Parte 11: Você é um idiota

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                                                                        (Jhonatan)


- Ou, acorda cara. Está pensando no quê? Tem muita coisa pra fazer aqui.

Eu estava rodopiando um lápis entre os meus dedos e meus olhos direcionavam a frente sem nunca ver nada.

- Jhonatan, o que há com você? – Henry dá um tapa em meu ombro e sua irritante voz me tira do transe – Olha quanta papelada tem na sua frente.

- Ela estava lá, Henry. – digo por fim parando o lápis e olhando para ele.

- Quem? Aquela mulher que não parava de olhar para você? Ela é mesmo bonita, mas não é hora para pensar nisso.

- Ela foi a minha melhor amiga durante dezesseis anos. Não a vejo há quase dez anos e agora por um acaso me encontro com ela. Nunca pensei que ela ainda estaria aqui. – digo.

- Nossa. É emocionante.

- Ela está tão linda.

- Eu vi. E é muito gostosa por sinal.

- Cale a boca.

Henry ri.

- Pare de pensar nela e faça logo esses cálculos. A pilha de papeis está ficando cada vez maior aqui. – Henry diz e se dirige à sua mesa.

- Então você reencontra sua ex-melhor-amiga gostosa depois de dez anos e... Nada? Diz tchau de novo? Não pegou nem o número dela? Fala sério. – Terry bufa ao meu lado.

Eu estava de frente a dois homens idênticos, porém nem tanto, numa mesa de lanchonete em frente ao prédio onde trabalhávamos. Uma das diferenças entre os irmãos era que Terry estava à vontade em sua cadeira apoiando as costas nela e fazendo-se equilibrar apenas nas duas pernas traseiras. Henry debruçava-se na mesa apoiando o queixo em ambas as mãos fechadas em um punho. Seu olhar era curioso enquanto que Terry parecia divertido.

- Em primeiro lugar ela nem sempre foi gostosa. Em segundo nunca mais a chame de gostosa. E... Eu não tive chance tá. Foi muito rápido. E eu estava espantado demais com sua presença. – digo.

- E praticamente babando em cima dela. – Terry ri.

- Você ainda não nos disse por que pararam de se falar. Se eram tão grudados por que não mantiveram contado durante esses dez anos? – Henry pergunta.

- Eu a beijei. Num dia quando eu a levei a um parque eu a beijei para dar ciúme ao seu ex-namorado. Ela começou a ficar estranha depois disso.

- Nossa. – diz Terry e se endireita na cadeira para prestar mais atenção – E teve mais alguma coisa, além disso?

- Cala a boca, Terry. – diz Henry gesticulando para que eu continuasse.

- Continuamos mantendo contando por alguns meses até que ela se declarou para mim por telefone. Disse que não parava de pensar no beijo e por isso estava se sentindo estranha.

- Não me diga que você não sentia o mesmo? Pelo amor de Deus, ela pode ter sido amiga, mas não deixava de ser mulher. – diz Terry e Henry fuzila o irmão com os olhos.

- Eu sempre fui apaixonado por ela. Mas só me dei conta disso com dezesseis anos e o beijo só confirmou o que eu sentia. – admiti.

- Então o que aconteceu? Por que não ficaram juntos? – era a vez de Henry perguntar. Tinha deixado completamente seu sanduíche no prato enquanto Terry já devorara o seu e agora olhava para o dele.

Amor de amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora