Amor de amigo

Parte 36: Sentimento de culpa

                                                                                      Jhonatan

Estava cada vez mais difícil fechar os olhos durante aquela noite. O beijo de Dora não saia de minha cabeça e a culpa inundava meu peito de tal forma que mal conseguia respirar. Não parava de pensar em Melany também e no que ela faria se descobrisse.

Eu sou um idiota por não perceber as intenções de Dora. Era óbvio que ela tentaria alguma coisa como em todos os anos. Mas achei que com a presença de Melany as coisas mudariam.

Mas é claro, ninguém sabia que estávamos juntos. E eu como um tolo não contara a ninguém o que deveria ter contado há muito tempo.

A culpa é inteiramente minha.

Depois de esperar alguns minutos por Melany na varanda – depois que Dora fora embora – decidi por fim que ela não viria. Então fui ao seu quarto para me certificar que estava tudo bem e articulei por um momento se ela não teria presenciado a cena toda. Isso me causou calafrios e uma dor de cabeça que não passara até agora.

Ela estava dormindo. Não se mexia o que provava sua inconsciência. Então decidi pensar que ela estava cansada demais para se encontrar comigo.

Por fim agora eu me via numa luta interna, tanto de sentimentos quanto de decisões. A pior decisão seria se eu contaria a ela ou não.

Seria eu um traidor se não contasse?

A quem eu queria enganar? Eu já sou um traidor!

Logo eu que prometi nunca magoá-la.

Depois de mais um tempo olhando para o teto finalmente decidi deixar as coisas como estavam. Foi só um beijo, sem qualquer significado para mim. Não havia motivos para preocupá-la e eu não poria o nosso relacionamento em risco por isso. Então o melhor a se fazer é esquecer.

Já eram sete horas da manhã. A hora passara sem que eu tenha percebido e mal notara a fraca luz do sol que agora atravessava a cortina.

Não me importei com o que eu estava vestindo, nem com minha característica habitual de quando eu acordava, apenas me desviei de Greg que ainda dormia no chão e sem pensar duas vezes segui rumo ao quarto de Melany.

Eu precisava vê-la.

Abri a porta lentamente e espiei por ela para ter certeza que Hilary não estava acordada. Porem outra coisa me chamou a atenção.

A cama que deveria ser ocupada por Melany estava arrumada e vazia. Hilary ainda dormia no chão.

Escancarei a porta e olhei em volta a procura da mala de Melany. Não estava em nenhum lugar. As roupas que deveriam ocupar o guarda-roupa também estavam ausentes.

- Hilary! – chamei ainda de olhos arregalados para o guarda-roupa

Meu coração pulsava forte no peito e minha respiração se esvaia.

- O que? Que foi? – Hilary se senta no colchão abruptamente e esfrega os olhos. – Ah, Jhonatan, pelo amor de Deus, o que está fazendo aqui? – pergunta ao focar os olhos em mim.

- Cadê a Melany?

- Está dormindo ora.

- Não, não está.

Hilary ergue uma sobrancelha e depois olha para o lado. Também arregala os olhos ao perceber a cama vazia.

- Ela deve ter acordado cedo, saído pra dar uma volta. Sei lá. Ou pode estar na cozinha ajudando sua mãe.