passar conforto.
– Vamos à empresa. Ele está à minha espera.
– Tens a certeza que queres fazer isso agora?
– Eu preciso. – Vejo uma lágrima escorrer pelo seu rosto. – Estou sozinho. O meu pai era tudo o que me restava. Agora estou sozinho de novo.
– Tu não estás sozinho. Eu estou aqui e o Marco continua a ser o teu pai.
Vamos em silêncio até à empresa. Decido que o melhor é não dizer nada, pois qualquer coisa que eu possa dizer neste momento pode acabar por piorar o estado frágil do homem diante de mim. '
Encontramos o Sr. Marco de costa. Não dizemos nada, apenas entramos na sala. O John e o Marco encaram-se por um momento até que o Marco decide quebrar o silêncio.
– Já sabes. – Sai em tom de afirmação e não de pergunta.
– O senhor já sabia? – O John pergunta claramente surpreendido.
– Eu sei desde o dia em que nasceste. A tua mãe foi embora porque não foi capaz de arcar com as consequências de me ter enganado aquele tempo todo.
– Mas se sempre soube porque me tratou como um filho? Porque me deixou a comandar a empresa?
– No inicio foi complicado para mim aceitar a traição da tua mãe. Eu isolei-me. De orgulho ferido desisti do mundo. Contei sobre a traição à tua avó e ela sempre me apoiou. A minha mãe fez-me ver que tu não passavas de uma criança inocente e que estavas alheio ao que a tua mãe tinha feito. Fez-me ver que naquele momento estavas sozinho no mundo, a tua mãe simplesmente tinha fugido e te deixado à minha mercê. Enquanto eu lambia as minhas feridas a tua avó tomou conta de ti como um filho e quando finalmente eu havia superado a dor da traição consegui finalmente olhar para ti como meu filho. E acredita quando te digo John, embora não tenhas o meu sangue, não deixas de ser meu filho.
– Se sabia porque me deixou fazer o teste?
– Não sei. Talvez ainda tivesse esperança que tivesses o meu sangue. Ou talvez não. No fundo não sei responder-te a essa questão.
– E agora? – O John pergunta com a voz embargada.
Neste momento vejo o John parecendo uma criança perdida. Os olhos dele reflectem medo. Mostram um homem frágil. Um homem quebrado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amara
ChickLitLIVRO 1 Chamo-me Amara Abrantes, mas detesto o meu nome portanto chamem-me apenas de Mara. Tenho 23 anos e acabei agora a universidade, formei-me como profissional de Relações Públicas. Sou solteira, não por opção minha, mas sim dos outros. N...