Parte 37: Dê-lhe uma chance

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                                                                                        Melany


Eu já estava cansada de chorar. Meu travesseiro se encharcava de lágrimas geladas que por sua vez voltavam a molhar meu rosto. Raiva, tristeza, dor, angústia, e mais alguns sentimentos indecifráveis inundavam a minha alma. Até que chegou um ponto em que eu não chorava mais. Não dormia, não comia, não suspirava, não soluçava. A única coisa que me obriguei a continuar fazendo é respirar.

Eu sabia que poderia ser exagero. Emoção demais para quem presenciara só um beijo. Mais o que mais me causava dor era no que aquela cena me fazia lembrar. Não exatamente no que, mas em quem.

Eliot.

Não tive tempo para prosseguir com meus pensamentos logo que ouvi o barulho da porta da sala ser escancarada. Em seguida ouvi algo ser arrastado pelo chão e a mesma porta ser fechada novamente.

Não demorou muito para a porta do meu quarto ser escancarada também.

Hilary se mostrou toda encharcada na soleira da porta. Gotas de água caiam de sua roupa.

Eu mal havia percebido que estava chovendo.

- Eu vou matar você! – articula. – Olha pelo que você me fez passar? – ela estende o guarda chuva também ensopado e faz questão de sacudi-lo sobre o meu tapete.

- O que está fazendo aqui Hilary? – pergunto sem emoção.

As lágrimas já haviam secado e eu mal a olhava nos olhos.

- Vim atrás de você sua imbecil. Jhonatan está desesperado. – responde.

Não me movimento nem um milímetro a seu favor. Nem demonstro qualquer emoção por sua declaração. Apenas continuo focalizando o nada.

Hilary suspira e vem ao meu encontro. Afasta as minhas pernas e senta na cama ao meu lado.

- O que houve Melany? – pergunta desta vez mais calma e compreensiva.

Uma fungada inesperada me escapa e as lágrimas retornam aos meus olhos.

- Melany. Ei. – ela esfrega uma das mãos em minhas costas. – Me conta.

- Ele me traiu Hy.

- O que!?

- Me traiu com aquela loira lambisgóia. – um soluço me sufoca ao relembrar a cena tão dolorosa.

- Ah Melany. – ela suspira e me envolve num dos braços. – Deve ter sido um mal entendido. Ele está realmente preocupado com você. Angustiado até. Bem que eu percebi uma centelha de culpa em sua expressão.

- Angustiado? Preocupado? A pelo amor de Deus! Eu vi ele pondo a língua para dentro da boca de Dora. Ele não parecia preocupado nem angustiado naquela hora.

- Deve ter alguma explicação para isso.

- Não, não tem. A única explicação é que homem não presta. Todos são iguais, só querem te usar e quando enjoam partem para outra. É assim que funciona, só que eu nunca admiti. Eu sou uma idiota. – declaro.

- Não diga isso. Ele te ama. Mesmo que tenha feito sei lá o que com Dora. Eu sei que ele te ama de verdade. Tente dar uma chance a ele. Talvez não seja o que está pensando.

- Eu estou cansada Hilary. – me exalto – Estou cansada de ser traída por quem eu amo. Estou cansada de servir como um brinquedo. Ninguém me leva a sério.

Amor de amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora