Parte 25: Sob as estrelas

257 19 7
                                    


Por volta da meia- noite e meia não consigo mais manter meus olhos pregados. O vazio da noite e o silencioso quarto me fazia lembrar ainda mais aquela noite que nunca saia de meus pensamentos. Cada detalhe, cada som, cada toque... Não sentir aquilo de novo era uma tortura. Cada minuto que se passava sem que eu olhasse para o rosto de Melany já me era uma grandiosa tortura. E aquilo que eu tivera ontem de manhã, troca de poucas palavras e algumas mensagens, não fora o suficiente para mim.

Sem pensar duas vezes levanto-me da cama e troco de roupa pondo a primeira bermuda que vejo e a camisa de malha que estava jogada na cadeira ao lado da cama. Dou-me alguns minutos a mais para escovar os dentes, dar um jeito no cabelo e passar desodorante. Mal percebo e já estava subindo na moto.

***

O celular de Melany toca algumas vezes até que uma voz sonolenta atende com um alô seguido de um bocejo.

- Oi. – digo e logo percebo que não tinha mais nada a dizer.

- Por que está me ligando há essa hora Jhon? São quase uma hora da manhã. – Melany reclama, mas sua voz parecia um pouco mais empolgada agora.

- Você pode vir aqui fora? – pergunto. Minha voz estava baixa temendo que eu acordasse alguém.

- Aqui fora aonde? – ela pergunta.

- Me atende aqui na porta. – digo.

Alguns segundos de silêncio se passam e começo a pensar que Melany estava dormindo ao telefone.

- O que você ta fazendo aqui? – ela me surpreende ao perguntar.

- Vem logo. Se não vou embora.

Melany desliga e uma angústia cai sobre mim ao imaginar que ela não queria me ver. Mas a porta não se demora a abrir expondo uma Melany ainda de pijamas, com o cabelo emaranhado e os olhos quase se fechando.

- Você está tão bonitinha assim. – deixo escapar e ela sorri.

- Me desculpa Jhon, mas você não pode ficar aqui hoje. – ela diz num sussurro. – Ah Hilary está em casa.

- Não era essa minha intenção.

- Então qual é?

- Vem dar uma volta comigo? – peço quase implorando. Melany abre um pouco mais os alhos.

- Agora?

- É.

Ela pensa por um segundo.

- Tá. Deixa eu trocar de roupa. – diz e começa a se afastar.

- Não. – me apresso em dizer e puxo-a de volta pelo braço. – Fica assim mesmo.

- Sério? – ela pergunta erguendo uma das sobrancelhas.

Uma lembrança distante surge em minha cabeça de quando éramos pequenos e Melany fazia de tudo para me imitar quando eu levantava uma sobrancelha só. Até que uma hora ela me obrigou a ensiná-la a fazer isso. Uma risada quase escapa de minha boca ao lembrar as caretas que ela fizera.

- Não vamos sair do prédio. – respondo. – Prometo.

Melany dá de ombros e fecha silenciosamente a porta atrás de si. Segurando sua mão e entrelaçando meus dedos nos dela puxo-a comigo até o elevador e ela me encara ao perceber que estávamos indo para o último andar.

- O que você tá fazendo? – ela pergunta. Seus olhos agora estavam completamente abertos e ela parecia prestar mais atenção ás coisas a sua volta.

Amor de amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora