Parte 39: Me perdoa?

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Não se passou um dia sem que meu celular tocasse revelando mais uma mensagem de Jhonatan. Ou até mesmo quando ele ligava. Fiz questão de ignorar todas as ligações e apagar todas as mensagens antes mesmo de ler. Mas aquilo estava deixando os dias ainda mais angustiantes.

Eu mais parecia um robô na lanchonete. Já nem sorria mais e Hilary também não me exigia isso. Ela tentava ao máximo me privar das piores tarefas, mas eu queria me ocupar. Precisava estar em movimento constante para que minha cabeça fosse incapaz de perder tempo pensando nos meus sentimentos.

Porém, a lanchonete não estava tão movimentada como costumava estar. O dia de Ação de Graças estava a caminho e a maioria já tirara folga por conta do feriado. Creio que as famílias estariam reunidas em casa para os preparativos do grande jantar. Assim como eu imaginei que estaria a família de Jhonatan.

Quando Henry soubera que Hilary voltara de São Francisco e estava livre para este fim de semana ele não hesitara em chamá-la para o feriado de Ação de Graças. E, é claro, eu ia como brinde. Henry fizera questão de deixar bem claro que minha presença era essencial, mas eu sabia que não faria a menor diferença. Portanto, eu implorara, sem sucesso, a Hilary para me deixar em casa.

Terry também foi um dos que insistira para eu ir.

- Por que você tem que ser tão cabeça dura? – ele perguntou um dia desses ao telefone.

Suspirei.

- Não sou cabeça dura Terry. Só não quero ir.

- Para quê? Ficar chorando em casa que nem uma idiota?

- Nossa. É assim que você quer me convencer que sou importante?

- Não foi o que eu quis dizer. Quero dizer que o Jhonatan, depois de ter feito besteira, não merece as suas lágrimas. – Terry insiste.

Suspiro ao ouvir mais uma vez aquele nome, mas Terry tinha razão. Por mais que as malditas lágrimas lutassem para serem libertas, Jhonatan não as merecia.

- Tá bom, você tem razão. Eu vou. Mesmo que tenha me chamado de idiota.

Terry comemorou ao telefone.

- Eu busco você. E só me dizer à hora. – diz.

- Ah sei lá. A hora que der.

- Ok, chego aí em uma hora. Tchau!

- Mas...

Ele desligou.

Terry falara sério quando disse que chegaria em uma hora. Não atrasou nem um minuto. Porém, eu, no entanto, me apressei ao me arrumar quando a campainha tocou. Ao menos Hilary não estava em casa para reclamar em meu ouvido. Ela decidira sair mais cedo com Henry.

A campainha tocou novamente enquanto eu corria em direção à porta ainda vestindo o casaco.

- Já vou. – gritei.

Ouço um longo suspiro atrás da porta antes de abri-la.

Minha respiração cessa imediatamente e por um momento pensei que eu estivesse tendo um infarto. Minha boca se escancara e meus olhos se arregalam com a presença da tão indesejada pessoa à minha frente.

Jhonatan também arregalara os olhos para mim quando abri a porta. Como se estivesse me vendo pela primeira vez. Porém não durou muito tempo porque voltei a fechá-la - praticamente batendo na cara dele – e desta vez passei a chave.

- Mel, por favor. Abra essa porta. – ele insiste batendo à porta.

Permaneço em silêncio encarando a porta a minha frente imaginando a imagem de Jhonatan atrás dela. A tal lágrima finalmente conseguira se libertar.

- Eu sei o que você viu, mas não é o que pensa. Eu juro. Por favor, me deixa entrar. Eu preciso conversar com você, ouvir sua voz. – ele bate um dos punhos na porta mais uma vez e suspira. – Eu preciso de você.

Um soluço me escapa e cubro a boca com as mãos.

- Está chorando? – ele pergunta.

Continuo em silêncio.

- Melany? – Jhonatan bate na porta. – Melany, por favor. Me perdoa. Eu te amo demais, não consigo viver sem você. Por favor, por favor, me perdoa.

Escuto outro baque na porta, mas não parecia vir de seu punho. Mesmo com toda mágoa que eu ainda nutria por ele tentei imaginá-lo de diversas formas. Escorado na porta, com a mão na maçaneta, respirando fundo.

Porém eu podia imaginá-lo de outras formas também, sorrindo e contando piadas para Dora, a fazendo sorrir, beijando-a e quem sabe até indo para a cama com ela. Com o tempo que ele permaneceu lá ele teve todas as oportunidades para isso.

- Eu sei que você está aí. – Jhonatan sussurra. A voz tão perto da porta que ela parecia não existir. – A centímetros da porta. Com lágrimas nos olhos. Se ao menos soubesse o quanto eu te amo... E o quanto estou sofrendo por não poder olhá-la nos olhos agora, não poder tocá-la... Eu não consegui ficar em São Francisco sabendo que você estaria aqui pensando mal de mim. Por isso vim pedir perdão. E você nem me abre a porta.

Outro suspiro me escapa. A tentação em abrir a porta só crescia dentro de mim, mas permaneci parada como uma estátua procurando não pensar nas coisas que ele dizia.

- Ao menos posso ouvi-la suspirar. Não sabe o quanto senti sua falta. – Jhonatan continua.

Eu também sentia. Muita. Tanto que minha mão foi involuntariamente em direção a maçaneta, mas afastei-a rapidamente e com isso segui a passos firmes em direção ao meu quarto. Fechei também aquela porta e me joguei na cama.

- Melany? – Jhonatan voltara a chamar alto. – Melany, não faz isso comigo! Abra essa porta, senão eu vou arrombá-la.

Pus o travesseiro sobre o ouvido e com isso não pude ouvir mais nada além dos socos que ele dava na porta e da campainha que ele insistia em tocar.


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Pois é, eu não desisti de vocês. Espero que também não tenham desistido de mim. rsrs.

Lutarei até minha última centelha de inspiração para terminar este livro!

Amor de amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora