Parte 30: Simples detalhes

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Assim que Jhonatan sai do banheiro – só de toalha e com o corpo ainda um pouco molhado – obrigo-o a vestir alguma coisa para que eu possa cuidar de seus ferimentos. Assim, vestido somente com uma bermuda, ele se senta à minha frente no sofá.

Eu já continha diversos curativos e remédios – do qual o médico nos passara – sobre minhas pernas cruzadas no sofá. Mas estava cada vez mais difícil me concentrar na cabeça de Jhonatan sem desviar os olhos para seu peito nu. E para dificultar minha concentração ele, com um sorriso safado no rosto, desliza os dedos por minha perna direita. Seus olhos permanecem nos meus.

Tive certa dificuldade para tirar o antigo curativo de sua cabeça. O esparadrapo grudava forte em sua testa e Jhonatan xingou quando o arranquei de uma vez. Seus dedos paralisaram em minha perna.

- Desculpe! – exclamei.

Ele voltou a deslizar os dedos em minha cocha exposta e uma risada escapou de meus lábios. Estava fazendo cócegas. Jhonatan sorriu.

Encharquei um algodão com um líquido do qual eu não sabia pronunciar o nome e passei-o levemente sobre o ferimento em sua cabeça. Ainda continha vestígios de sangue, mas não parecia tão profundo como quando o encontrei na estrada. Jhonatan gemeu um pouco.

Depois de limpar o machucado com aquele líquido passei um pouco de remédio, parecia mais uma pomada, no local. Jhonatan permaneceu me olhando nos olhos enquanto eu, num tamanho esforço, continha os olhos em sua cabeça.

- Dá pra parar com isso? – pergunto já irritada com seus dedos que não paravam de deslizar por minha perna.

- O que? Isso? – ele desliza somente um dedo da bainha do meu short até o joelho.

- É. – concordo deixando escapar uma risada indesejada.

Por fim Jhonatan para de deslizar os dedos. Mas assim que volto a me concentrar em sua cabeça e os recoloca na minha perna.

Respiro fundo e desisto.

Entre a escapulida de uma risada ou outra termino de fazer o curativo de sua cabeça e começo a limpar, desnecessariamente, os ferimentos do braço. Estes não exigiam muitos cuidados, mas eu insisti e cuidar completamente de qualquer que seja o ferimento, mesmo que Jhonatan permanecesse resmungando.

Finalmente termino os curativos e olho para seu corpo a fim de avaliar meu trabalho. Porém, ao observar seu peito ainda exposto e a barriga tanquinho, outras imagens surgem em minha mente.

- Minha vez de tomar banho. – levanto-me subitamente do sofá e sigo para o banheiro pegando a mesma toalha que Jhonatan usara no caminho.

Deixo a água quente percorrer meu corpo e só então percebo a ardência em meus braços. Eles também continham alguns arranhões devido ao acidente.

Maldito acidente! Talvez eu nunca mais queira olhar para aquela moto de novo.

Mesmo com a ardência decido ignorar os arranhões em meus braços - até porque Jhonatan não me deixaria em paz se eu reclamasse de dor – e lavo cada centímetro de meu corpo. A espuma do sabonete em minha pele era um alívio comparado à sujeira de terra.

Ao sair do chuveiro e me secar com a toalha já úmida de Jhonatan percebo tarde demais que eu não tinha nada para vestir. A não ser aquela mesma roupa suja de terra.

Olhei para minhas roupas ponderando a opção de vesti-las.

Não. De jeito nenhum eu vestiria aquela imundice depois de um banho. Porém em uma parte eu não tinha muita escolha.

Amor de amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora