Parte 34: Indesejada

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                                                                               (Melany)

O vôo demorara o suficiente para que quando chegássemos já fosse noite. Tirando as breves conversas que eu tivera com Hilary passei a maior parte das horas dormindo encostada a Jhonatan, que quase dormira a viagem inteira.

Agora estávamos parados em frente a sua antiga casa e Jhonatan nos ajudava a tirar as imensas malas do táxi.

- Greg seu imprestável, faz alguma coisa. – Hilary sibila entre dentes.

Ela tinha razão. Na maior parte do vôo ele passara com o celular nas mãos assim como agora, encostado ao táxi com os olhos vidrados na tela.

- O que você tanto faz nesse celular? – pergunto arfando com o peso da minha mala.

Jhonatan se apressa em segurar, além da dele, a minha também.

- Estou falando com o Alan. – Greg responde sem desviar os olhos para nós.

Hilary bufa irritada e revira os olhos.

- Não sabia que tinha pego o número dele. – comento desabando os ombros e suspirando.

Tudo o que eu queria naquela hora era uma cama para continuar dormindo.

- Peguei no parque e a gente conversa desde então. – ele responde ainda com os olhos no celular.

Aquilo também estava começando a me irritar.

Hilary em fim consegue arrastar sua imensa mala até nós e para ao meu lado também arfando.

- Ei, ta achando que a gente vai pegar sua mala princesa? – ela se dirige a Greg.

Greg bufa derrotado e em fim guarda a porcaria do celular para seguir em direção ao taxi e tirar sua mala.

Só agora, que eu tivera tempo para realmente parar, pude observar a minha volta.

A antiga casa de Jhonatan, a mesma da qual eu frequentara várias vezes para lhe fazer companhia, continuava praticamente à mesma. A não ser apenas pela pintura que antes era bege e agora fora substituída por um amarelo de cegar os olhos. Por incrível que pareça as plantas ainda ornamentavam a frente da casa e o banco em balanço continuava - agora pintado de branco - ao lado da porta de entrada.

Jhonatan suspira ao meu lado.

- Lar doce lar. – ele pronuncia a tão conhecida frase.

Meus olhos são desviados quase que por vontade própria para a casa ao lado. Meu coração dói no peito ao ver a casa em que eu morara por tão pouco tempo.

Sua cor também mudara. O branco fora substituído pelo vermelho escuro. O cercado baixo de madeira que antes rodeava a casa dera lugar a muros altos fazendo-a parecer uma fortaleza. Não pude ver direito, mas tinha quase certeza que um carro estava estacionado lá dentro.

Alguém estava morando ali.

Como se para confirmar percebo certos movimentos na varanda e então o pequeno portão se abre expondo uma mulher loira de cabelos longos e cacheados, corpo curvilíneo vestindo apenas um vestido florido na altura dos joelhos. Tão linda de dar inveja.

Ela carregava algumas sacolas que pareciam pesadas em seus antebraços e se atrapalhou um pouco para fechar o portão.

Jhonatan tosse ao meu lado quase engasgando. Então a tal mulher, ouvindo-o, vira o rosto em nossa direção e arregala os olhos.

Amor de amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora