Parte 41: Esclarecendo os fatos

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                                                                              (Jhonatan)

O reflexo no espelho mostrava uma pessoa não muito atrativa aos olhos. Os cabelosdesgrenhados e já compridos cobriam parte dos olhos que lutavam para continuarabertos. As olheiras debaixo deles mostravam o tempo em que não conseguiadormir. O sono, entretanto, me abatia a esta hora da manhã lembrando-me dashoras sem dormir à noite.Este no espelho não parecia eu. De forma alguma.Aindaassim, no mesmo estado em que estive há semanas, consegui pegar minha maleta eseguir para o prédio do qual eu freqüentava por tantos anos. Meu emprego meparecia um tanto atrativo depois de tantos dias remoendo dores em casa sozinho.Malhavia percebido a saudade que eu sentia dos gêmeos.-E aí, Henry. – eu disse ao entrar no escritório e deixar minha maleta sobre aminha mesa.-Jhonatan? Você... – ele parecia ter uma frase pronta para ser ditar, mas pareceuesquecê-la quando virei-me de frente para ele. – Nossa! Você está horrível.-Meu espelho já me mostrou isso hoje Henry, obrigado. – respondo e volto a tiraros inúmeros papeis de dentro da minha maleta.-Está tudo bem, cara? – Henry pergunta mais próximo do que eu havia percebido.Ele estava ao meu lado com uma das mãos em meu ombro.-Está. Ótimo. – pude sustentar esta mentira apenas por alguns minutos. Enquantoeu terminava de organizar a papelada em minha mesa. Depois me atrevi a olharpara ele. – Teve algum contato com ela? Ele sabia de quem eu estava falando.-Sim. Ela passou o feriado lá em casa.-E como ela está?-Bem. Quer dizer, do jeito dela. Uma hora ela está sorridente, conversando erindo e outra hora ela abaixa o olhar. Não dá para entender muito.-Pelo menos esta sorrindo. – digo sem transparecer nem um pingo de animação.-Pois é, o Terry tem feito um bom esforço para isso.-Como assim?-Sendo amigo dela. Ele parece meio preocupado com ela ultimamente. Aquilo me deixou nostálgico. Era obvio queele aproveitaria o nosso estado para se aproximar.-É... Jhonatan. Só para antecipar as coisas, ele não está muito contente comvocê. – Henry se apressa em dizer olhando por sobre o meu ombro.-Por quê? Ele não precisou responder a pergunta. Terryestava se aproximando quando olhei para a mesma direção em que Henry olhava. Eele tinha razão. Não parecia estar nem um pouco contente. Na verdade mantinhaos olhos grudados em mim, me fuzilando enquanto diminuía a distância entre nós.-Você é um idiota. – ele se atreveu a dizer enquanto me segurava pela camisa comas duas mãos e me imprensava contra a minha mesa. – Imbecil, canalha, filho da...-Está amassando a minha camisa. – digo.-Foda-se. – ele berrava.-Terry... – Henry tentava por uma das mãos em seu ombro, mas Terry não desviavao olhar raivoso do meu.-Por que você fez isso? Sabe o que perdeu? Você acabou com ela. – Terrycontinuava a dizer.-Pelo menos ela tem alguém com quem se distrair agora.-O que?-Você acha que não entendi o que está fazendo? Está agindo como o amigão,bancando o valente para impressionar a garota, mas na verdade está feliz com tudoisso. Assim você tem chances com ela. – desafiei-o. Minha resposta foi o avanço de seu punho emmeu rosto, porém, mais uma vez, o soco foi interrompido por Henry que fechou amão ao redor do punho de Terry a centímetros do meu rosto.-Terry, Robert está aqui. Pare de fazer escândalos.-Tem razão Henry. E que bom que sabe que estou aqui. – a voz não vinha de Terrynem de Henry o que me fez desviar os olhos para o autor ao lado. Terry fez omesmo e rapidamente soltou minha camisa quando viu de quem se tratava. – Masdeveria ter evitado isto antes. Robert, nosso patrão, finalmente desviou suaatenção de Henry para nos torturar com seu olhar reprovador.-Mas o que é tudo isso?-Foi só um desentendimento, senhor. – foi Henry quem respondeu.-Não permito desentendimentos em meu escritório. Ainda mais desses que chamamtanta atenção. – Robert respondeu. E ele tinha razão. Todos os que ocupavamaquela área, até aqueles que saíram de sua sala particular para buscar umcafezinho, pararam para ver a cena. Cerca de dezesseis pessoas.-Não acontecerá de novo. – falei.-Assim espero senhor Jhonatan. Além do mais, onde acham que estão? No ensinomédio? Faculdade? Talvez esses lugares permitam esse tipo de comportamento. Masaqui... – Robert estava se alterando. O rosto ficando vermelho como um tomate.E todas as pessoas que antes assistiam ao nosso desentendimento agora observavama bronca que nosso patrão nos dava. – Eu não estou lidando com crianças do ensino médio. Estou lidandocom profissionais. Se acham que aindanão se adequaram a este termo então sugiro que voltem para a escola. Robert deu meia volta e começou a sedistanciar, mas parou no meio do caminho para nos olhar de novo. Sua expressãoparecia mais calma.-Dou-lhes uma hora para resolverem o conflito entre vocês dois. E que seja longede minha vista. – ordenou ele. – Ah, e suas atitudes infantis serão descontadasno salário. Terry bufou e olhou para cima. Mal me olhavanos olhos desta vez.***-A culpa é sua. – digo apontando um dedo bem próximo do rosto de Terry. Estávamos no estacionamento da empresa ondeTerry, sem muito sucesso, tentava se acalmar e não olhar para mim.-Minha culpa?-É claro. Você não consegue esclarecer as coisas por meio de uma conversanormal, quer logo partir pra agressão. Robert estava certo ao te chamar decriança. Você parece uma garotinha briguenta.-Não me faça terminar o que começamos lá dentro. – Terry respondeu fechando ospunhos ao lado do corpo e voltando a me fuzilar com os olhos exatamente comoantes.-Pode vir, eu não tenho medo de você.-Tem certeza? Henry não está mais aqui pra te defender desta vez.-Qual é o seu problema afinal? Se quer brigar, ótimo, vamos brigar. Mas antesquero saber o motivo da sua raiva.-Você traiu a Melany. – agora era ele quem me apontava o dedo.-E não era ela quem deveria estar aqui então? Você não é ninguém para me acusar.-Sou amigo dela.-Amigo? – aquilo me fez rir. – Se tornou o amiguinho assim que as coisas deramerrado pra gente. Meio coincidência, não acha?-Acha que se eu realmente tivesse segundas intenções com ela estaria aquidiscutindo com você? Ela precisava de um amigo.Não fui nada, além disso, para ela.-Você não é amigo dela. Eu sou. Hámais de vinte e seis anos. Ou pelo menos fui.-É, até você estragar tudo. Olhei para ele como se ele fosse a soluçãodo problema. Se Terry resolvera se tornar o amigo íntimode Melany talvez ele possa me ajudar.-Eu não estraguei tudo. O único problema é que ela não me escuta. – falei.-Como assim não estragou tudo? Você a traiu.-Não. Não fui eu quem a traiu. Quer dizer, não fui eu quem beijou Dora, minhaex-namorada. Ela me beijou. E achoque Melany chegou bem na hora. Infelizmente acho que foi embora antes de me verafastar a Dora para bem longe de mim.-Peraí, me explica isso direito. – Terry cruzou os braços parecendo confuso.-Acha realmente que eu a trocaria por uma ex-namorada do qual eu nem gostavadireito? Você realmente não sabe o quanto a amo. Nem ela sabe. – olhei parabaixo e passei a mão pelos meus cabelos desgrenhados tentando também não pensarmuito no meu amor por ela e o quanto agora isso me torturava. – Quando Dora seaproximou eu não sabia o que ela iria fazer até ela me beijar. Logo em seguidapus a mão no rosto dela e a afastei dizendo que aquilo não estava certo. Que eunão sentia nada por ela e que cada centelha de sentimento que eu nutria sedirigia a Melany, somente a Melany. Depois mandei ela ir embora. Terry permaneceu em silêncio, mas ainda debraços cruzados contra o peito e olhos arregalados para mim.-O meu único erro foi ser burro por não perceber as intenções de Dora. -continuei-Quer dizer que tudo isso foi um grande mal entendido? Então Melany e você estãosofrendo atoa? – ele parecia se divertir com a situação.-É isso que estou tentando dizer a ela, mas ela não me atende nunca, bate aporta na minha cara toda vez que vou a sua casa. Talvez ela já tenha me esquecido.-Pois é, ela não te esqueceu. – Terry diz erguendo os olhos para mim.-Então você pode me ajudar. Já que se tornou o amigo dela, pode convencê-la.Contar essa história para ela. Talvez ela te escute. – peço.-Não tenho tanta certeza disso.-Terry, por favor. – me aproximo dele para suplicar não somente com palavras,mas com o olhar. – Você não sabe o tormento em que eu passei sem ela. – suspiroe meus olhos despencam mais uma vez ao chão. – Eu pensei que ficar longe deladurante aqueles dez anos seria insuportável, mas estava enganado. Estar tãoperto dela e mesmo assim não poder tê-la... Isso é muito pior.-Tá, me convenceu. Vou tentar fazer alguma coisa. Mas você também tem que fazer.Continue insistindo. Sei lá, já que não consegue conversar com ela faça-a ouvira força.-Não sei se vai dar certo, mas vou tentar. – sorrio. – Obrigado, Terry.-É... – Terry olha para o relógio em seu pulso e arqueia as sobrancelhas. – Achoque já passou uma hora.-Robert vai ficar furioso se não subirmos agora.-Espera, não é melhor eu te dar um soco pra mostrar que as coisas foramresolvidas? Acho que o ele vai querer provas.-Engraçadinho.-Não, eu to falando sério.-Então é melhor eu te dar o soco jáque é em mim que ele aposta. – passo por Terry para chamar o elevador.-Não tenha tanta certeza disso. – Terry se apressa em entrar no elevador quandoeste chega mais rápido que o esperado. Ele ainda dizia algo sobre a disputa que nãoacontecera entre nós quando a porta se fechou a nossa frente. Eu não me davamais o trabalho de ouvi-lo. Minha mente já estava em outro lugar.


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Gente não sei o que está acontecendo com este site. Se alguém tiver uma resposta me iluminem por favor. Enquanto isso, infelizmente, continuarei a postar os capítulos assim mesmo ou pararei de postar até este problema ser resolvido.

Espero que consigam ler e pelo menos entender um pouco este capítulo. Peço desculpas aos leitores.

Beijos e abraços.

Amor de amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora