Parte 28: Por trás da provocação

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Jhonatan ainda estava de olhos fechados quando entrei. Um curativo cobria boa parte da sua testa ao lado direito. O braço também continha curativos, mas estes eram pequenos. Estremeci ao ver aquilo.

Ele só abriu os olhos quando deslizei minha mão em seu rosto. Foi um alívio ver aqueles olhos castanhos.

- Graças a Deus você está bem. – digo e me inclino sobre ele para envolvê-lo com meus braços e encostar minha cabeça em seu ombro.

As lágrimas voltaram a cair, mas desta vez eram de emoção.

- Você é a Melany, não é? O médico falou que você era minha namorada. Espero que ele esteja certo. – Jhonatan diz próximo ao meu ouvido com a voz um pouco rouca.

Afasto-me de imediato e o encaro com uma expressão confusa. Ao constatar o que aquilo significava as lágrimas começaram a cair mais rápidas em meu rosto.

- Calma amor, é brincadeira. – Jhonatan se apressa em dizer ao perceber minha expressão assustada. Levanta uma das mãos para sustentar o meu rosto.

- Ai meu Deus, Jhon, não faça isso comigo. – digo e me seguro para não dar-lhe um soco no ombro que por sinal também estava enfaixado.

Ele ri.

- Eu nunca me esqueceria de você. Sabe disso. – diz e com um dedo afasta uma lágrima que insiste em deslizar por meu rosto. – Só que você vai ter que me ajudar com algumas coisas. Como, por exemplo, o que aconteceu exatamente para me fazer parar num hospital?

- A gente caiu. – respiro fundo para tentar conter as lágrimas. – Você pôs umas das mãos nas minhas enquanto pilotava a moto e acho que se desconcentrou um pouco porque a moto bateu em uma pedra e nos derrubou com ela. Eu não sofri muita coisa porque estava de capacete, mas você... Liguei para a ambulância assim que percebi que você estava desmaiado.

Jhonatan ainda continha a mão em meu rosto e acariciava minha bochecha levemente.

- Está tudo bem com você? – pergunta.

Assenti.

De repente Jhonatan arregala os olhos como se lembrasse de algo importante.

- O que fizeram com a minha moto? – pergunta ainda de olhos arregalados para mim.

Dou risada.

- Nós sofremos um acidente e você está preocupado com a moto? – pergunto.

- Não, estou preocupado com você, é claro. Mas você me disse que estava bem então agora quero saber da minha moto.

- O Terry a levou. Deixou no seu prédio. – digo ainda com uma risada.

Jhonatan suspira aliviado. E, com os olhos baixos e olhando para o lado, sua expressão fica séria. Depois ele volta a me olhar com a mesma expressão e afasta a mão do meu rosto para segurar a minha.

- Me desculpe. – diz. Parecia estar sentindo dor. – Poderia ter acontecido algo pior com você e a culpa seria toda minha. Não sei o que eu faria se te perdesse.

Aperto sua mão.

- Não se culpe. Eu não sei o que faria se perdesse você. Foi você quem bateu a cabeça e desmaiou. Fiquei apavorada quando te vi naquele estado no asfalto. Eu achei... Achei que... – e as lágrimas retornaram. Talvez eu as estivesse guardando para aquele momento porque o estoque de lágrimas parecia infinito.

- Ei. – Jhonatan também apertou minha mão e se mexeu desajeitadamente para tentar se sentar na cama. – Não chore. – disse e me puxou pela mesma mão para me abraçar.

Amor de amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora